Planeta HQ

Edição #01

por Paulo Dias e Gustavo Mascarenhas

 

T-BOLTS : A MELHOR SURPRESA DO ANO

 

Título : Thunderbolts

Edições Comentadas : #10 - #14

Editora : Marvel Comics

Equipe Criativa : Kurt Busiek, Mark Bagley, Vince Russel e Scott Hanna

 

Antes da décima edição....

Com o final da saga "Onslaught", os principais heróis Marvel (como Os Vingadores e o Quarteto Fantástico) foram enviados para uma "realidade alternativa", onde tiveram suas origens recontadas por Jim Lee e Rob Liefeld. Durante este período, a Terra ficou órfã de seus principais heróis. Kurt Busiek, que já havia provado seu talento em títulos como "Untold Tales of Spider Man" ("Arquivos Secretos do Homem Aranha") e "Marvels", aproveitou a deixa para criar o mais novo grupo de super heróis, os Thunderbolts.

Em Fevereiro de 97 surgia em toda as Comic Shops americanas "Thunderbolts" #1, onde Busiek, ao lado de Mark Bagley (que abandonou quase cinco anos no título "Amazing Spider Man" por esse novo projeto) surpreendia a todos no mundo dos quadrinhos, ao revelar que os supostos "novos heróis Marvel" eram na verdade os "Mestres do Mal" (antigos inimigos dos Vingadores), que liderados pelo Barão Zemo (agora sob a identidade de "Citizien V") ganharam a confiança da população e das autoridades Nova Iorquinas, chegando a se instalarem no "Four Freedoms Plaza" (antigo QG do Quarteto). A equipe, formada por Techno (antigo Fixer), Match One (Beetle), Songbird (Screaming Mimi), Atlas (Goliath) e Meteorite (Moonstone), começou a complicar seus planos quando se viu forçada a aceitar a inocente heroína Jolt entre suas fileiras, tendo que viver suas falsas identidades não só em público, mas vinte e quatro horas por dia. Durante todo esse período ninguém suspeitou dos Thunderbolts, a não ser a Viúva Negra.

 

Daí por diante....

Ao mesmo tempo em que os grandes heróis retornam do universo paralelo, a verdadeira identidade dos T-Bolts é revelada ao público pela S.H.I.E.L.D., e praticamente todos os heróis residentes em Manhattan cercam o "Four Freedoms" na tentativa de prender os vilões. Para o espanto geral, o líder da equipe já tinha todo o plano traçado, fugindo com seus comparsas em uma nave e explodindo a antiga residência do Quarteto. Jolt, que segundo os planos de Zemo seria deixada para trás como uma vilã perante os olhos do público, embarca escondida na nave, e parte junto com seus ex-"companheiros".

O plano de Zemo consistia em dominar as mais poderosas mentes do mundo através das redes de computadores, e é o que acaba acontecendo. Jolt convence Mach One, Songbird e Meteorite a se voltarem contra o Barão, Techno e Atlas (que depois acabou se unindo, relutantemente, aos demais). Zemo, através de seu controle mental, transporta até a nave Os Vingadores e o Quarteto para derrotarem os desertores. A batalha entre eles termina com os heróis recuperando a consciência, e Zemo e Techno se safando com a ajuda de Atlas, que juntamente com os outros Thunderbolts desaparece misteriosamente no momento em que decidiam se entregar aos "bons mocinhos".

Transportados para um planeta alienígena, chamado Kosmos, de onde Atlas já havia fugido anteriormente com a ajuda do Barão Zemo, ele e o restante dos Thunderbolts são aprisionados e condenados à morte. Meteorite consegue barganhar a liberdade do grupo pagando um preço alto, pois ela acaba matando o imperador do planeta, com a ajuda de Mach One e Songbird, que começam a ficar "desconfortáveis" com as atitudes de sua companheira.

 

O que nos parece...

Com o segredo revelado, a ação tomou conta do título, e apesar do plano do Barão Zemo parecer megalomaníaco demais, foi bom que Busiek não tenha ‘enrolado" muito a resolução desse primeiro grande conflito, provando que têm talento e competência para criar novas situações interessantes, capazes de fazer a série se movimentar daqui por diante, mantendo todos os fãs conquistados durante o primeiro ano.

Os personagens estão cada vez mais "amadurecidos", o autor tem tornado a indecisão deles em relação a ser herói ou voltar a ser vilão o grande atrativo do título, e o fato de não serem aceitos nem pelos heróis e muito menos pelos vilões (que os consideram traidores) faz deles verdadeiros renegados, tornando suas decisões mais complicadas, e por isso mesmo mais interessantes. Outro fator de grande importância são os relacionamentos amorosos, tanto o de Mach One e Songbird, quanto o de Atlas e Dallas Riordan (secretária do prefeito de Nova York), que acabou sendo um dos motivos que mais pesaram na decisão do ex-vilão de se regenerar.

No final das contas, Thunderbolts é um dos melhores títulos publicados pela Marvel atualmente, não só pelo argumento esperto e inteligente do fantástico Kurt Busiek, que atualmente também escreve além de Astro City (título ainda inédito no Brasil), Iron Man (o Homem de Ferro) e Avengers (Vingadores), mas também pela arte de Mark Bagley, que nem em seus melhores dias de Aranha chegou perto de seu trabalho nessa revista. Para o futuro, a expectativa fica por conta do retorno do Barão Zemo e do que esta volta vai acarretar, além de como o grupo vai se situar dentro do universo Marvel. Busiek anda dizendo por aí que quem se surpreendeu até aqui com o grupo, ainda não viu nada, já que ele tem em mente coisas que ninguém jamais poderia imaginar. Só há um porém : o dia em que Busiek resolver abandonar os T-Bolts é difícil que ele sobreviva por muito mais tempo, mas até lá continuará sendo leitura obrigatória para todo e qualquer fã de quadrinhos.

 

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