bela é a loucura anti-social, de glauber albuquerque
Mais uma vez tento recitar a loucura como poesia, como solução, como socialmente viável, não a "loucura do vocabulário" (termo que li esta semana em algum lugar, ah, foi Raul Seixas que falou uma vez), mas sim a loucura contida em cada um, que é um estado ou de suprema felicidade ou tristeza contida no lado mais anti-social dos seres. E tem beleza maior do que esta loucura anti-social , sendo feliz ou deprê? Acho que não, penso que não, eu existo, se são dois seres não sei, se crio uma falsa esquizofrenia também não sei. E quem eu sou? Também não sei. Sei que um dia sou um, outro dia é outro, bases as mesmas, mas vontade, vestes e atitudes, ah isso é loucura definir. Quero conhecer uma magia melhor, do que cantar na rua chuvosa os gritos de: Viva a sociedade Alternativa! E poder assim gritar de braços abertos, com as palmas estendidas pra acima, sentido a sensibilidade das gotas tocar a palma, e sentir aquela união da liberdade e da loucura tocar no fundo da alma. Um grito, uma ideologia, um sujeito que também crê na mesma ideologia, uma sensibilidade ativada em pequenas gotas, o cabelo molhado caindo sobre os olhos, pondo meus tímidos olhos como apenas plano de fundo. Tudo rima, tudo é sem lógica pra quem passa as tardes vendo Tv, pra quem trata a casa como melhor amiga. Tudo parece, imagem comercial, filme de momentos solitários, mas tudo é real (se bem que parece sonho). Tudo é felicidade vinda da simplicidade, da sensibilidade totalmente viva e presente. Não é preciso consumismo pro meu eu alegrar-se, e isso é o motivo pessoal que alegra-me, o choque da alegria, é tão profundo, que não consigo parar pra escrever aqueles poemas, tão tortos, cheios de dores. Faço da mente um papel eterno, que guarda, para depois reler, e aí poder lembrar e escrever. Viva a liberdade contida no interior dos seres, basta resgata-las, você pode, afinal você pode não só sonhar, e sim praticar. Vamos em frente, fazendo o papel mais revolucionários que nos cabe, afinal tanto nas passeatas, quanto nas ruas, nas chuvas solitárias, tudo isso é papel revolucionário, é papel de quem luta pra mudar. Vamos criar cultura, em vez de seguir a cultura moldada e burguêsa, vamos fazer nossa contracultura, que é individual, e que abrange, vamos fazer nossa língua, vamos falar sem medo de errar esse português dito, vamos rabiscar escrevendo "nóis" em vez de nós, vamos usar o "vamos" com sentido de "eu". Eu vou, eu vou escrever até a felicidade acabar, até o poeta maluco beleza parar de me inspirar. Eu sei que vou! |