DESEJO
   

ESTRADA POÉTICA

 Na estrada da minha vida
 interior e simples
 decalcada da real
 houve acidentes frequentes
 felizmente não mortais
 a máquina empanou
 quase enferrujou
 o nevoeiro frequentou
 minha paisagem habitual
 a polícia me multou
 e os poemas abafaram
 os amigos me acompanharam
 em bebedeiras d'escrita
 nem o desvio foi ideal
 o imaginado alcançado
 mas ao alcance simulado
 esteve sempre a Poesia.

 Houve sangue, tédio, alegria
 e a estrada infinita correspondia
 a uma sabedoria ancestral
 visual, transcendental
 cuja meta se definia por
 POESIA

 Lisboa, 13 de Fevereiro de 1999