a morte de Bizarrona, de daniel gomes
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Aquele estava sendo um dia longo, o detetive John Daniel havia passado toda a tarde trabalhando em um caso de adultério que inicialmente parecia simples, apesar das histórias absurdas de seu cliente sobre alienígenas e conspirações secretas, mas suas descobertas na noite anterior mostraram que havia algo mais que um charmoso amante italiano naquela história. De volta ao seu escritório John Daniel pode finalmente preparar um whisky, sentar-se com os pés para cima e pensar sobre os incidentes das últimas vinte e quatro horas. Sem chegar a maiores conclusões e estranhamente inquieto, John Daniel levantou-se e acendeu um cigarro enquanto olhava a noite da janela. Quase relaxado e já pensando na pequena festa que teria de aturar logo mais, John Daniel é interrompido pelo toque do telefone: - Alô? Com o aparelho novamente no gancho, John Daniel pensa "porque sempre há um mudo precisando dos meus serviços, ou seria um surdo?" Voltando a sua janela e ao seu cigarro, John Daniel pensa na conspiração alienígena e no amante italiano e a solução do caso começa a se formar, pois, como ele mesmo sempre diz "a verdade tende a ser a mais óbvia resposta". O difícil é fazer a pergunta certa, e John Daniel sempre foi conhecido por suas perguntas desconcertantes. Uma nova interrupção, agora, uma leve e delicada batida no vidro da porta, que tem seu nome e sua profissão inscritos em letras brancas. Do outro lado da porta vê-se apenas uma sombra, pouco definida devido a falta de luz no corredor. John Daniel move-se lenta e silenciosamente pelo escritório cinza, pega sua arma na gaveta e senta-se na mesa: - Entre, por favor. A porta se abre, com um cuidado e passos felinos uma estonteante mulher de cabelos longos e escuros, olhos grandes e claros e com um corpo perfeito e macio (mesmo sem tocá-lo John Daniel pode perceber sua maciez, talvez devido a pele delicada ou ao rebolar discreto de sua potencial cliente, ou simplesmente pela larga experiência adquirida com a profissão). "Só pode ser problema, da última vez que uma mulher assim me procurou meu falecido sócio teve que me tirar de um manicômio." - Belo escritório... – diz a sensual mulher do alto de seu salto nove. Não há resposta a sua pergunta, quando o famoso detetive John Daniel volta seu olhar maroto para o centro de seu escritório, ele vê apenas a porta se fechando lentamente e sente o doce perfume feminino que paira no ar. Desdobrando o papel, certo de que se trataria de mais um tedioso adultério, John Daniel lê, em letras vermelhas e tiradas de diversas revistas diferentes, a seguinte frase: A MORTE DE BIZARRONA |
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