fim e tarde, de carine helena

 

Eu, à hora azul, que corre ao frio, e não tem cor. Ausência do que seria, e é, um momento passante, e passou. Ao fundo do que seja, azul e ausente, antes do escuro e pleno, preto, a hora após, o crepúsculo e adiante, do lunar. A hora azul. Entre quase dezoito e não é fechado, nada está em aberto. A hora poética, o caos, sublime e mar, adiante do que seria eu. Amar. Na janela a luz, em meu peito, um sofá deitado, um rego derramado. Uma lágrima esconde ao travesseiro, o choro contínuo, o desespero, de um dia ser assim. A ausência total, e tão enchente de dor. É azul e plena a hora. Que seja bela e poética, o frio, que corre na veia estéreo e faz calor. Não é dia, nem noite. É hora que passa, e é lágrima. Não é cor, pois é ausência, e me falta o que seja dor. É falta e não presença. É poética, pois dedilha, versos e outrora desvairadas, e berra canções lunares de aconchego. É choro, pois lava... E é larva (sem poética decente), e cresce. Azul e cintilante em meu peito. Voa. A hora que choro e não é dezoito. É azul e estou só. Corre à frio, e me derrete. Aos minutos dedilhados em meu rosto. A marca que rola conta-gota multicolor. A ausência e falta, de mim, corre branca ao negro. A hora azul, que seria, eu.