- Eu quero aquele remédio que tem um
nomezinho fácil...aquele...todo mundo compra
prá enxaqueca...
- ??
- É...putz! Esqueci o nome, mas é fácil,
conhecido, mais ou menos como do..dorm..
- Dorflex!
- Não...É do..dol..
- Doril!
- Não..é...Bom..deixa, depois eu lembro,
obrigada!
E sai da farmácia com aquele corzinha
querendo atomatar, dá dez passos e lembra o
nome do infeliz.
Em situações estranhas, as vezes vexatórias,
nos coloca uma mente atribulada.
Mas estranho mesmo, foi o súbito “ataque de
sonambulismo” que acometeu minha caçula certa
vez.
Tendo que tomar decisões importantes que
iriam inclusive determinar sua carreira
profissional, andava ela em estado de alta
tensão emocional.
Como sou dada a insônias, não foi difícil
estar acordada naquela madrugada (mais ou
menos 3 h 30), quando ela entrou sorrateira
em meu quarto.
Também não consigo dormir em completa
escuridão e assim sendo, estava o aposento em
penumbra e eu fui acompanhando os movimentos
dela, com os olhos semicerrados.
As feições, não dava prá ver claramente
mas
fiquei intrigada quando ela parou à cabeceira
da minha cama, virou-se, e abaixando-se um
pouco, assumiu aquela atitude de “dançarina
do tchan”.
Aquilo me intrigou deveras e eu abri os
olhos, indagando:
- Tim?
Ela naquela vozinha rouca dos que estão
sonados:
- Huuummmmmm???!
- Que tá fazendo, filha?!
Ainda no mesmo som rouquinho:
- Xixi...
- Xi...TATIAAAANA!!!
De um salto, joguei a manta longe, aos
pontapés, bati a mão no interruptor e quando
a luz inundou o ambiente, eu esbugalhada,
ainda tive tempo de ver-lhe os olhinhos
piscando incomodadosom a claridade, antes de
desalojar-lhe, num repelão, o traseiro que
assentava minha bolsa (que estava na mesinha
de cabeceira), de onde um riozinho amarelo
escorria todo pomposo.
Gaguejando estarrecida, tomei a bolsa de
assalto, tombando-a para que se livrasse da
poça de mijo que ameaçava invadir seu
interior.
A sonâmbula, indignada, já saía do meu quarto
em direção ao dela, ajeitando a calçola
do
pijama e resmungando indignada:
- Que horror! Que estupidez, só tava fazendo
xixi!!
- Xixiiiiii??!!!
- Xiiixiii... na minha bolsa?!
Enquanto berrava aos cochichos, dado o
adiantado da hora e com receio de acordar os
vizinhos, eu ia a cata de panos e
desinfetantes a fim de reparar os estragos,
que graças a abertura da bolsa que era
estreita e ainda estar semi-aberta, não foram
tantos assim.
Ainda hoje, quando comento o episódio ela
nega categoricamente que jamais mijou em
bolsa alguma.
Peças que uma mente atribulada nos pregam...
Asta Vonzodas
Metida a besta, aventurando-se em “web master”.
- Web quê?
- Web...fazedora de página mesmo...
- ahnnn...
Pois é...Lá foi ela, com toda prosa, depois de tanto
ouvir dizer:
- É fácil, só saber os códigos, é
como transportar
arquivos de uma pasta a outra...
Enfim, todo mundo faz, ela bem poderia fazer.
E fez, ou está tentando fazer, coitada!
Lá foi...
Reservou um espaço numa praia distante, andou de
porta em porta, achou o balcão apropriado e registrou-
se.
De lá andou mais um pouco, foi parar na “oficina” ,
que era a seu ver (isso depois de olhar pelo buraco
da fechadura de algumas portas), o lugar mais
apropriado para sua experiência.
Fuçou daqui, fuçou dali e saiu para ver o efeito
da
sua obra prima.
Até que não estava muito ruim, mas não era
bem isso
que ela pretendia. Enfim, conversou com uns e outros,
recebeu algumas instruções, juntou tudo, embaralhou
com mais informações que conseguiu em alguns
“cursinhos on line” sobre o ofício da coisa e passou
algumas madrugadas tentando.
Já estava tudo mais ou menos nos conformes, mas ela
queria mais: imagens, música e a bendita gaivota. A
“gaivotinha” , sua marca registrada.
Carregou com a dita cuja prá lá e toca a fuçar
mais
um pouco.
A imagem não apareceu, mas ficou delimitado lá o
lugarzinho dela.
Decepcionada, foi consultar seus alfarrábios.
Desandou a fazer “cópias de segurança” de tudo
que
era lado. Acabou com tantas que não sabia mais quem
era quem, de onde e muito menos de quando.
Acabou por jogar tudo na lixeira e recomeçou.
Desligou o ICQ que parecia uma pipoqueira, fechou o
programa de mail e ficou perdida entre a página
malfadada e as senhas do servidor. Tanto fez, que
conseguiu até alterar a senha. Teve que pedir
novamente. Registrou errado, mas achou por bem deixar
como estava (não era tão difícil de guardar).
Andou, achou, mexeu...mexeu e conseguiu colocar lá a
gaivota....
A gaivota? Há há há há...
Quando foi ver o resultado, quase teve uma síncope.
Aquilo não era “uma” gaivota...
Era a própria invasão das mesmas:
Asas e bicos pra tudo que é lado, em cima, em baixo,
umas sobre as outras, ameaçando saírem visor a
fora.
E o texto....Que texto???
Tudo afogado no meio da gaivotarada!
Aterrorizada, voltou ao “editar” e arrancou as bichas
de lá...
As seis da manhã, com cara de coruja atordoada, olhos
vermelhos, saiu do computador e tentando chegar até a
cozinha, onde pretendia tomar um copo de suco, ficou
atolada na poça de mijo do cachorro, que indignado
por não poder dormir com os “plecs..plecs..” do
teclado, arranjou essa forma monstruosa de se vingar.
Limpou tudo e só não esganou o quadrúpede
porque
este, sabido, sumiu do campo de visão. Atirou-se na
cama e só retornou ao mundo dos “semivivos” ao meio
dia.
Chegada a noite, lá foi a teimosa tentar novamente.
Conversou com mais alguns. Recebeu de presente alguns
comandos mais. Consultou suas “cópias de segurança”;
fez mais algumas prá garantia e recomeçou.
No fim de algumas madrugadas, conseguiu afinal ter
por lá, uma cor de fundo, “algumas folhagens”, um
livro antigo, alguns textos e pasmem! - a gaivota
pomposamente histérica, batendo as asas lá no canto
esquerdo e a música!
É isso. Até a música!
Tá certo que tem lá embaixo uma “barrona” de controle
que deveria funcionar (presume-se), mas não funciona.
Só está lá: imensa! E não adianta
clicar “pause” nem
play. A coisa funciona sozinha, com vontade própria.
Mas não é ruim não. Até bem simpatiquinha!
Mas isso não é tudo não. Ela ainda vai tentar
fazer
umas “saletas” de leitura, quem sabe uma varanda com
vista para o pôr-do-sol, uma biblioteca, um...e....
Bom, enquanto ela sonha, eu já vou me recolher que se
faz tarde, ou cedo, depende do modo de encarar a
coisa. Ah! Ainda não acabou a odisséia não,
viu?
Todo dia tem novidade! :)