Meu Fim de Semana
Meu pai, mais conhecido como Babão, continua praticando seus atos de tortura. Querendo me arrastar para praia, ele desliga o ar condicionado na caixa de fusíveis às sete. Como eu durmo com o termostato no máximo, enfiado num cobertor e com o quarto fechado, o resultado é muito simples: acordo fritando na cama, não consigo dormir mais, e, em represália, também não vou à praia. À noite o pessoal do prédio tinha saído, e o meu melhor programa (para dizer a verdade, era o único), era uma festa de oitenta anos com toda a família, no play do prédio da minha tia Cristina. Lá chegando, eu, Guilherminho e João não tínhamos nada para fazer. Cansados de tanto comer, única distração até o momento, olhamos na direção da quadra do prédio. -Vamos jogar vôlei? -propõe Guilherminho. O dia realmente não estava indo muito bem. Nossa sorte foi que duas garotas do prédio desceram e ficaram conversando no play. De olho nelas, eu, meu irmão e meu priminho ficamos nas imediações durante uns quinze minutos, quando de repente anunciei: -É agora! Vou chegar nelas! Voltando do banheiro com ar de decidido, constatei que elas tinham ido para o lado da festa. Percebi os olhares sádicos de Babão, como se ele dissesse: "Chega nelas, Eurico. Chega nelas que eu tô afim de te gozar hoje. Vais levar um "toco" bonito. Como eu sou muito inteligente (acima de tudo admiro a minha modéstia), fiquei conversando com ele dois minutos, para que elas percebessem e esperassem meu bote longe da minha família. Coincidência ou não, deu certo. Elas novamente foram para a parte deserta. "Se não for agora, sou um lesado", pensei de mim para mim mesmo. Fui. Seja lá o que Deus quiser: -Oi. Só pelo "oi" já deu pra notar: uma não estava para muitos amigos, mas a outra se largou em sorrisos. -Vocês moram aqui? Senti que a conversa não estava se encaminhando bem, precisava de algo realmente original: -Eu já tive casa na Barra, ali no Rosa Viva. é... minha
imaginação não andava boa. A conversa já havia tomado um rumo agradável. Me distraí até o fim da festa e, no outro dia, ainda fiquei gozando o João e o Guilherme, que conheceram elas a minha custas. Chegou o Domingo e, motivado com as garotas do dia anterior, decidi que havia chegado a hora de pôr um fim ao "chove-não-molha" no meu caso com a Rejane. Apesar dela morar no meu prédio, a paquera caminhava à um mês sem solução, devido a complicação dela e inexperiência minha. Esperei a noite chegar e a chamei para descer. Mesmo já tendo admitido para o Léo estar apaixonada por mim, ela nunca facilitava as coisas. Muito pelo contrário. Ao invés de descer sozinha, arrastou a Ivi para "segurar a vela" e desencorajar alguma atitude mais valente de minha parte. Mas naquele dia eu estava realmente decidido. Contra-atacando, chamei o Carlos para me ajudar e desci. A idéia não era muito original: ficar sozinho com ela e chamá-la para o terraço. O terraço, que chamávamos de Céu, costumava abençoar as novas uniões no prédio. Carlos, fazendo o papel de cupido, fez logo um comentário, sem puxar assunto e sem perder tempo: -Pô, o Céu deve estar legal agora. Rejane disse que não estava com vontade de ir para o céu, já estava muito tarde. Mas eu não ia desistir assim tão fácil. Logo que me recompus fiz minha segunda tentativa: -De repente me deu uma vontade louca de beber água!?. Ela não se ofereceu para me acompanhar. Ainda tive tempo de tentar uma terceira vez: -Rejane, vamos lá chamar as gêmeas? Realmente não tinha, e eu sabia disso. Inclusive porque se tivesse, ela os teria arrastado para o play. Desisti. Esse caso nunca conseguiu ser resolvido. A moreninha de sábado cheguei a ver de novo, mas aí já é outra estória. |