Pedro Aurelio
O Início de TudoNo início, éramos eu e o Lodo
nele eu me envolvia, dele eu viva
éramos um só; eu, lodo.
Não havia Noção de Nada;nem fumaça, nem água.
Só eu, lodo.
Mas eu queria ver o mundo
mesmo sendo o Lodo confortável;
e assim se deu, o Lodo e eu.Duas coisas distintas, que antes eram uma só.
O Lodo, em sua imensidão.
Eu, em minha insignificância,
em minha pequena concepção de suor e sangue.Vi o mundo, interessante e confuso.
Vi Deus e os Códigos de Barras.
Vi o concreto e o maravilhoso sistema telefônico;
Mas que tudo não passava de Lodo:
Eu, os belos lagos, a coroa e a espada;
A escada pro céu.E se do Lodo viemos e pro Lodo voltaremos.
Por que se enganar? Por que fugir?
Se ele está em todo lugar.
Conscientemente volto pro lodo:
Blub blub blub blub blub blub...
Reis
Lodo na VeiaDentro da geladeira
pernas, braços, cabeça e tronco
tudo cortadinho e separadoEu via o suco gástrico
escorrendo da barrigaEu via o sangue
esguichando de todos os cortesMas sentia um só cheiro
Lodo permeava o ar
com o odor particular da vidaE por mais que eu desmembrasse
O cheiro não sumiaE por mais que eu escondesse o corpo
O cheiro não desapareciaEu perdi a batalha
Lodo supera tudo
A morte a negação e o congelamentoAgora vejo Lodo
cheiro Lodo
sinto LodoReis
HEITOR
Cansaço
Glória e longa vida ao lodo
Ao lodo fétido, decrépito
Ao lodo representativo por obviedade da condição de vida humana
Vivas! ao lodo-preconceito, lodo-desrespeito, lodo-exclusão
Longe de mim as purezas, os campos floridos, o odor do orvalho e todas
[outras maquiações
Abaixo aos puristas, como dizia Bandeira
Como Mário, morte ao burguês de giolhos
- Quero sentir a viscosidade envolvendo meu corpo
Geraldo
Estética Lodista
afundo no que se vê.
afundando não sei em que.
tentar escapar, por quê?
preciso do apodrecimento para...
AH!! Não enche o saco!!!!!!
Geraldo