|

A Cesar o que é de Cesar
Uma vitória indiscutível e absolutamente justa. A superioridade do elenco do Vasco ficou evidente na decisão. Os oportunistas e derrotados de sempre sabiam disso e durante todo tempo pregaram a vitória do São Caetano no tapetão.
Foi a vitória do melhor, do mais forte, do que investiu mais na contratação e renovação de seu elenco. Seria uma insanidade tirar o título do melhor, para entregá-lo de mão beijada a uma equipe inferior, só porque boa parte da mídia e os torcedores dos outros times do Brasil “decidiram” que o incidente de São Januário foi provocado pelo clube.
Nesse raciocínio, é de se perguntar: será que o incêndio no Projac foi provocado pela diretoria da Globo?
Acidentes acontecem em qualquer lugar do mundo e os inimigos de Eurico se aproveitaram da queda do alambrado para tentar aplicar o golpe sujo no Vasco. Chego a imaginar hoje, de cabeça fria, se aquela briga na torcida em São Januário não teria sido iniciada por provocadores interessados em melar a vitória cruzmaltina.
Curiosamente, hoje ninguém mais fala da superlotação em São Januário, depois que os borderôs provaram o contrário. Ninguém mais acusa o Vasco de ter optado por jogar a final em São Januário, quando ficou provado que o Maracanã realmente estava em obras.
É fácil , em nosso país, sair denunciando e publicando meias verdades ou informação de “ouvir dizer” e “achismos”. É o denuncismo próprio dos covardes que têm na mão o poder de divulgar o que querem e achincalhar pessoas e instituições impunemente.
Felizmente o bom senso prevaleceu e a decisão foi no campo, com a bola rolando e aí...bem, aí venceu o melhor.
Agora, os derrotados de sempre usam os argumentos mais infantis para justificar a derrota no campo de jogo.
Estão dizendo que o São Caetano não teve tempo para treinar, que os jogadores estavam desmotivados por estarem contratados por outros clubes. Por acaso, os do Vasco tiveram mais tempo para treinar? E onde teriam conseguido mais motivação, mesmo com alguns do elenco também negociados com outros clubes? Se esquecem os derrotados que a média de idade do time do Vasco é bem superior à do São Caetano? E o calor, que alegam ter prejudicado o time paulista, não foi o mesmo nos dois lados do campo?
A bem da verdade, será que os do Vasco não teriam sofrido até muito mais pressões por parte da mídia, impiedosa e cruel em relação aos assuntos do Vasco? Mídia que tentou jogar Juninho, o pernambucano, contra o restante do elenco por ter rompido a mordaça e falado com a imprensa?
Meus amigos, apesar do que dizem os derrotados de sempre, esse talvez tenha sido o mais democrático de todos os campeonatos brasileiros, pois reuniu 116 equipes e deu chance a um pequeno clube paulista, vindo da segunda divisão, de chegar à disputa final contra um dos maiores times do Brasil, um clube que acumula agora quatro títulos nacionais.
O São Caetano foi longe, eliminou grandes equipes, foi um time de bravos combatentes e fez história ao conquistar um vice-campeonato nacional. Seus torcedores sabem disso, estão conformados, e fizeram a festa na cidade apesar da derrota.
Inconformados estão os derrotados e oportunistas de sempre que agora têm que engolir muito do que disseram e inventar desculpas para desvalorizar o feito vascaíno. Não fosse óbvio demais, eu diria que futebol se joga nas quatro linhas e ficou provado no campo a superioridade de uma equipe sobre outra.
Os deuses do futebol estão em festa. Os santos convocados pelo São Caetano envergonhados assistiram de cabeça baixa a vitória do santo mais forte, São Januário.
UMA HISTÓRIA DE DESAFIOS ou CARLINHOS BROWN E O
VASCO
As declarações de Carlinhos Brown, depois de ser vaiado e agredido no famigerado Rock in Rio, me remeteram ao passado e me fizeram recordar um pedaço glorioso da história do Vasco.
E não há razão alguma para temer a união de todos contra o Vasco. Afinal, não é a primeira vez que isso acontece e é da adversidade que jogadores e torcedores vão criar forças para o desafio final.
Quem conhece a origem do futebol carioca sabe que a história do Vasco está recheada de desafios e conquistas épicas.
Quem dava as cartas no futebol do Rio eram Fluminense, Flamengo e Botafogo, todos da Zona Sul da cidade. O futebol era então um esporte praticado por jogadores de famílias ricas e filhos de ingleses, alimentados com o Toddy e o Playground da época, como diria o Carlinhos Brown.
Enquanto os riquinhos da zona tinham nomes pomposos como Welfare e Pullen, o Vasco chegava à primeira divisão, do futebol do Rio, em 1923, com Bolão, Ceci e Nicolino, todos negros. E já chegou campeão.
Imagine o desgosto dos patricinhos da época, um time do subúrbio, com jogadores negros estrear na primeira divisão e conquistar o título.
