3
Vagueio campos noturnos
Muros soturnos
paredes de solidão
sufocam minha canção
A canção repousa o braço
no meu ombro escasso:
firmam-se no coração
meu passo e minha canção
Me perco em campos noturnos
Rios noturnos
te afogam, desunião,
entre meus pés e a canção
E na relva diuturna
(que voz diurna
cresce cresce do chão?)
rola meu coração
4
Nada vos oferto
além destas mortes
de que me alimento
Caminhos não há
Mas os pés na grama
os inventarão
Aqui se inicia
uma viagem clara
para a encantação
Fonte, flor em fogo,
que é que nos espera
por detrás da noite?
Nada vos sovino:
com a minha incerteza
vos ilumino
6
Calco sob os pés sórdidos o mito
que os céus segura - e sobre um caos me assento.
Piso a manhã caida no cimento
como flor violentada. Anjo maldito,
(pretendi devassar o nascimento
da terrível magia) agora hesito,
e queimo- e tudo é o desnoronamento
do mistério que sofro e necessito.
Hesito, é certo, mas aguardo o assombro
com que verei descer dos céus remotos
o raio que me fenderá no ombro.
Vinda a paz, rosa-após dos terremotos,
eu mesmo juntarei a estrela ou a pedra
que de mim reste sob os meus escombros.