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prometo-te meu guardião de amor eterno
príncipe anjo que semeia meu amor
meu escarlate coração de papel sedoso
pingos e pingos de lágrimas doces
a semear em nossos jardins juntinhos
cheio de flores cintilantes de carinho
a lua angustiosa brilha em prata a saudar
a única flor que nasce e brota na noite
seus espinhos chamados desejo
este irmão da loucura
com suas folhas mortas da rosa cálida
que inebria os buquês de perfumes castos
perpetua o sacrifício do amor
nos olhos frágeis
que em meu peito pinga cada orvalho cru
nu, nossos corpos são da lua
cheia de réstias dos prismas de outros astros inertes
a luz que flutua leve sobre as estrelas
quadro do tardar amanhecer
e do perfume quase gasto da ilusão
aquela mesma que transcende os horizontes e diz adeus
te querendo como louca a permutar sobre nossos ombros
ah perfume louvável é as tuas lágrimas
que por um segundo
rompe as eras e funde o coração
em seu lugar eterno
bem ali...
de lado da lua e do sol
que se revezam entre espasmos
entre gozos lunáticos e suores cáusticos
as flores agarram o pranto
da última hora
onde a vida suplica o seu destino
findar em seu amanhecer
um resquício de noite que ainda resta na parte negra dos olhos
todos se rendem a luxúria
e sorriem amargamente a dor de amar
em um enorme abraço ao dia
o sol astro rei
dobra seus corpos
o segundo fere suas carnes
e o coração singelo, consola de novo
lembrança: o ser afoito
a menina de saia que foge dos ventos
corre, corre... em busca da flor
mas o que fazer? a noite vem vindo
a engole com seus saltos sua inocência...
e lá vai ela aos lábios dos outros
as palavras não saem como pétalas
mas ela colhe o orvalho como
rosas imperiosas
e as perpetua como seus guardas
testemunhas da sua incursão
nós, os loucos de amores
que morrem e cercam de desejos
somos todos guardiões das rosas do planeta só
além da guarda das estrelas
além dos principados e da besta fera humana
nosso mundo contorna as reticências
em sua órbita cresce os sonhos
seu pó bruto cultiva os diamantes
e semeia certas luzes em olhos pequenos
deixando uma certa esperança no clarear da íris
e nas flores solitárias no asfalto
arrancadas a velocidade do vento
estes reflexos fazem o planeta
saudar a terra morta
em luzes ora primavera ora outono
que iluminam as almas que perambulam por lá
em lágrimas de puro sangue
em magma dos infinitos segundos
em face dos espelhos
nas infinitas camadas de mim mesma
na palidez colorida das flores
o amor. |
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