Planeta Terra
Rio de Janeiro
A entrevista da semana é com Régis Bonvicino, poeta paulista, autor de Ossos de Borboleta (editora 34), entre outros.
Balacobaco - O poeta Alexei Bueno disse ao Balacobaco: "O normal da nossa poesia atual é a poesia cocô de cabrito, sequinha, apertadinha e idêntica." Concorda ou discorda, por que?
Régis: Se o Alexei disse isso, expressou uma opinião formalista. Qualidade não se mede por quantidade de palavras.Idêntica ? Aonde ?
B - Na poesia brasileira atual há uma tendência à concisão... A poesia se esgotou como gênero literário... Qual o caminho?
Régis : A poesia não se esgotou e nem se esgotará.A concisão pode ser, em muitos casos,reação à tradição palavrosa e oca da poesia brasileira.Caminho ? Ah ! O CAMINHO.
B - Em "Outras Palavras de um Pôr-de-Sol" você parece estar pintar um quadro , uma escultura. Quando se fundem a pintura, o quadro e a poesia, o poema?
Régis : Quadro ? Não.Não aprecio este conceito.Não "enquadro", vejo. Sim, me agrada a idéia de compor um poema como se estivesse fazendo algo de plástico.
B - Há uma parte de poetas a dizer: "a poesia não serve para nada". Como você vê esta questão?
Régis : A poesia é de fato inútil num mundo mercantilizado mas ela é imprescindível.
B - O que é poesia? O que é o poema?
Régis : Isto eu tento responder com meus poemas. Poesia e poema são Murilo Mendes e João Cabral,por exemplo.
B - Há os que renegam a inspiração. Ela ainda existe?
Régis : Há também os que renegam a transpiração e, todavia, ambas existem.
B - A polêmica é necessária? A poesia tem pouco espaço na mídia para que os poetas apareçam?
Régis : Cada poesia, tem a mídia que merece.Cada poeta,....Polêmica ? O que é polêmica ? É xingamento ? Ataque? Prefiro a discussão de idéias.
B - Existe crítica nos jornais literários?
Régis : Pouca.
B - Há quanto tempo navega pelas águas da internet?
Régis : Há uns três anos.
B - O que tem, de positivo e negativo, esta imensidão de sites de poesia na web?
Régis : A quantidade vai gerar um dia a qualidade.
B - O que o poeta e o tradudor tem em comum?
Régis : Escolhas, talvez.
B - Tem algum poema que funcione como um "mote". Algum epigrafe que o acompanha pela vida?
Régis : Vai Carlos, ser gauche na vida !
B - Qual o papel do escritor na sociedade?
Régis : O de se contrapor.