Outrora, quando as plantações eram mais
diversificadas e, por conseguinte, a prática das grandes monoculturas
artificiais era reduzida, a
incidência de pragas e doenças era bem menor.
Em parte isto ocorria porque
ainda não se utilizavam intensamente os adubos químicos.
Na verdade, o uso de agrotóxicos é filho
direto da utilização dos fertilizantes sintéticos e do uso dos próprios
agrotóxicos, como pode comprovar o prof. Chaboussou na sua
teoria da Trofobiose.
Os adubos químicos além de atuarem
como biocidas, destruindo a
vida do solo, enfraquecem os vegetais (aumentando o seu tamanho e o seu
teor de água) tornando-os um "prato" para as pragas e doenças.
Até há pouco tempo, considerava-se que
as chamadas pragas nada mais eram do que um aumento brusco de um
determinado tipo de indivíduo fitófago, em virtude da extinção de seu
predador (fato geralmente
causado pelo uso de agrotóxicos).
À partir das pesquisas do prof.
Chaboussou, compreeendeu-se que a suscetibilidade da planta à pragas e
doenças também é uma questão de
nutrição ou de intoxicação.
A planta equilibrada em crescimento vigoroso ou em
descanso não é nutritiva para as pragas.
Estas não tem capacidade de fazer proteólise, não
tendo condições de decompor proteínas estranhas, só sabendo
fazer proteossíntese.
A praga necessita encontrar na planta
hospedeira alimentos como aminoácidos,
açúcares e minerais solúveis
ainda não incorporados em macromoléculas insolúveis.
Isto ocorre quando há inibição da
proteossíntese ou quando há
excesso de produção de aminoácidos (o que frequentemente ocorre com o
excesso de adubos nitrogenados).
A inibição da proteossíntese pode ser conseqüência do
uso de agrotóxicos ou de desequilíbrio nutricional da
planta. Chaboussou pesquisou e constatou que o
uso de agrotóxicos para debelar algum mal acarretava depois, um
ressurgimento piorado do mal.
Os agrotóxicos provocam modificações no
metabolismo das plantas, acarretando um enriquecimento dos líquidos
celulares ou circulantes em
açucares solúveis e aminoácidos livres, que, em excesso, não são
normalmente incorporados na proteossíntese.
Os insetos fitófagos são assim favorecidos em sua
alimentação.
O uso de agrotóxicos também age sobre a
composição dos vegetais, e sobre sua vida intima, modificando a relação
C/N (no caso dos herbicidas), no índice K/Ca (pesticidas) ou no
conteúdode aminoácidos
(fungicidas).
À esta dependência estreita
entre as qualidades nutricionais da planta e seu parasita, o dr.
Chaboussou chamou de "Trofobiose". Como diz o prof.
Lutzemberger: "Todo agrônomo ou agricultor experiente e observador sabe
que, quanto mais venenos se usa, mais praga aparece".
Agrotóxico é um nome genérico dado aos
venenos utilizados na
agricultura sob o pretexto de exterminar pragas e doenças. Existe o
eufemismo "defensivo" utilizado pelos que lucram com eles,
que longe de defender, envenenam e
poluem o meio-ambiente.
Os agrotóxicos podem ser:
pesticidas (ou praguicidas), fungicidas e herbicidas. Os pesticidas, mais
especificamente, subdividem-se em:
- Quanto à
finalidade:
aficida, ovicida, larvicida, raticida, formicida,
acaricida,etc.
- Quanto à maneira de
agir:
de ingestão, de
contato, microbiano, fumigante.
- Quanto à origem:
inorgânicos e orgânicos.
Ação dos
Agrotóxicos
- Ação de contato:
Caracteriza o
modo de ação de um pesticida
que age e é absorvido pela pele (tegumento) do inseto.
- Ação de ingestão:
Caracteriza o modo de ação de um pesticida que age e penetra no
organismo por via
oral.
- Ação de profundidade:
Caracteriza o modo de atuação
de um inseticida que tem ação translaminar, ou seja, que aplicado na face de uma
folha, exerce sua toxidez
contra insetos alojados inclusive na outra face da folha. Esta ação também pode ser
observada nos frutos, quando o pesticida
atinge o interior dos mesmos
por translocação, destruindo as larvas das moscas-da-fruta.
- Ação fumigante:
Caracteriza o
modo de ação de um pesticida
que age penetrando no inseto na forma de vapor através de suas vias respiratórias.
- Ação sistêmica:
Ação que é
exercida por um pesticida que
é absorvido por uma planta e translocado em quantidades suficientes
para tornar o local de translocação
tóxico para os insetos por um
tempo ilimitado.
Os pesticidas inorgânicos foram muito
utilizados no passado, mas atualmente não representam 10% do total de
pesticidas em uso. São eles os produtos arsenicais, os fluorados e os compostos
minerais que agem por contato matando a praga por
asfixia. O prof.
Chaboussou conta que a substituição dos arsenicais pelo DDT, no tratamento de pomares e vinhas
na Europa e EUA, acarretou em
uma super-infestação de insetos fitófagos até então inofensivos.
A vantagem dos produtos que agem por
ingestão, é que apenas a
praga em questão é afetada, porém a desvantagem está em que estes produtos
se acumulam nos tecidos orgânicos e são de longa persistência no
ambiente.
Os pesticidas orgânicos compreendem os de
origem vegetal e os
organo-sintéticos. Os primeiros, também muito utilizados no passado, são
de baixa toxidade e de curta permanência no ambiente (como p.ex. o piretro e a
rotenona). Os organo-sintéticos se subdividem em
clorados, cloro-fosforados, fosforados, carbamatos e
fumigantes:
Em 1978 foi feito pelo Instituto
Biológico de São Paulo
(Brasil) em cooperação com a CEAGESP e o CATI, um monitoramento de
resíduos de agrotóxicos nos produtos hortícolas. O trabalho indicou, na
época, que 7% das frutas e 13% das hortaliças apresentavam resíduos
acima do permitido. Outro estudo feito
em 1985 mostrou que o teor de resíduos tinha aumentado para 13% nas
frutas.
Em 1984 o ITAL de
Campinas (São Paulo, Brasil) fez uma pesquisa sobre a contaminação em alimentos
industrializados, e os resultados mostraram que 41% das 1.176 amostras analisadas
continham quantidade de
resíduos de agrotóxicos maiores que o permitido.
Classificação toxicológica dos venenos
agrícolas
- Classe toxicológica I (Rótulo
Vermelho):
Veneno
no qual se encontram substâncias ou compostos químicos considerados "altamente tóxicos"
para o ser humano.
- Classe toxicológica II (Rótulo
Amarelo):
Veneno
considerado "medianamente tóxico" para o ser humano.
- Classe toxicológica III (Rótulo
Azul):
Veneno
considerado "pouco tóxico" para o ser humano.
- Classe toxicológica IV (Rótulo
Verde):
Veneno
considerado "praticamente não-tóxico" para o ser humano.
"Dirty Dozen" ou "Doze Sujos" (ou ainda
"Dúzia Suja"), foi como ficaram sendo mundialmente conhecidos os agrotóxicos mais nocivos, que
são:
o DDT, os "Drins" (Endrin, Aldrin e
Dieldrin), Clordane e
Heptacloro, Lindane, Gama BHC, Parathion, os monocrótofos (Azodrin,
Nuvacron), Aldicarb (Temik),
Clordimeform (Gelecron, Fundal), o 2-4-3T (o "Agente Laranja"), o EDB, o
DBCP, Paraquat e os
fungicidas à base de mercúrio.
Até meados de 1985 já estavam proibidos em mais de 50 países.
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