Planeta HQ

Edição #05

por Paulo Dias e Gustavo Mascarenhas

 

WARNER COMPRA WILDSTORM DE JIM LEE

 

Mais uma vez, o mundo dos quadrinhos é surpreendido por uma notícia bomba. Jim Lee está negociando a venda da Wildstorm, até então um estúdio independente e pertencente a Image Comics, para a Warner Bros, em uma negócio onde nem os motivos e nem as bases contratuais estão bem esclarecidos. O mais importante de tudo, porém, é saber que um dos "carros chefes" da grande multinacional do entretenimento é uma das maiores rivais da Image e de Jim Lee, a DC Comics, proprietária de dois dos maiores "franchises" do mundo: Batman e Super Homem.

Segundo Lee, nenhuma mudança de grandes proporções será efetuada, já que as revistas pertencentes ao selo não serão lançadas com o logotipo da DC, e nem os personagens serão de direito da nova proprietária. Portanto, Gen 13, Wild C.A.T.S, Battle Chasers, Crimson, Danger Girl e outros continuam sendo de direito de seus respectivos criadores (uma das premissas básicas da Wildstorm e de toda a Image).Lee também vai continuar como um dos chefes do estúdio, mas não terá mais que se preocupar tanto com questões administrativas quanto antes, podendo exercer seu trabalho como desenhista, trabalho esse que o levou ao estrelato nas páginas de "The Uncanny X-Men" e "X-Men". Especula-se muito que o afastamento das pranchetas por motivos empresariais seja uma das principais razões do negócio, já que a revista de sua criação "Divine Right" vem sofrendo atrasos e mais atrasos, justamente pelo afastamento do dublê de escritor e desenhista.

Um dos primeiros problemas a surgir com esta notícia foi a complicação do projeto conhecido como "Moorverse" ou "ABC – America Best Comics", onde o aclamado escritor inglês Alan Moore criaria um universo completo dentro da Wildstorm, através da mini série "The League of Extraordinary Gentlemen" e de cinco novos títulos mensais, sendo eles "Tom Strong", "Promethea", "Top Ten" e "Tomorrow Comics". Notícias dão conta de que Moore teria ameaçado abandonar o projeto devido a uma antiga rixa com a DC, e que foi preciso o próprio Jim Lee viajar até a Inglaterra, para tranqüilizar pessoalmente todos os artistas britânicos, inclusive Moore, quanto ao futuro dos negócios, dizendo que eles só tratarão dos assuntos necessários com ele, sem a interferência da DC.

 

POUCOS "ALTOS" E MUITOS "BAIXOS

Essa não foi a primeira e provavelmente não será a última vez que a editora Image sofre um grande abalo com a saída de um de seus fundadores. Criada a mais de seis anos como um refúgio para os desenhistas que despontaram no início da década, com a intenção de se esquivarem das grandes editoras, que segundo os artistas os tornavam escravos de suas próprias criações, a Image parecia que vinha para ficar, como uma espécie de "terceira via", abrindo novas opções para o mercado, até então dominado exclusivamente por Marvel e DC. Mas assim como a qualidade das revistas publicadas, a coesão nunca foi o forte da editora do grande "I", chegando ao ponto do odiado Rob Liefeld, um de seus fundadores, ser expulso pelos demais por desacordos financeiros e incompetência criativa.

E justamente agora que a Image parecia tomar algum rumo, principalmente pelas grandes aquisições do Wildstorm e seus selos "Cliffhanger" e "Homage", contratando os grandes nomes do atual mercado americano, depois de anos "capengando" criativamente com altos e baixos (na verdade poucos "altos" e muitos "baixos"), esse rompimento pode comprometer o futuro da editora. A situação dos demais estúdios não fica muito diferente com isso. O "Top Cow" de Marc Silvestri já rompeu uma vez e, apesar de ter retornado, mostrou capacidade para tocar o barco sozinho, já que suas "ridículas" criações estão sempre entres as mais vendidas; Todd McFarlane fez tanto dinheiro com "Spawn" que é capaz de criar outra grande editora só para abrigar sua "criatura do inferno"; e Erik Larsen com seu "The Savage Dragon", apesar de ter um público pequeno (porém cativo), com certeza pode criar uma saída para qualquer situação, se levada em conta a capacidade de sua inventividade. Triste vai ser pensar que muitos pequenos autores que hoje publicam sob o que é chamado "Image Central" podem ter seus destinos prejudicados pelo desmembramento dos estúdios e o conseqüente enfraquecimento da editora.

Para os leitores, o que importa mesmo é saber que com o apadrinhamento da poderosa Warner, grandes autores como Alan Moore, Kurt Busiek, James Robinson e Warren Ellis, poderão ter todo tempo (e verba) para desenvolverem suas criações próprias, já que na DC isso não é possível (a não ser que você se chame Garth Ennis). Isso sem contar nos desenhistas do momento, J. Scott Campbell, Joe Madureira e Humberto Ramos que poderão ter suas criações, "Danger Girl", "Battle Chasers" e "Crimson" respectivamente, publicadas com mais facilidade aqui por "terras tupiniquins".

 

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