- Chapada dos Veadeiros -
ALTO PARAÍSO - É no povoado de São Jorge, onde os
moradores recusaram luz elétrica nas ruas para não perder a beleza das noites
estreladas, que se localiza o portal da maior atração da Chapada: o Parque Nacional da
Chapada dos Veadeiros. Criado em 1961 por Juscelino Kubitschek, o parque, então com 625
mil hectares, foi perdendo terreno ano a ano, até chegar, em 1981, à área que possui
hoje: 70 mil hectares.
A cada passo, o visitante fica mais deslumbrado nesse local administrado pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e considerado um
modelo de parque. A vegetação nativa preservada é um festival de cores e espécies. A
fauna típica não deixa por menos: veados-campeiros, lobos-guará, emas, siriemas e
vários tipos de pássaros podem ser vistos em abundância.
Para conhecer todas as riquezas que a natureza concentrou no parque é preciso ter muita
disposição e energia. Só os amantes do ecoturismo, com ânimo para longas caminhadas
por trilhas íngremes e sob um sol inclemente, vão apreciar o programa como se deve.
A melhor época do ano para a prática de trekking no parque vai de abril a setembro,
período de seca. A temperatura está mais amena, chove pouco e as pedras não estão nem
escorregadias nem quentes, o que evita tombos e queimaduras.
Parceria
- Uma visita ao parque exige mais de um dia. Como as trilhas são longas e gastam muito tempo, só é permitida a entrada até o meio-dia. A saída deve ocorrer até as 17 horas. O ingresso custa R$ 3,00 por pessoa. O controle e a orientação dos passeios são feitos pelos guias, que atuam em parceria com o Ibama.
A maior parte dos 103 guias da Associação de Condutores de Visitantes da Chapada dos
Veadeiros (ACV-CV) é formada por ex-garimpeiros, que viram com a criação do parque o
fim do seu sustento. O ecoturismo foi a solução. Treinados e unidos pela associação,
os condutores são exigência obrigatória para qualquer passeio pela chapada.
"Procuramos aliar a conservação da natureza à qualidade de vida da
comunidade", explica o diretor do parque, Adílio Valadão.
Tanto no parque quanto nas áreas particulares de visitação, os condutores têm de
acompanhar as excursões. Assim, evitam acidentes, protegem a natureza e ganham um troco -
sua diária mínima é R$ 30,00.
Preparo físico
- Programe um dia só para conhecer os dois saltos do Rio Preto.
Levante cedo - o distrito de São Jorge fica a 36 quilômetros de Alto Paraíso, por
estrada de terra - e, quando chegar ao parque, escolha a trilha que passa pela Pedreira,
onde as águas do Preto formam vários pocinhos rodeados de rochas. É difícil conter a
vontade de pular na água. Provoque o calor um pouco mais e deixe o mergulho para o Salto
1, uma imensa piscina natural límpida, mas escurecida por partículas de óxido de ferro,
resultantes de uma queda de 80 metros.
Para chegar ao local é preciso enfrentar seis quilômetros em um percurso escorregadio,
repleto de pedregulhos, e passar antes pelo Salto 2. A recompensa é a vista do paredão
rochoso de cor cinzenta onde começa o segundo salto, uma queda de 120 metros, grandiosa e
bela. Ali não é possível mergulhar.
A volta não é para qualquer um. Exige um esforço considerável, pois a subida é
íngreme e difícil. É comum ver pessoas se sentir mal, com tonturas e desmaios. O
aconselhável é que só faça a trilha quem tem preparo físico suficiente para até
três horas de caminhada. Os que se consideram menos resistentes devem fazer o passeio que
leva à Cachoeira das Cariocas.
Esta trilha oferece uma caminhada mais leve, de cerca de uma hora e sem tanta subida. Os
canyons são paredões de rocha de 20 metros de altura. O Rio Preto corre ao longo deles.
Seguindo pelas margens do rio, as Cariocas se apresentam, com suas quedas de mais de 10
metros de altura, praias de areia grossa e piscinas naturais.
Pólo e mergulho
- Quem encara esforços mais radicais do que uma simples caminhada pode curtir as Cachoeiras de São Bento e João de Mello. As duas são particulares, mas ficam perto da estrada que leva a São Jorge. Ambas, infelizmente, estão fechadas atualmente para recuperação da área, degradada pelas visitas feitas sem controle.
Na primeira, as quedas d'água formam uma enorme piscina. A boa profundidade transformou a São Bento, situada a 10 quilômetros de Alto Paraíso, num lugar ideal para a prática do pólo aquático. Campeonatos já foram disputados ali. Uma bela gruta, por onde se entra nadando, também faz a alegria dos visitantes. Já a João de Mello, a 17 quilômetros de Alto Paraíso, comprada recentemente pela atriz Maria Paula, ganhou fama como um excelente local para mergulhos. (R.R.)