Bem, aí estamos nós
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Maracanã-1973
(Maracanã Stadium-1973)

Uma velha amizade
An old friendship
João Areosa

É uma velha e forte amizade. Uma amizade que começou nos anos 60, mais exatamente em 1968. Eu, um repórter quase iniciante do grande Jornal do Brasil; o Chirol, um treinador e preparador físico que servia ao Botafogo e à Seleção Brasileira.
Já se passaram quase trinta anos e tudo aconteceu como se houvesse ocorrido ontem pela manhã. Falar desta amizade é até difícil, pois cada lembrança, cada recordação, me traz uma forte emoção, transformando o ato de escrever num árduo exercício. Os dedos passam pelas teclas e o raciocínio não acompanha.

De repente, estes quase trinta anos se misturam e se atropelam em muitas histórias, histórias de todos os teores. Houve momentos tristes ? Claro que sim, mas o curioso é que a nossa amizade nunca foi tocada por estes instantes, a maioria acontecida no terreno esportivo.
Uma questão de afinidade difícil de explicar e que afetou minha obrigatória imparcialidade jornalística. Não me arrependo.

Uma derrota do Chirol era uma derrota minha também. Mesmo fora do campo de luta, perdi jogos e títulos. Ganhei muitos também. Na realidade ganhei mais do que perdi. Quando meu amigo festejava o título de 1970, em gramados mexicanos, eu festejava junto, mesmo há milhares de quilômetros e à frente de uma tela de TV.
Fui campeão sem nunca ter sido.

Quando o Chirol lamentou o título perdido em 74, eu saí de campo arrasado, e sem jamais ter pisado naquele gramado que pertenceu ao time holandês.

Ele foi bicampeão com o Botafogo, eu também  fui, mesmo sendo simpatizante do Flamengo. Quando ele ganhou com o Flamengo, venci duas vezes.Nossas famílias ficaram amigas. Nossos filhos brincaram - e brigaram - juntos.Rimos muito, sofremos o suficiente. E temos muito a rir e a sofrer ainda.

Em 1968, ganhei um irmão e tenho um profundo orgulho disso.

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english version

It is an old and strong friendship. A friendship that began in the sixties, more exactly in 1968. Me, a reporter almost beginner of the great Jornal do Brasil; Chirol, a trainer and physical coach working in the club Botafogo and in the Brazilian National Team.
Thirty years and everything happened as if it had happened yesterday. To speak of this friendship is to difficult, because each memory brings me a strong emotion, transforming the act of writing in an arduous exercise. The fingers go by the keys and the mind doesn't follow them. Suddenly, these thirty years are almost mixed and they are run over in a lot of histories, histories of all kinds.
Were there sad moments? Of course yes, but the curious is that our friendship was never played by these instants, most happened in the sporting land. A likeness subject difficult to explain.
A defeat of Chirol was also my defeat. Even out of the fight field, I lost games and titles. I also won many. In fact I won more than I lost. When my friend celebrated the title of 1970, in Mexican fields, I also celebrated, even to thousands of miles and ahead of a screen of TV. I went champion without never to have been. When Chirol lamented the title lost in 74, I leave the field defeated, and without never to have stepped in that lawn that belonged to the Dutch team.
He was champion with Botafogo, I also went, same being sympathetic of the Flamengo. When he won with the Flamengo, I celebrate twice. Our families were friends, our children played - and fought - together. We laughed a lot, we suffered enough. And we have a lot to laugh and to suffer still. In 1968, I won a brother and I have a deep pride of that.

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