Entrevista com Lloyd Schwartz

 
O   DESCOBRIMENTO   DO  POETA,  DEPOIMENTO   DE   LLOYD
SCHWARTZ SOBRE “TESTEMUNHO DE ESTELLE”.
Em  1973  me  prontifiquei a   escrever  um  poema  que
falasse  de  sexo.   Eu já havia escrito  poemas  muito
pessoais, curtos  e não  obtive sucesso com  eles.   Em
outras palavras:  eu  não era  publicado.   Como havia,
na  ocasião,  o  assunto  eleito  (sexo)   e   não  uma
“confissão”,  passei  a  me  perguntar   como   poderia
escrever   sobre  sexo sem falar de   mim?   Surgiu   a
idéia de escrever este poema na voz de outra pessoa.  E
isso foi  o  que  eu fiz. O poema era o “Testemunho  de
Estelle”. Não tinha idéia do que o texto ia se tornar e
me  surpreendi  com  o  resultado  final.   Foi  o  meu
primeiro  poema publicado. Daí  comecei a fazer  poemas
na  pele  de outras pessoas -   o que  foi  mais  fácil
devido   a  minha experiência  de  ator. Estes   poemas
formaram  o  coração  do  meu  primeiro   livro,  ESTAS
PESSOAS,   que   está  disponível,  na    internet,  em
http://capa.conncoll.edu Depois  deste  livro,  eu  não
quis  me  repetir   apesar  de  ter  escrito  ainda  na
personalidade   de  outros locutores.   Hoje  busco  um
estilo mais falado e  cujo tema é o cotidiano.

ESTELLE'S TESTIMONY

 

They said I was "promiscuous"

(did I get it right?)--that means

sleeping around? Well, I am,

and why not? I don't

take money or anything; I just like

sex, and being sexy.

                     It's pretty standard

most of the time. I did meet a guy once

who wanted me to hit his thing with a

leather belt, and call him names. It wasn't bad,

but who needs it? I guess

I'm kind of conservative . . . just

a guy on top, strong

and hard.

 

I hope you don't think I'm trying to be

vulgar--but you wanted the honest T,

and that's it.

 

Once a guy who picked me up in the movies

handed me a ten dollar bill, after I went up

to his place--

              I nearly cried.

 

Sometimes I think of making it

with another chick; but that's weird

just fingers--you might as well

do it yourself . . .

 

But I really dig people. I like to

communicate, to get close to a person.

That's why I liked Arthur, I could feel

close to him--

              never mind the age difference;

I mean we really had something going.

 

I know it sounds funny, but I

wasn't even that interested in his dough.

He was different, you know what I mean?

More distinguished--

                    older, I guess, but

not just; something about his white hair--

I just loved to see my fingers

running through it.

                   He was a very sexy man.

 

He loved to touch me sometimes in my sleep

I would feel him,

                 very softly moving his palms

back and forth, over my boobs. I wouldn't wake up,

but it was nice . . .

 

We never went all the way, until that last time.

I would've let him,

but he couldn't do it--

I think he was afraid of his heart.

 

It's funny though, that last time

I didn't really want to.

                        It's like it was

so special. I mean I've never really

just SLEPT with a guy.

It was like he was my father or something.

 

And that night, we went for dinner--he took me

to this really posh place. And I of course got

kind of plastered; and we

danced . . .

             And like usual, I went

back to his place.

 

I got undressed, and got into bed as usual;

and I felt so good--I just sat up, and

while he was taking off his shoe

I hugged him,

              and kissed his forehead . . .

And he got so turned on, he practically

jumped on top of me. Christ! he still

had his shirt on, and one shoe--and he was really

hard--

       I've never seen him get hard before.

 

I don't know, I suddenly felt so ashamed.

I wanted him to stop, and I said

"Arthur, please, please stop" and he wouldn't.

I think he really wanted to come,

--it must have been so many years;

 

and he couldn't.

 

And then he stopped, very sudden. And

that was it.

I felt so sick, I just had to get out of there. He was

still in me,

so I pushed him off.

                     I knew he was dead.

I got dressed, and I started to leave,

but I see his wad of bills on the dresser, and

without thinking, I took it.

                            Then

I remembered his ring--a kind of snake ring,

with a diamond in its eye; I always

liked it a lot . . .

