L E Ro

 

  

   Osvaldo  Luiz Pastorelli, nascido em Rio Claro,  interior  de
   São  Paulo,  veio para a Capital em 68, logo após  o  serviço
   militar.  Nessa época ainda não escrevia. Começou  a  fazê-lo
   incentivado  pela professora de Português, quando  tirou  uma
   nota dez ao escrever "Civilização".
   Com  o  poema  "Balada da forma" ganhou o  segundo  lugar  no
   Concurso de Poesia da Biblioteca Afonso Schimt:
   
   BALADA DA FORMA
   
   A forma figura
   Em forma
   Ficou figurada
   Ao fitar a forma
   Figura figurada
   Em forma figurativa
   Foi formada
   Nesse fitar fixamente
   Foi transformada
   Em figura fixamente
   Focalizada
   A figura
   De fixamente focalizada
   Ficou desfigurada
   Mas, a figurativa
   Figura fixamente focalizada
   Ao ser desfigurada
   De figura foi
   Em fina forma
   Figura formada
   
   - Seo Mario conversa com Osvaldo Pastorelli -
   
   Seo Mário: Como foi o seu caminho até encontrar a poesia?
   
   Osvaldo  Pastorelli:  Creio que normal,  igual  a  de  todos.
   Lendo.  E a primeira vez que tive contato com Erico Verissimo
   foi  no  primário, ao ler um dos seus livros infantis. Depois
   no ginásio os clássicos que a matéria de português impunha. A
   primeira  vez que li uma poesia não me lembro, mas  tudo  que
   caía  nas  minhas  mãos eu lia. Claro,  que  nessa  época  os
   romances  eram  predominantes. Só mais tarde é  que  fui  ter
   contato  com poesia. Na década de 80 quando ganhei  o  2º  no
   Concurso de Poesia da Biblioteca Afonso Schimt, é que  passei
   realmente a escrever.
   
   SM: Como é o seu processo de criação?
   
   OP: Não tenho propriamente um. Eu deixo fluir. Isto é, não me
   forço  a  escrever. Quando não consigo, deixo de  lado,  mais
   tarde continuo. Não sei escrever dois ou três ao mesmo tempo,
   ou fazer anotações. Sempre estou com a agenda e caneta à mão.
   Escrevo  no  metrô,  no  balcão  de  bar  ou  lanchonete,  no
   ônibus....,  é  um escrever e reescrever até achar  que  está
   perfeito.
   
   SM: Você escreve diário. Como encontrou este formato?
   
   OP:  Sempre  li que escrever cartas é o melhor  exercício.  E
   invejo  Mario  de Andrade que se correspondia  com  o  Brasil
   inteiro. E ele escrevia em máquina de escrever. Imagina  hoje
   ele em frente do computador! Assim, passei a escrever cartas.
   Como  também os diários, a maioria dos escritores tem  o  seu
   diário.  O meu comecei, mais por necessidade de preencher  um
   espaço dentro de mim, e também, por pra fora os "os porquês",
   os  fantasmas que atormenta. O que eu queria mesmo era  criar
   história com início meio e fim.
   
   SM: Qual a importância da internet para a sua poesia?
   
   OP: Mostrar o que escrevo. Participar de grupos, como O grupo
   dos  Cincos, O Grupo Santa Elena, os Sabadoleis, o  Grupo  da
   Virginia Woolf. Aprender. Ler. Estar no meio de quem gosta do
   que  eu  gosto. A palavra escrita. A falada não domino  muito
   não.
   
   SM: Quais os poetas que exerceram influência em seus poemas?
   
   OP: Pessoa. Drumond. Hilda Hilst e todos os compositores.
   Música é a mais pura poesia.
   
   SM: O que é o poema? O que é poesia?
   
   OP:  O  poema talvez, seja o estado físico da poesia.  O  que
   está escrito no papel, o seu formato, a representação gráfica
   da  poesia,  da  sensibilidade Poesia é  sensibilidade,  é  o
   captar do sentimento para o poema, para o papel.
   
   SM: O que faz nas horas vagas?
   
   OP: Trabalhando no micro ou desenhando.
   
   SM:  Você  tem  algum  livro?  Vai  participar  da  antologia
   Horizonte?
   
   OP:  Publicado  não. Participei da antologia  Eros,  que  foi
   muito  bom  ver  meus  poemas impressos.  Vou  participar  da
   antologia Horizonte, e está para sair um de contos. Creio que
   logo.
   
   SM: Você tem algum mote ou epígrafe que o represente?
   
   OP: "Tudo vale a pena se a alma não é pequena."
   
   SM: Qual o papel do poeta na sociedade?
   
   OP:  Deixar  impresso sua época no tempo, mostrar, denunciar,
   transmitir  à  geração seus sentimentos, seu aprendizado,  os
   seus "porquês", sem ser radical, sem ser engajado.
  
   
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