

O Budismo nasceu na Índia, no século
VI a. C., como movimento de reforma do bramanismo. O príncipe
Sidharta Gautama, conhecido mais tarde como Sakyamuni(sábio do
clã Sakya), de um reino ao norte da Índia, acometido de
profunda tristeza por ver a injustiça da diferenciação social
por castas e a corrupção que invadira o país, depois de
alteradas as tradições religiosas pelos abusos da teocracia, ávida
de poder, renuncia a vida faustosa do palácio e embrenha-se na
floresta. A compaixão pelos sofrimentos humanos levou- o a viver
em retiro espiritual, como monge mendigante, procurando descobrir
a razão de tantas dores e a solução para o enigma da vida. Após
sete anos de estudo e meditação, encontrou finalmente resposta
as suas indagações.
Voltando à civilização, trouxe,
não qualquer crença diferente, mas apenas outra expressão da
Lei, criando uma nova religião: o Budismo. Rapidamente dele se
acercaram vários discípulos famintos de conhecimento, que o
reconheceram como Buda, isto é, O Iluminado. Dedicou esses 45
anos restantes de sua vida à ensinar e estabelecer a nova
doutrina que, ao contrário da maior parte das religiões, não
tem origem em Revelação Divina, mas sim na lógica.
Os princípios defendidos por ele
em nada diferem do bramanismo, exceto no que se refere à segregação
de castas, por constituir frontal negação das Leis do Amor e da
Caridade, consideradas nesta, como nas demais religiões,
virtudes imprescindíveis para o alcance da Perfeição, meta do
ser humano. Seus ensinamentos foram conservados por seus discípulos
na obra denominada Tripitaca, significando As Três Cestas da
Sabedoria.
Constituem os Livros Sagrados do
Budismo. Interpretados pelo leigo, parecem estabelecer simples
regras de conduta, mas meditados refletem as Verdades Divinas,
que apesar de não estarem encobertas por alegorias, não são
expostas claramente, mas apenas subentendidas. Demandam reflexão
e conhecimento para serem absorvidas na verdadeira acepção. A
Segunda Cesta, Suta Pitaca, contém o Dhammapada, ou Senda da
Virtude, livre de provérbios, inteiramente escrita em poesia. As
máximas desses provérbios baseiam- se na aceitação dos
preceitos em mandamentos básicos contidos nas orientações
intituladas Doze Elos, As Quatro Nobres Verdades, O Ótuplo
Caminho e As Dez Perfeições. Os preceitos encimados pelo título
de Doze Elos mostram a origem do sofrimento e o que ocasiona a
sua extinção. Consiste na exposição de uma sequência de
encadeamentos de qualidades negativas que levam ao sofrimento. A
mesma sequência, dominada, promove o seu fim. A primeira das
Quatro Nobres Verdades aponta uma série de fatos, situações e
sentimentos geradores de sofrimento. A segunda demonstra que tais
coisas provém do desejo, concluindo ser este a causa da dor. A
terceira explica que apenas com a aniquilação do desejo cessa o
sofrimento. A quarta indica a observância do Ótuplo Caminho
para se atingir esse objetivo. O Ótuplo Caminho expõe a maneira
correta da crença(isenta da superstição e da ilusão), da
resolução, do falar, da conduta, da ocupação, do esforço, da
contemplação e da concentração.
As Dez Perfeições consideradas
por Buda são: doação, dever, renúncia, discernimento, coragem,
paciência, verdade, resolução, carino e serenidade. O Budismo
prega a instrospecção, renúncia e compaixão com grande veêmencia.
Explica que para se obter essas virtudes antes, é necessário
alcançar a paz interior. A maneira de se obter essa paz é muito
elaborada nessa religião. Grande ênfase é dada ao saber, à prática
do bem e à extinção do desejo.
Dizia Buda: " A ignorância
é o mal soberano de que decorrem o sofrimento e a miséria
humana. O conhecimento é o principal meio para se adquirir a
elevação da vida material e espiritual". "É necessário
praticar o bem porque o bem é o fim supremo da Natureza".
Realmente, só um iluminado
poderia proferir tais palavras. Ele nada ensinou sobre Deus , por
julgar que ninguém conseguiria concebê-Lo. Tanto ele como seus
discípulos realizavam o Diana, ou a contemplação, o êxtase.
Afirmava ele ainda:" Descobri uma Verdade profunda, difícil
de ser percebida; ela cobre de paz o coração, é sublime,
ultrapassa qualquer pensamento, mas é secreta e só o sábio é
capaz de aprendê-la. No turbilhão do mundo agita-se a
humanidade; no turbilhão do mundo encontra ela a sua sede e o
seu prazer. Para a humanidade há de ser coisa difícil perceber
o encadeamento das causas e efeitos; e mais difícil ainda
compreender a entrada no repouso de todas as formações, o
desprendimento das coisas terrenas, a extinção da paixão, o
Nirvana." Essa expressão, mal interpretada em muitas
ramificações do Budismo, passou a significar a perda da
individualidade ou o esvaecimento do ser, quando, na realidade se
constitui na conquista do último estágio evolutivo: a completa
liberação de anseios. É um estado de elevação espiritual que
abrange todos os conhecimentos, e todos os sentimentos mais puros
se integram como uma condição do Ser. Nada mais é do que o
coroamento da Perfeição, onde Amor e Saber, conjuntamente,
atingem sua maior plenitude proporcionando a verdadeira Sabedoria.
Unicamente no Tibet manteve-se tal concepção na forma correta.
Com o passar do tempo, os povos
orientais transformaram esse conceito de renúncia consciente
numa doutrina de aniquilamento voluntário e prostração
intelectual que nenhuma semelhança tem com a idéia original.
Três séculos após a morte de
Buda, o rei Açoca, cujo reinado foi de 234 a 188 a. C., e seu
filho Maedra, estabeleceram o Budismo como religião oficial na
Índia e o introduziram no Ceilão. Espalhou-se por toda a Ásia,
penetrando no Tibet, China, Coréia e Japão. Séculos depois,
apesar de firmemente estabelecido nos outros países, quase
desapareceu de seu berço natal. Foi combatido pelos brâmanes,
que não o aceitavam, sofre transformações e adulterações,
como toda a religião, abafando o seu pensamento original. O ramo
sul da Ásia, principalmente em Ceilão e Burma, conhecido como
Hinayana ou O Pequeno Caminho, conservou sua forma mais íntegra,
deísta e espiritualista. No norte, notadamente na China e no Japão,
desenvolveu-se um sistema mais complexo e materialista, que ficou
conhecido como Mahayana, O Grande Veículo. Também na China o
dualismo do Universo, os dois fatores de natureza oposta:macho e
fêmea, positivo e negativo, energia e matéria, apresentados
como Yng e Yang.


A
felicidade verdadeira chega quando entendemos que a mudança
é a realidade final do mundo material.
Nada
dura para sempre.
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Mitologia Indiana

