Jornalista Carlos Cardoso, assassinado a tiro em Maputo

 

Carlos Cardoso, editor e proprietário do jornal "Metical", foi, por volta das 18.40 horas de ontem
assassinado a tiro ao longo da Avenida Mártires da Machava, nas proximidades do Parque dos Continuadores, cidade de Maputo por dois desconhecidos que em seguida se puseram em fuga. O malogrado fazia-se transportar numa viatura de marca Toyota Corolla, com a chapa de inscrição MLN-06-04. Segundo testemunhas oculares, o seu automóvel foi bloqueado por duas viaturas ligeiras. Do primeiro carro saíram dois indivíduos, sendo um mestiço e outro
dnegro, todos munidos com espingardas do tipo AKM, que de imediato dispararam em rajada contra a vítima que perdeu a vida instantaneamente. O motorista do automóvel, Carlos Fabião mManjate, ficou gravemente ferido, tendo sido internado nos
Serviços de Reanimação do Hospital Central de Maputo. As autoridades policiais iniciaram aínda ontem a investigação com
vista a localização dos autores do crime. Em contacto com a nossa reportagem disseram ser prematuro avançar qualquer dado com relação ao assunto, tendo assegurado que tudo será feito para o esclarecimento do crime. Entretanto, o Primeiro Ministro, Pascoal Mocumbi, falando na noite de ontem ao "Notícias", condenou o assassinato de Carlos Cardoso,
considerando tratar- se de uma atitude chocante e que silencia uma voz que se distinguiu com a sua entrega,
na luta para uma informação séria e edicada, totalmente entregue à causa de uma informação responsável para o nosso
povo. "Carlos Cardoso sempre militou para que o nosso país se desenvolvesse e que todos beneficiem daquilo que estamos
a consentir como beneficio para que o país continue em paz e a desenvolver-se. É uma perda não só para o sindicato
nacional de jornalista que comemora o seu 4. aniversário neste dia, mas também uma perda para Moçambique. Só pode ser um acto barbaro de alguem que não quer o bem de Moçambique!". - ajuntou.
Carlos Cardoso abraçou o jornalismo em 1975, inicialmente trabalhou como profissional de informação na revista
Tempo, tendo depois passado sucessivemente pela rádio Moçambique e pela Agência de Informação de Moçambique no periodo que vai de 80 a 90, orgão de que foi director. Em 1992, Cardoso, juntamente com outros profissionaisda area, criou a Mediacoop (Cooperative de Jornalistas) na qual trabalhou até ter criado o Metical, onde exercia até agora a sua actividade. Á luz do novo quadro politico e social do país, o jornalista havia-se tornado membro da Assembleia Municipal de Maputo. Carlos Cardoso deixa viuva e dois filhos. Por esta perda irreparável, que se abateu sobre a
imprensa Moçambicana os jornalistas do "noticias" se juntam a todos os que condenam e repudiam este acto inutil e
macabro endereçando a familia enlutada as suas mais sentidas condolências.

 

Jornal "Notícias" de 23 de Novembro de 2000