A história é repetida por todos da minha geração. A oração começa assim: "eu era um garoto, em 1950, quando vi o Brasil ficar em silêncio e chorar".
Pois eu era realmente um menino em 1950. Não havia televisão e fora as quase duzentas mil pessoas que lotaram o estádio do Maracanã, o resto da população brasileira se agarrava ao rádio. Brasil e Uruguai decidindo a Copa do Mundo.
O resto da história todos sabem.
Uruguai dois, Brasil um.
Silêncio.
Dizem que o estádio fez um silêncio reverente. Embora profundamente triste, reverente.
Homenagem à raça dos uruguaios, que já naquela época mostravam que os campeões são forjados no calor do próprio suor. 
Até hoje desconfio que não houve reverência alguma. Houve, sim, um estado de choque coletivo, um silêncio ensurdecedor, algo semelhante aos dramas do cinema mudo, com a legenda estampada no placar : Brasil  1 x 2 Uruguai.
Nossos jogadores choraram junto com o povo.
Oito anos depois, os jogadores voltaram a chorar. Desta vez de alegria. Choraram em 1958, voltaram a chorar em 62  e choraram novamente em 70 e 94.
Choraram as lágrimas abençoadas dos campeões.
E as imagens, como sempre, falam melhor do que as palavras.




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1) O chefe da deleção, Paulo Machado de Carvalho, e Zagalo (1958)
2) Gilmar com Paulo Machado de Carvalho e Nilton Santos(1958)
3) Pelé, que ficou fora da maioria dos jogos, entra em campo para chorar com Nilton Santos(1962).
4) Gerson, nosso "canhota de ouro", é abraçado por Admildo Chirol (1970)

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english version

The history is repeated by everybody of my generation. The sentence begins like this: " I was a boy, in 1950, when I saw Brazil to be in silence and to cry ".
And I was really a boy in 1950. There was not television and except the almost two hundred thousand people that allotted the stadium of Maracanã, the rest of the Brazilian population held on to the radio. Brazil and uruguai deciding the Cup of the World.
The rest of the history everybody knows.
Uruguay two, Brazil one.
Silence.
They say that the stadium made a reverent silence. Although deeply sad, reverent.
Homage to the determination of the Uruguayans, that already in that time showed that the champions are wrought in the heat of own perspiration. 
Until today I distrust that there was not any reverence. There was, yes, a state of collective shock, a deafening silence, something similar to the dramas of the dumb movies, with the legend printed in the score-board: Brazil  1 x 2 Uruguay.
Our players cried with the people.
Eight years then, the players cried again. Of this time of happiness. They cried in 1958, they cried in 62  again and they cried again in 70 and 94.
They cried the champions' blessed tears.
And the images, as always, they speak better than the words.

The captions
1) the chief of the brazilian delegation, Paulo Machado de Carvalho, and Zagalo (1958)
2) Gilmar with Paulo Machado de Carvalho and Nilton Santos(1958)
3) Pelé, that was out of most of the games, enters in field to cry with Nilton Santos (1962).
4) Gerson, our " left-handed of gold " with Admildo Chirol (1970)

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