- 18/01/2000
EU SER HUMONSTRO
Eu, ser " humonstro " em decadência
De ferinas frases e língua torpe
Blasfêmias múltiplas espalhei na noite
Verbetes sem sentido, sem inocência
Lamentavelmente, frases inescrupulosas
Escrevo ao acaso sem pena nem dó
Perjúrios profanos, dizeres do pó
Estranhos poemas de rimas assombrosas
Enquanto procuro a beleza das frases
Sentimentos sombrios me invadem a mente
Me roubam as rimas, os verbos e as crases
Me sobram detritos poéticos, de repente
Enquanto sepulto a tristeza nas frases
Espasmos verbais me fazem contente
- 11/08/1999
CABECA DO MANÍACO
Psicodelicamente cabeluda
Receptáculo de idéias indescentes
Exotericamente desvairada
Sem nexo como a cabeça do vidente
Tabernaculo de planos diabolicos
Insolentes e macabras se multiplicam
Ideias do avesso, dos oráculos
Como teias de aranha se replicam
De pensar tão cabeluda e sem forma
Como o "filho do carbono e do amoniaco"
Profunda insanidade, demencia morbida
Assim é a cabeça do maníaco
20/07/1999
TEMPESTADE NO CAMPO
Rapidissimamente precipitando raios
Majestosa ira do crepúsculo saindo
Imponente tempestade dos ceus caindo
Relâmpagos e raios trucidando os troncos
Cataclisma celeste que em doce harmonia
A relva agreste inunda e arrebenta
Dos filhos da seca de boca sedenta
Confundem-se lágrimas, gotas, agonia
Violentamente os corpos arrastando
Pelos subnutridos pastos sem verde se ferem
Arbustos cortados seguem vagando
Cadavericamente tocando seu requiem
Dilaceradas gramineas sem forcas passando
Supultadas raizes seus brotos se perdem
- 19/07/1999
Desde que nasci
Desde que nasci
O sol nao brilha mais como antes
As estrelas não são mais cadentes
As paixoes não são mais ardentes
Desde que nasci
Nenhum Camões versou
Nenhum Bocage jamais ousou
Nenhum Gregorio de Matos satirizou
Desde que nasci
A sombra não refresca mais
O barco não ancora no cais
Os filhos não respeitam os pais
Se é tão sensivel a pele porque ferir
Se é tão bonita a verdade porque mentir
Se é tão triste a cancao porque cantar
Se é tão triste a rima porque versar
Campinas 15/07/1999
Solidão
Ai quantas lágrimas nascidas da noite
Sinceras, sozinhas, caladas, no outro dia
Era o sim, era o não, era a tristeza
Escorria pelas frestas, minha alegria
Era o som, era o silêncio, era a insônia
Enquanto ela contava eu não dormia
Corria, pulava, no canto escuro chorava
Mas o tempo passa sem piedade, ela sorria
Passava pela janela e meu nome gritava
Sem pedir licença, entrava, batia, calava
Era forte o brado, o soluço, o coração
que sonhava no amor e no ódio, no viver
Era o medo da vida, dos sonhos e de morrer
Era o sol, era a luz, era a solidão
Campinas 18/05/99
OS OLHOS DE TALITA
Era tão belo e ato puro aquele olhar
Expressão de arco-íris subitamente aparecendo
por entre as nuvens de inverno me aquecendo
Tão sensível e perfumado me embalava
Os meus sonhos mais secretos despertava
Os meus medos mais profundos eu sentia
Medo de perder de vista aqueles olhos
Medo de ficar sozinho, eu chorava e tremia
por pensar na solidão que me consumia
meu coração chorou e as lagrimas caíram
no papel em palavras se transformaram
em versos de amor e de agonia
O azul dos teus olhos nenhum céu tem a beleza
Nenhum raio de sol assim tem o brilho
Nenhum perfume tão sublime as flores exalam
Nenhum poeta inspirado sente tanta tristeza
14/06/99
POESIA PÓS MODERNA
Assim se escreve uma poesia moderna
Nada na alma, nada na mente
Riscos e rabiscos sem nada...sem nexo
Escritas nas portas dos banheiros
Ditas por bêbados no bar
Os punhos tremendo...garranchos
Mãos escrevendo...sem rumo
São apenas palavras ao acaso
Obras inacabadas
Palavras jogadas no papel
Absurdamente interpretadas
Ilusões de poetas ..amadores
Satíricos Camões inacabados
Estes homens nos publicam sua magoas
Outras vezes nos revelam suas falhas
Por tentar fazer uma poesia pós moderna
07/07/1999
CANTOS FRIOS
Secos, frios, escondidos e turvos
Quardas na face os animais grotescos
que de pavor de si mesmos, gigantescos
Urros de horror, ensurdecem os curvos
Casas de madeiras, sapés, concretos frescos
Todas tem cantos, mofos, bichos horrendos
guardados da sorte, risonhos, nojentos
murmuram silencio, medonhos seus pelos
Ali embutidos, procriam filhotes
Novos banidos nos cantos amontoam
Nos cantos das casas, dos prédios e postes
Cantos sombrios os gritos ressoam
Cantos sem vida, sem tinta, pixotes
Cantos sozinhos, tristezas ecoam
18/05/99