refúgio e morte temporal, de glauber albuquerque
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Refúgio A lua brilha na varanda, o chão como recanto, e ali desfaço-me da realidade, abstenho o dia, mas em início ele ainda fica a atormentar, e as lembranças vem cada vez mais doridas, e vou ainda me desfazendo, ali olhando o céu como limite, um limite ilimitável, e fico colhendo informações desse quadro surreal, até que consigo solucionar, e aos poucos, já estou vazio, de repente, percebi que havia meditado, naquele silêncio da madrugada. e a lua brilha, E parece me socorrer, parece ser a única que vê minha solidão, e dali ela parece iluminar em razão disso, e ela ilumina meu rosto, como quem foca a visão em cima de um ser perdido, ela também clareia meu corpo, e o observo, naquela carência, corpo sem toque, alma tocada, tocada por um infinito de sensações. E todo aquele surrealismo, banhado de ilusão, sonho e seres abstratos, parecem ir de encontro a realidade, criando um atalho, ou criando uma ponte decaída, e fica um sentimento devastado, pois não sei se há atalho, ou se a ponte caiu. Fico louco, e surto como um inofensivo, pois agora tomo minha mente como planeta, e ali vou me escondendo, e escondendo, e me refugiu. E Depois de algum tempo, eu estava falecendo o planeta terra, e estava esquecendo que havia uma presença material chamada corpo, e preocupado com os movimentos da alma e da mente, esqueci de movimentos coordenados para manter-se em equilíbrio com as pessoas da comunidade, e por isso, não acreditei quando me disseram que eu estava passando uma temporada no hospício. Até hoje não entendo, mas disseram, que a temporada aqui vai ser bem longa, e aqui eles não me deixam ficar a madrugada a olhar o céu, muito menos deixam eu deitar no chão. Dizem que é pro meu próprio bem. Mas eu não sei mais o que é o bem, pois se eles não conhecem meu mundo, que se esconde no céu e na mente, logo eles não iram poder me dizer o que é positivo. E por isso que gosto do silêncio da madrugada, banhada de lua, mente e alma, pois esses elementos não vem me dizer o que é bom, eles apenas se apresentam.
Morte temporal Hoje eu nem mais queria falar, e muito menos pensar, pois esse pensamento sem controle, pensando por pensar, e ainda sem parar, não vem a me agradar. Do lado de fora chove muito, e eu a olho. A chuva cai lembrando a poesia, lembrando a dança, a alegria, trazendo uma profunda nostalgia, onde chego até a lembrar do antigo vinil de John Lennon tocando imagine com aqueles chiados que mais parecem gotas ao cair, algo típico dos velhos discos. Mas continuo absorto, e duvido da necessidade de estar acordado, mas nem o sono me cai nesses instante, talvez um calmante anti-depressivo agora me fosse bastante útil. Ou como o amigo pessimista já poetou por aí, dizendo : Eu quero o ópio, o esquecimento (Joilson Moreira). Ou seja, o enlouquecimento, a morte temporal, a embriagues, o sono, o esquecimento do tudo e do todo, talvez esse fosse o caminho mais breve, para amenizar as dores. E que me chamem de covarde, pois juro não ter coragem para enfrentar esse gigantesco inimigo abstrato. Mas não! Este do qual vos falo, é altamente concreto na minha pobre existência, pois ele se apresenta na palavra que parece ser das mais belas. É o SENTIR. É tão belo sentir, é tão grandioso as pessoas que sentem. Mas toda demasia é nociva, e ao ponto em que ela cresce em mim... eu minimizo. E fico raquiticamente inerte ao passar dos fatos. As dores pessoais são egoístas, pois nos prendem apenas à um mundo, o nosso próprio. E uma grande luta se faz, quando tento canalizar tal dor, mas a fustigação é inevitável. Ficarei apenas a aguentar esse momento, pois sei do valor do amanhã, como sei que os cortes sempre cicatrizam. Não irei encontrar o precipício, pois sei que ainda haverá muitas montanhas para subir e muitos desfiladeiros para conhecer. |
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