Não, isso não poderia fica assim. Então os riquinhos fizeram beicinho, bateram o pé no chão e gritaram: "não jogo, não jogo e não jogo, contra negros nós não jogamos". E criaram uma liga própria , fajuta, para não ter enfrentar os negrinhos do Vasco.
Era o Vasco contra o resto.
O que eles não esperavam era o crescimento incrível dos simpatizantes do Vasco , que em 1924 voltou a ganhar o campeonato carioca, para desespero dos "menininhos"da Zona Sul.
Nessa altura, por serem mais antigos, Fluminense, Flamengo, Botafogo e América já tinham seus estádios. E colocaram um novo obstáculo ao crescimento do Vasco. O time não poderia disputar campeonatos por não possuir estádio próprio. Mais uma vez, era o Vasco contra o resto.
Uma inacreditável campanha popular arrecadou fundos suficientes para a construção e em dez meses ficou pronto o histórico estádio de São Januário, inaugurado em 1927 e até 1949 um dos maiores do Brasil.
Esse pequeno trecho da história mostra que , mais do que um time de futebol, o Vasco tem que ser respeitado pelo importante papel que desempenhou em prol da democracia racial e em prol do próprio futebol brasileiro, que não seria o que é não fossem os jogadores negros, dos quais Pelé é o exemplo mais eloquente e, coincidência ou não, torcedor do Vasco.
Portanto, podem juntar todas as torcidas e todos os santos. O Vasco de São Januário está acima de todas as intrigas e perseguições.
A propósito, quem garante que o Cristo Redentor não é Vasco?
CARATER E DETERMINAÇÃO
Os torcedores do Vasco tiveram recentemente uma grande alegria e uma grande decepção. Bater o Flamengo por cinco a um foi a glória
suprema. Uma glória que deveria se prolongar por um bom período. A páscoa foi completa e o Maracanã saboreou um dos maiores chocolates de que se tem notícia na história do clássico.
Só que o gostinho do chocolate acabou logo e deu lugar ao gosto amargo da derrota. Pouco mais de um mês depois, o Flamengo revidou com dois golpes fulminantes e levou o campeonato carioca de 2 mil.
Perder não é o pior. Pior é perder do jeito que foi.
No primeiro jogo, o Flamengo meteu 3, de maneira humilhante. O Vasco simplesmente não jogou.
Foi a primeira vez que vi no futebol um time com apenas dois setores. Ataque e defesa. Os jogadores de meio campo não apareceram (ou não tiveram talento para aparecer). Parecia a final da Copa da França. Lembra?
Sem meio campo, a bola não chegava ao ataque, onde estavam Romário e Edmundo. Dois craques que falam linguas diferentes.
Sozinhos, podem decidir uma partida.
Juntos, entretanto, fizeram ruir o sonho de um campeonato que parecia extremamente fácil. As piores atuações do Vasco foram aquelas em que os dois foram escalados juntos.
Um time com muitas estrelas e pouco futebol.
No segundo jogo, o time já entrou derrotado.
Como diria o velho Saldanha, a torcida, que não é trouxa, não deu as caras.
Romário, que poderia ter sido poupado do primeiro jogo, já que o segundo é que decidiria, não pode jogar.
Edmundo foi afastado, com a promessa de nunca mais vestir a camisa do Vasco. O comando também mudou.
Saiu o tapa-buraco Alcir e o pobre do Tita entrou numa situação de desespero. Não havia muito o que fazer.
O temperamental Felipe parecia um possesso em campo e acabou justamente expulso.
E desarticulou o pouco futebol que o time mostrou no primeiro tempo.
Ficou provado, mais uma vez , que nem sempre um time de craques é o que ganha.
É preciso muito mais que isso.
Caráter e determinação são qualidades imprescindíveis para quem quer vencer.
Não importa a atividade.
E foi isso que faltou ao time do Vasco.
Agora é hora de se perguntar ao Eurico Miranda o que está acontecendo.
Transformar o Vasco numa potência é ótimo. Mas a paixão do torcedor é o futebol.
Eurico merece o respeito do torcedor vascaíno.
Talvez tenha sido o maior dirigente de clube de futebol que o Brasil conheceu.
Eurico levou o time a inúmeras conquistas e resgatou o prestígio do Vasco no país e no exterior.
Mas o uso do cachimbo faz a boca torta.
E Eurico, de tanto mandar e desmandar, de acertar e errar, já não tem condições de dirigir o futebol do Vasco. Ele deveria vir a público e assumir a culpa por todos os erros.
E foram muitos os erros depois da conquista do Brasileiro de 97.
Uma forma de homenagear Eurico seria deixá-lo à frente dos esportes olímpicos.
Mas o comando do futebol precisa ser reformulado com urgência.
A torcida exige uma prestação de contas e uma tomada de posição imediata.
E-Mail para esta coluna: eliakim@worldnet.att.net
___________________
Eliakim Araujo é jornalista
e radialista registrado
no Rio de Janeiro. Eliakim
mora atualmente
em Miami.
[ colunas] [ página principal]
|