A Ave-Maria
é a oração preferida de muitos cristãos.
Há os que não se sentem com forças para repetir as
palavras do Pai-Nosso: "Faça-se tua vontade" nem "Perdoa nossas
ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido". Mas podem
dizer todas as palavras da Ave-Maria e as repetem como um grito de confiança
e de esperança. Essa repetição da Ave-Maria é
para eles o caminho da oração porque é fonte de meditação.
Com efeito, todo o Evangelho está
presente quando repetimos as palavras que o anjo e Isabel pronunciaram,
porque essa saudação se dirige àquela que traz Jesus
ao mundo, educou aquele Menino, viveu com ele durante anos, um dia o viu
partir para anunciar a Boa Nova, escutou, reteve e meditou quanto
ele dizia. E logo viu crescer o ódio, presenciou a paixão,
esteve de pé junto à cruz, acompanhou-lhe o corpo ao sepulcro.
Isto não é tudo: viu a ressurreição, a ascensão,
orou com os Apóstolos à espera do Espírito Santo.
E viu os primeiros passos da Igreja.
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A
Ave-Maria é o encontro de nossa vida com o Evangelho. Tudo o que
há em nossa vida de alegria e tristeza, de felicidade e dor, de
angústia e esperança encontra-se com a vida de Maria e por
ela com o Evangelho. A Ave-Maria dá suave acesso, portanto, a meditação
muito livre e espontânea que pode unir-se a qualquer página
do Evangelho.
Os Mistérios do Rosário Faz falta falar de etapas? As alegrias de Maria estão mescladas pela tristeza. |
A espera do filho
não é pura alegria: ela sabe que José se inquieta.
Mas, como falar-lhe? Que dizer-lhe? Silencia.
O nascimento em Belém não é para alegria: não há outro abrigo para receber o menino senão um presépio. No momento da apresentação do Templo, o velho Simeão anuncia os sofrimentos futuros; e se José e Maria reencontram o menino Jesus, é depois de três dias de aflição. Mas, não sucede o mesmo a nós? Nossas alegrias e tristezas às vezes não se mesclam? Os mistérios gozosos e dolorosos são o tecido comum de nossas existências. São também, e aí está toda a mensagem evangélica, a semente de nossa glória. Quando repetimos as palavras de saudação do anjo e de Isabel, podemos pensar que Maria amou, regozijou-se, sofreu. Jesus proclama bem-aventurados os que sofrem. Nós nos fazemos eco dessas palavras quando dizemos "cheia de graça" àquela que está ao pé da cruz. E nossas palavras como as das bem-aventuranças, revelam a glória que Deus prepara para os que o amam. A Ave-Maria nos faz assim contemplar todo o desígnio de Deus a respeito do mundo, da Virgem e de nós mesmos. Essa oração indefinidamente encadeada é menos repetição do que contemplação. (Traduzido de Voz del Santuario pelo Irmão Bento Gomes, Monge de Serra Clara.) |