Edição #02
por Paulo Dias e Gustavo Mascarenhas
A LIGA DA JUSTIÇA EM DECLÍNIO
Título : JLA
Edições comentadas: # 10 - #17
Editora: DC Comics
Equipe Criativa: Grant Morrison, Howard Porter, John Dell, Greg Land, Gary Frank, Bob McLeod, Arnie Jorgensen, David Meikis e Mark Pennington
Antes da Décima Edição.....
Em Janeiro de 97, a DC Comics resolveu relançar a Liga da Justiça, uma revista que havia sido cancelada várias vezes, e que após um estrondoso sucesso na década de oitenta, foi sendo cada vez mais super exposta até se tornar mais uma na lista de títulos cancelados da DC. A Liga da década passada, produzida essencialmente pela dupla J.M.DeMatteis e Keith Giffen, primava pelo humor, por isso podia se privar de alguns "pesos pesados", dando espaço para personagens como Besouro Azul, Gladiador Dourado e Guy Gardner, que levavam os leitores a presenciar situações hilárias. Mas nessa nova versão, a coisa era mais séria, e por isso foi a vez dos grandes ditarem as regras: Super Homem, Batman, Mulher Maravilha, Flash, Lanterna Verde, Aquaman e Ajax. Estava formada a nova Liga da Justiça de Grant Morrison, Howard Porter e John Dell.
A primeira grande ameaça a ser combatida por eles foi a invasão de um grupo de marcianos conhecidos como Hyperclan, que após capturar todos os membros do grupo, é derrotado por Batman, o único remanescente, que de uma forma incrivelmente simples resolve o problema. Em seguida, o grupo recebe seus primeiros novos membros. Tomorrow Woman, apesar de ter sua passagem pelo grupo narrada de forma acelerada (apenas na edição #5), providenciou uma das melhores histórias da série, até mesmo por ser a única não contada através de várias edições, e Zauriel, um anjo que se rebelou contra seus parceiros no céu e pode ser considerado o melhor acontecimento até agora, protagonizando o antológico conflito entre o céu e o inferno. Nas duas edições seguintes, temos Connor Hawke, o novo Arqueiro Verde, ingressando no grupo, após salvá-los das mãos do vilão conhecido como "The Key".
Daí por diante...
Anunciada como a grande saga do primeiro ano da revista JLA, as seis partes de "Rock of Ages" (#10-#15) foram um amontoado de fatos e um desfile de vilões. A entrada de Aztek (personagem de Grant Morrison que não deu certo em seu título próprio e nem na Liga) e o retorno da "Injustice Gang" (com Lex Luthor, Coringa, Mestre dos Espelhos, Mestre dos Oceanos, Doutor Luz e Circe) não ajudaram no desenrolar da saga que teve também Darkseid e Metron. Ao mesmo tempo em que a "Injustice Gang" tentava derrotar a JLA com a "pedra filosofal", Metron colocava Flash, Lanterna Verde e Aquaman numa enrascada, enviando-os a um futuro onde Darkseid comanda a Terra. No fim, logicamente, tudo termina bem, menos para Connor Hawke, que se sente culpado por ter sido dominado pelos vilões e pede dispensa da equipe.
Após esses fatos mais um exagero. A Liga acrescenta mais novos membros: Barda, Órion, Homem Borracha, Aço, Caçadora e Oráculo. E não ficou só nesse exagero, anunciaram um novo vilão que seria o mais poderoso da DC. Prometheus (#16-#17) invadiu a base da JLA na Lua disfarçado, derrotou os quatorze membros um a um, para no final ser vencido pela Mulher Gato, que também se encontrava lá e disfarçada.
O que nos parece...
Cá para nós, não há nada melhor do que ver os sete maiores heróis da DC juntos e formando a gloriosa Liga da Justiça da América. Mas a editora não se contenta com isso. Ao ver a revista "JLA" entre as dez mais vendidas eles tinham que criar frutos e inchar o quadro de personagens. Em um ano e meio já saíram (ou vão sair nos próximos meses) dois anuais, quatro especiais, duas mini séries e uma super edição com 80 páginas. Isso tudo sem falar de "Young Justice", título mensal inspirado na Liga que traz "sidekicks" como Superboy, Robin e Impulse, que antes mesmo de estrear já teve um especial e uma mini série. É a mesma superexposição sofrida pelas versões anteriores da equipe, se não for pior. Nesse ritmo é cancelamento na certa.
O outro problema é a nova formação. Além de muito grande está cheia de heróis de segundo escalão. Zauriel não é de todo mal, mas Aço, Barda, Homem Borracha, Órion e Caçadora é dose para qualquer fã. Para Oráculo, ainda há uma desculpa, ela está lá para dar informações. A coisa ficou tão feia que nem os gênios de Grant Morrison consegue lidar com tanta gente. Para piorar o Super Homem tá com o já famoso "pijama azul" e Hipólita, a mãe de Diana, é a "nova" Mulher Maravilha.
Mesmo assim "JLA" ainda está entre os dez melhores títulos do mercado, com diálogos consistentes e desenhos magníficos de Howard Porter e John Dell. É esperar e ver o que acontece daqui para frente. Se a DC deixar Grant Morrison trabalhar sem interferências comerciais, vamos ter diversão por muitos anos.