PARA REFLETIR E APROFUNDAR
    I. ORAR COM UM ÍCONE
  1. Orar com um ícone é, antes de mais nada, orar com o Espírito Santo.
    O ícone é pintado sobe a inspiração do Espírito Santo e sempre nos remete a Cristo, a seu rosto pleno de divina beleza, a seu mistério largamente desdobrado em todos os seus aspectos. Através das imagens pintadas, descobrimos, pois, o ícone fundamental que é o Cristo, revelação da face de Deus. É o Espírito Santo, revelador do Cristo, "iconógrafo interior", quem registra em nós a imagem de Cristo, tornando-nos cada vez mais conforme à imagem do primogênito, do irmão mais velho entre uma multidão de irmãos (Rm 8,29).
    Os homens do Antigo Testamento tinham um imenso desejo de ver a Deus, mas não podiam. Desde a Encarnação do Verbo, passamos a poder contemplar a glória de Cristo no rosto humano de Jesus. No Novo Testamento, o olhar seguidamente acompanha as palavras no diálogo dos orantes com Cristo. Maria, Apóstolos, a samaritana, o cego e Madalena... Meditando sobre a imagem exterior, forma-se em nós sua aparência interna. A imagem de Cristo está impressa, moldada em nós pelo Espírito Santo.
2. Orando com os ícones, fazemos, uma prece com a Igreja.
    A Igreja sempre gostou de rezar com imagens: desde a época das catacumbas, temos cenas evangélicas representadas: o paralítico, a adoração dos magos, a Anunciação, a Ceia eucarística e numerosas imagens do Cristo e da Virgem. A imagem corresponde a um sentimento espontâneo do povo de Deus. Além disso, na Tradição oriental, ela é uma presença sacramental da pessoa e do mistério representado. Favorece o encontro pessoal, o acolhimento da presença interior e convida-nos a nos deixar evangelizar pelo mistério da salvação em suas diferentes facetas.
3. Com este tipo de meditação, podemos ir de encontro do homem de hoje, evangelizar sua sede de beleza, ensiná-lo a saborear a verdadeira beleza de Deus que brilha na Face de Cristo, utilizar sua percepção da pessoa, seu gosto pela relação simples e profunda que se exprime no olhar, seu desejo de sinceridade no encontro interpessoal.
    A meditação com ícones ajuda-o a se concentrar em meio à sua dispersão psicológica e espiritual, estimula sua capacidade de silenciar para atingir a experiência vivida de uma presença, simplifica a relação com Deus, resumindo-a a um simples olhar amoroso. Enfim, ela nos faz descobrir a face de Cristo nos outros, faz com que os vejamos tais como são, isto é, imagens transfiguradas ou desfiguradas, mas que de qualquer forma esperam nosso serviço fraterno.
4. A oração com ícones vem ao encontro da pedagogia da oração tal como ensina Santa Teresa.
    Foi com imagens que ela aprendeu a orar, Na casa paterna, um quadro da Samaritana lhe deu a sede da água viva. Ela se recorda disso, quando aconselha a imagem como meio de entrar em contato estreito e em diálogo com Deus. Com isto, ela atesta uma psicologia comprovada: a imagem é uma excelente forma de combate à dispersão mental e ajuda a concentração. Também se revela uma boa teóloga, quando afirma que Deus não se oferece diretamente à nossa apreensão, mas se vale de mediações como a natureza, os acontecimentos, as palavras, a presença sacramental, Para Teresa, a imagem é uma pedagogia do olhar contemplativo. Ela torna o Senhor presente, personaliza o relacionamento com Deus e conduz ao olhar amoroso. Tudo começa ou pode começar pela concentração numa imagem exterior que nos põe em presença. Depois, esta presença se interioriza no silêncio. O olhar interior alimenta o contato interpessoal. A oração, para Teresa, é uma troca de olhares: "Permaneçamos próximos Dele... Fixemos aquele que nos olha" (Autob., 13,22)
    II.  AVALIAR A EXPERIÊNCIA: COM O ÍCONE
1) Consegui fazer a meditação com o ícone? Sim? Não? Por que?
2) O que mais me tocou nesta experiência?
3) Senti alguma ressonância em minhas atitudes.