PARA LU ...MINHA INSPIRAÇÃO ! 

Soprava o vento nas pétalas das rosas
Espalhando o perfume da primavera no ar
Perfume dos campos floridos e verdes
Aromas que inspiram os pássaros a cantar
 
Eis que surgiu a mais bela das belas
Hálito de virgem, dourado, sem par
Magnificamente sorrindo, de repente
Teu perfume encantado fez tudo parar
 
A noite as estrelas decorando o céu
A lua tão clara beijando o mar
Teus lábios macios mais doces que o mel
O teu corpo divino fez tudo parar
 
Ternura é essa que invade e conquista?
Razão de viver que encontro em teus braços
Sentindo o aroma  dos raros alquimistas
Medindo sem fim a beleza dos teus traços
 
Luciana és linda ! Uma musa inspiradora
Tornando minhas trevas em doce luar
Encantando meus sonhos acordados no dia
A noite não vivo ! Só quero te amar !
 
De amar tanto assim já não escuto os pássaros
Perfumes não sinto só sinto teu hálito
As formas que vejo só lembram teu corpo
Suave, macio, que encontro em meu quarto.
 
Seria loucura se fosse verdade
Tamanha beleza meus dias contigo...?
Te amar de manhã e a cada segundo
Em teus seios de deusa encontrar abrigo ?
 
Sou pobre mortal...um homem simples do campo
Sonhando com um mundo de amor e simplicidade
Acordar ao teu lado e te ter de verdade
Sem sonho...sem medo...e na eternidade !

                                                                - 18/01/2000


EU SER HUMONSTRO  

Eu, ser " humonstro " em decadência
De ferinas frases e língua torpe
Blasfêmias múltiplas espalhei na noite
Verbetes sem sentido, sem inocência

Lamentavelmente, frases inescrupulosas
Escrevo ao acaso sem pena nem dó
Perjúrios profanos, dizeres do pó
Estranhos poemas de rimas assombrosas

Enquanto procuro a beleza das frases
Sentimentos sombrios me invadem a mente
Me roubam as rimas, os verbos e as crases

Me sobram detritos poéticos, de repente
Enquanto sepulto a tristeza nas frases
Espasmos verbais me fazem contente

                                                                        - 11/08/1999


CABECA DO MANÍACO

Psicodelicamente cabeluda
Receptáculo de idéias indescentes
Exotericamente desvairada
Sem nexo como a cabeça do vidente

Tabernaculo de planos diabolicos
Insolentes e macabras se multiplicam
Ideias do avesso, dos oráculos
Como teias de aranha se replicam

De pensar tão cabeluda e sem forma
Como o "filho do carbono e do amoniaco"
Profunda insanidade, demencia morbida
Assim é a cabeça do maníaco

20/07/1999


TEMPESTADE NO CAMPO

Rapidissimamente precipitando raios
Majestosa ira do crepúsculo saindo
Imponente tempestade dos ceus caindo
Relâmpagos e raios trucidando os troncos

Cataclisma celeste que em doce harmonia
A relva agreste inunda e arrebenta
Dos filhos da seca de boca sedenta
Confundem-se lágrimas, gotas, agonia

Violentamente os corpos arrastando
Pelos subnutridos pastos sem verde se ferem
Arbustos cortados seguem vagando

Cadavericamente tocando seu requiem
Dilaceradas gramineas sem forcas passando
Supultadas raizes seus brotos se perdem

                                                        - 19/07/1999


Desde que nasci

Desde que nasci
O sol nao brilha mais como antes
As estrelas não são mais cadentes
As paixoes não são mais ardentes

Desde que nasci
Nenhum Camões versou
Nenhum Bocage jamais ousou
Nenhum Gregorio de Matos satirizou

Desde que nasci
A sombra não refresca mais
O barco não ancora no cais
Os filhos não respeitam os pais

Se é tão sensivel a pele porque ferir
Se é tão bonita a verdade porque mentir
Se é tão triste a cancao porque cantar
Se é tão triste a rima porque versar


                                                                     Campinas 15/07/1999


Solidão

Ai quantas lágrimas nascidas da noite
Sinceras, sozinhas, caladas, no outro dia
Era o sim, era o não, era a tristeza
Escorria pelas frestas, minha alegria

Era o som, era o silêncio, era a insônia
Enquanto ela contava eu não dormia
Corria, pulava, no canto escuro chorava
Mas o tempo passa sem piedade, ela sorria

Passava pela janela e meu nome gritava
Sem pedir licença, entrava, batia, calava
Era forte o brado, o soluço, o coração

que sonhava no amor e no ódio, no viver
Era o medo da vida, dos sonhos e de morrer
Era o sol, era a luz, era a solidão


                                                                                    Campinas 18/05/99


OS OLHOS DE TALITA

Era tão belo e ato puro aquele olhar
Expressão de arco-íris subitamente aparecendo
por entre as nuvens de inverno me aquecendo
Tão sensível e perfumado me embalava

Os meus sonhos mais secretos despertava
Os meus medos mais profundos eu sentia
Medo de perder de vista aqueles olhos
Medo de ficar sozinho, eu chorava e tremia

por pensar na solidão que me consumia
meu coração chorou e as lagrimas caíram
no papel em palavras se transformaram
em versos de amor e de agonia

O azul dos teus olhos nenhum céu tem a beleza
Nenhum raio de sol assim tem o brilho
Nenhum perfume tão sublime as flores exalam
Nenhum poeta inspirado sente tanta tristeza

                                                                                    14/06/99


POESIA PÓS MODERNA

Assim se escreve uma poesia moderna
Nada na alma, nada na mente
Riscos e rabiscos sem nada...sem nexo
Escritas nas portas dos banheiros
Ditas por bêbados no bar
Os punhos tremendo...garranchos
Mãos escrevendo...sem rumo

São apenas palavras ao acaso
Obras inacabadas
Palavras jogadas no papel

Absurdamente interpretadas
Ilusões de poetas ..amadores
Satíricos Camões inacabados
Estes homens nos publicam sua magoas
Outras vezes nos revelam suas falhas
Por tentar fazer uma poesia pós moderna

                                                                            07/07/1999


CANTOS FRIOS 

Secos, frios, escondidos e turvos
Quardas na face os animais grotescos
que de pavor de si mesmos, gigantescos
Urros de horror, ensurdecem os curvos

Casas de madeiras, sapés, concretos frescos
Todas tem cantos, mofos, bichos horrendos
guardados da sorte, risonhos, nojentos
murmuram silencio, medonhos seus pelos

Ali embutidos, procriam filhotes
Novos banidos nos cantos amontoam
Nos cantos das casas, dos prédios e postes

Cantos sombrios os gritos ressoam
Cantos sem vida, sem tinta, pixotes
Cantos sozinhos, tristezas ecoam

                                                                        18/05/99


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