HIPÓLITO DA COSTA
Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça, nasceu na antiga Colônia do Sacramento, Rio Grande do Sul, em 13 de agosto de 1774, para onde seu pai, o alferes de Ordenanças Félix da Costa Furtado de Mendonça, lavrador em Canguçu, fora destacado.
Formou-se em Direito e Filosofia pela Universidade de Coimbra, e mal saído da Universidade, em 1798, aos 24 anos, recebeu do governo português o encargo de estudar na República Norte-Americana, para aplicação no desenvolvimento do Brasil, a cultura das árvores nativas do cânhamo, tabaco, algodão, cana, índigo, arroz e, principalmente, da cochinilha; a formação de pastagens, a construção de pontes, moinhos e engenhos de água; a mineração, a pesca da baleia e o preparo do peixe salgado. Foi durante essa viagem que ele foi iniciado Maçom na Filadélfia.
Do encargo desempenhado acima escreveu seu "Diário de Viagem a Filadélfia", do que seria de se esperar de um bacharel em leis e filosofia, permaneceu até 1800 nesse país, ano em que foi nomeado diretor da Junta da Impressão Régia, ao lado de Conceição Veloso, o celebre frade naturalista. No exercício dessa função viajou para Paris e Londres, em 1801 e em 1802, em sua segunda missão oficial. De volta a Lisboa, em junho de 1802, foi preso e encarcerado pela Inquisição, por ser maçom e livre-pensador. Hipólito José da Costa., realmente, mantivera contatos com a Maçonaria Inglesa, para apoio e reconhecimento de uma pretendida Obediência Maçônica Portuguesa, que seria instalada em Lisboa em 1804, tendo, como Grão-Mestre, Sebastião José de Sampaio. Hipólito José da Costa foi preso pelo Corregedor José Anastácio Lopes Cardoso, que, a mando do Intendente Pina Manique, procurava achar alguma insígnia ou papel comprometedor entre seus pertences. Colocado, em segredo, na Cadeia do Limoeiro, ali ficou seis meses, sendo transferido depois para os cárceres da Inquisição. De onde conseguiu fugir, em 1805, com o auxílio dos Irmãos Maçons e amigos correligionários, auxiliados pelo Duque de Sussex, filho de Jorge III. Arrancado da prisão, ele refugiou-se no Convento de São Vicente de Fora, sendo, depois, entregue aos cuidados dos Irmãos Rodrigo Pinto Guedes e José Aleixo Falcão. Somente mais tarde conseguiu escapar para o Alentejo, disfarçado em criado do Irmão Desembargador Filipe Ferreira, indo, depois, para a Espanha e, daí, refugiar-se em Londres, onde se radicou.
Fixando-se em Londres, após a fuga, Hipólito José da Costa voltou à prática maçônica, segundo os registros da Freemason's Hall, entrando em março de 1808, para a Loja Antiquity e foi um dos fundadores da Loja Royal Invernes, em 1814. Exerceu a Secretaria de Assuntos do Exterior da Freemason's Hall e o Grão-Mestrado da Província de Rutland. Em 1812, patrocinou a iniciação do brasileiro Domingos José Martins, que em 1817 seria o líder da Revolução Pernambucana.
Dedicando-se ao magistério e ao jornalismo, em 1808 começou a publicar o Correio Brasiliense ou Armazém Literário, no qual comentava os atos da Regência Portuguesa e do Governo Brasileiro, discutia questões políticas européias e americanas, difundia as idéias liberalistas inglesas, tratava de artes, literatura e ciências. Esse não foi apenas o primeiro jornal do Brasil, embora impresso no Exterior, mas, também, o mais completo veículo de informações e análise da situação político-social de Portugal e do Brasil, naquela época, preconizando uma verdadeira reforma de base para o nosso país. Com essa publicação contribuiu decisivamente para a Independência do Brasil e nela abordou, freqüentes vezes, temas abolicionistas.
Casou-se em 07 de julho de 1817, com a inglesa Mary Any Troughton. Um dos seus padrinhos foi Augustus Frederiche, Conde de Sussex, seu protetor e amigo.
Proclamada a Independência do Brasil, assumiu o cargo de representante diplomático brasileiro junto à Corte da Inglaterra.
Suas principais obras são: Diário de Viagem a Filadélfia (1798), mandado copiar do manuscrito existente na Biblioteca de Évora, por Alceu Amoroso Lima e só publicado em 1955; Descrição da Árvore Açucareira (1800); Narrativa de Perseguição, em 2 volumes, (1811); Correio Brasiliense, em 29 volumes, (1808 a 1822).
Fundador da Imprensa Brasileira, Hipólito José da Costa, o ardoroso Maçom e Patriota, faleceu em 11 de setembro de 1823, em Kenssington, subúrbio de Londres. Pouco antes, havia sido nomeado Cônsul Geral do Brasil em Londres, morreu porém, sem que a notícia da nomeação lhe houvesse chegado. Graças a tudo isso, passou à História como O Patriarca da Imprensa Brasileira e é consagrado como uma das mais luzentes figuras nacionais.
Eduardo Gomes de Souza