 

I didn't want him to die.

I only wanted it for a souvenir.

Nobody ever did it to me

and died.


BREVE ENTREVISTA
Como você descobriu a literatura brasileira?

Eu   descobri  literatura  Brasileira,  principalmente,
através  das traduções de Elizabeth Bishop  -  a  poeta
norte-americana maravilhosa que morou no Brasil durante
20  anos (ela morreu em  1979). As suas traduções  para
poemas de Carlos Drummond de  Andrade,  João Cabral  de
Melo  Neto,  Manuel   Bandeira  e Vinícius   de  Moraes
chamaram  a  minha atenção e  abriram  as  portas    da
minha     sensibilidade    para    estes     escritores
brasileiros.   Tudo  graças  a  Elizabeth  Bishop   que
ainda   é  considerada  a  maior  tradutora  de  poesia
brasileira  vertida para o inglês.

Em  que  trabalha? Como é/foi o seu trabalho desde  que
chegou ao Brasil?
Eu  estou no Brasil desde 1990. Vim para ministrar  uma
série de conferências, 11 delas sobre Elizabeth Bishop.
No  ano  seguinte criei um seminário  sobre   a  poesia
contemporânea    norte-americana.  Primavera   passada,
participei  de  uma conferência em Ouro  Preto,  também
sobre  a  autora. Maio que vem eu estarei participando,
em  Recife,  de  mais uma conferência  sobre  Elizabeth
Bishop.
Quais são os grandes poetas da atualidade?
Elizabeth   Bishop,  Robert Lowell,   Allen   Ginsberg,
Frank   O'Hara   são   os   grandes  poetas  da  última
geração.    Temos muitos poetas bons, mas  ainda  muito
pouco reconhecidos  se comparando  à grandes figuras da
poesia.  Os melhores poetas atuantes  (vivos) são  John
Ashbery  (o mais famoso),  Louise Gluck, Frank  Bidart,
Robert  Pinsky  (nosso " poeta laureado "),  Tom Sleigh
(poeta jovem - ainda na casa dos quarenta), Mazur, Carl
Phillips (jovem poeta negro).
Há   uma   antologia   muito  boa  de   poesia   norte-
americano  publicada  ano passado pela Universidade  de
Santa Caterina. Meu  próprio trabalho está incluído lá,
mesmo  não   gostando  de    outros   trabalhos   muito
conhecidos  e  incluídos  na antologia.
Há grandes poetas no rock americano?
Eu  não sei… há muitos poetas maravilhosos no mundo  do
rock,  embora  só  agora  os  músicos  mais   populares
comecem  a trabalhar melhor com a palavra e o idioma.
Com quantas metáforas se faz um poema?
É   possível um poema excelente sem qualquer  metáfora.
Claro  que   as  metáforas estão no coração de  poesia,
mas o  poema inteiro  pode  ser  uma  metáfora  sem   o
uso    de     idioma  metafórico.  Alguns  poemas   são
destruídos  através do uso  de muitos   metáforas,  mas
claro  que alguém  que  saiba  erigir metáforas  estará
mais próximo do bom poema.
Quantos poetas existem em Lloyd?
Boa  pergunta... apesar de eu provavelmente não  ser  a
pessoa certa para responder esta pergunta. Mas deixa eu
ver....  há  o   poeta  Realista, o poeta Romântico,  o
poeta  Sexual,  o Sonhador, o poeta Lírico, o Poeta  de
Fala cotidiana. Isto é bastante? Há mais provavelmente…
Você aprecia a literatura de Paulo Coelho e Jô Soares?
Eu   não  estou familiarizado com Coelho ou Soares.  Eu
não leio muito bem em português.
O   que   o   Brasil   precisa  exportar   e   importar
culturalmente?
A   coisa mais importante que o Brasil precisa exportar
é   a tradução  para  outras línguas de poemas dos seus
melhores  poetas. E o mesmo em contrário...   O  Brasil
precisa ler  os melhores poetas americanos. Este  é  um
modo desmistificar  a visão que o Brasil tem do mundo.
Como é viver em Minas Gerais?
Minas   é   um dos lugares mais bonitos da Terra.   Nós
temos montanhas  lindas no nosso país, mas nada como as
montanhas encantadas de Minas.




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