Fernando Pessoa

Para alegria de muitos e tristeza de poucos (ou nenhum) este será o último número desta coluna, por isto se preparem para o sermão, agora sim o último.

No primeiro número ataquei o que chamo de literatura virtual, coisa que percebo agora que não existe e talvez não venha a existir. Muitos ficaram ofendidos e acabei por tentar amenizar as coisas, mas agora vou voltar ao ataque.

Em todos estes meses que venho expondo propostas, métodos e opiniões sobre literatura e a criação literária não tive o prazer de receber comentários, críticas ou mesmo textos que procurassem dialogar com que o foi escrito nesta coluna. Tirando alguns resmungos e tapinhas nas costas, o silêncio foi total. Talvez porque ninguém leia o que é publicado na internet - o que me parece bem provável, motivo pelo qual estou certo que a literatura virtual não existe, afinal, para ser literatura é preciso que haja um leitor, pelo menos um! -, talvez porque ninguém tenha opinião sobre o que lê - um dos grandes problemas deste país e do ser humano em geral -, talvez porque escrevo mal e de modo maçante. Seja lá o que for, deixo aqui minha última mensagem, ou sermão, e espero por aqueles que se interessam por literatura e acham que posso ter uma ou outra idéia razoável sobre a questão se manifestem e que o resto se cale para sempre (ou vá para a merda mesmo!).

Depois desta provocação (que pode até ser desnecessária, como alguns tentam me mostrar), tento agora ser construtivo, como gostam de dizer.

Concordando com Pessoa, aliás não há atitude melhor, e com todos os autores que citei nesta coluna, desde o saudoso Beleléu (fica aqui minha homenagem a este que foi o maior compositor da música brasileira), passando por Calvino, Poe, Clarice, Antonio Candido e muitos outros, peço apenas que vocês, novos e futuros escritores, gostem de escrever, lutem com as palavras, escrevam para salvar suas vidas e cientes da responsabilidade inerente ao ato de escrever. Sejam cuidadosos e impulsivos, loucos e racionais, visionários e analíticos, poetas e leitores, e acima de tudo: "Pessoas".

Fico por aqui, certo de que o manga com leite provocou a indigestão tão pregada pelos fazendeiros do passado, ou seja, nenhuma, mas de que foi um prazer tentar e um aprendizado escrever estas linhas tortas e capengas. Fica meu abraço para aqueles que leram e meu obrigado para os que publicaram esta coluna. Nos vemos na inferno, ou talvez na internet mesmo.