ENTREVISTA COM CARLOS MAGNO

 

 

 

 

 

 

1.Qual a importância de Vinícius na sua poesia? Por que escrever sobre o amor?

CM – Praticamente nenhuma. Sou de uma geração mais antiga onde Augusto dos Anjos pontificava: “Vês? Ninguém assistiu ao formidável enterro da tua última quimera”, Álvares de Azevedo e os mais “atuais” eram Bandeira, Drummond e depois Thiago de Mello e Manoel de Barros. Escrever sobre o amor faz parte da minha essência. Cheguei a escrever num jornal de Lavras (MG) minha terra, “Uma declaração de amor por dia”, durante três anos. Foram quase mil declarações e uma parte delas sairá em livro: Minhas Lavras.

2.”É meu direito sagrado/querer-te tanto/quanto te quero”. Qual o tamanho do querer de um indivíduo apaixonado?

CM - Não sei e acho que ninguém sabe; ama-se de tantas formas, com intensidade e força diferentes a cada hora do dia, na ausência e no encontro, até na esperança e na saudade, sem limites físicos, espirituais e até morais.

3.”Você está/intensamente longe/Está assim mesmo,extensamente longe”. Há distâncias para o amor?

CM - Há. Quando está perto tem de ser pertíssimo, dentro, como se a mulher amada não fosse uma pessoa e sim um lugar, onde a gente se sente, se compreende, se integra. Se está longe, há a espera, o medo, a saudade, a falta de paz, até a insegurança. Amar de longe é morrer aos poucos.

4.Qual o papel da internet no seu dia a dia?

CM – Contato. O melhor meio de reduzir as ausências.

 

5.Alguns poetas dizem que poemas derramados são uma arapuca. Estes poetas dizem que não passam de uma confissão barata e que nada têm de poético. O que deve ter um bom poema? O que é poesia?

CM – Se os poetas fossem pessoas normais e os poemas fossem conceitos matemáticos, a opinião desses caras seria axiomática. Eu derramo meus versos porque minha alma é derramada e se o que sai são confissões baratas é a minha poesia e eu não a rotulo, apenas a sinto e quem a lê sente com a intensidade que passo. Atinjo o meu propósito.

 

6.Quais foram as sensações que teve no primeiro contato com a poesia?

CM – Faço poesia desde a adolescência : “Tenho medo, atroz, voraz/um dúbio medo me encerra/caminho em busca da paz/e só te encontro na guerra” ou “você acontecerá ferindo/sorrindo/sei lá;/vou deixar o tempo escoar/escoando junto,/sem pressa de chegar”. Se não bom, sempre fui poeta, sempre sou poeta.

7.Quem é o escritor brasileiro? Como viver de literatura? Quem é o seu paradigma de escritor?

CM – Um ser em convulsão permanente. Um homem que tem medo de terminar um livro, mesmo como eu que escrevo sempre primeiro o último capítulo de um romance e entra em depressão do medo da procura do Editor. Viver de literatura? O texto não tem importância se quem escreve tem nome: Há mais de um ano ouço falar em Saraminda, de José Sarney, que sequer saiu: Você viu falar em nós, a essência, que está na segunda edição e foi lançado por Carlos Magno Maia Dias em 1986? Paradigma de escritor? Machado de Assis e João Ubaldo Ribeiro.

8.O que faz nas horas de lazer? Quais os filmes, as músicas, obras de arte que mais “abalam” as suas estruturas de artista?

CM – Jogo tênis, sinuca (tenho um recorde mundial de jogador mais rápido – 106 pontos numa única “tacada” em dois minutos cravados – 19 bolas encaçapadas). Filmes. Assisto todos os lançamentos, vou ao cinema quase todos os dias e a predileção é por histórias fantásticas, aventuras, ação e maravilhas como Filhos do Paraíso, uma obra prima iraniana, que recomendo efusivamente.

9.Tem algum mote?

CM - Vencer sem perigo é triunfar sem glória (Corneille)


10.Qual o papel do escritor na sociedade?

CM – Insignificante. Há uma enorme diferença entre quem escreve e quem publica. Nos países adiantados os editores correm atrás dos escritores que correm dos editores. Aqui é exatamente ao contrário, ou pior, porque sequer temos acesso aos editores, apenas aos funcionários sem poder de decisão e que escrevem cartas informando que o texto é ótimo, mas infelizmente não cabe na linha editorial etc..

 

 

   

Carlos Magno por Carlos Magno

Administrador, aposentado como Analista de orçamento do Governo do Distrito Federal.

Sou considerado candango (fundador de Brasília - 1958)

Fui Diretor-Geral dos Ministérios da Educação e Cultura, Indústria e Comércio, Agricultura, Seplan e Ministério da Justiça.

Sou professor de Administração pública do antigo DASP, SAF, Escola de Administração Fazendária e outras.

Sou casado com Maria Auxiliadora de Mello Dias, mineira como eu, 6 filhos (todos brasilienses) 7 netos (um australiano) e tenho 64 anos. Nasci em Lavras, MG e fui criado em Santa Rita do Sapucaí (MG). O resto, Brasília e agora Belo Horizonte.

Tenho os livros publicados Nós, a essência, Utopia, Como Seria o Brasil se Deus fosse Brasileiro, Lua Azul, Cicio, Cartas de Brasília e três peças teatrais encenadas Redenção de uma raça, Um natal muito especial e Pórtico dos Sonhos.

 

 

  v o l t a