Muitas vezes, vivemos experiências em nossas vidas, em que temos a impressão de que os anjos celestes, desceram do céu e tomaram a forma humana, apenas para estarem ali naquele exato momento. Num momento de desespero, coletivo ou individual, um momento onde acreditamos que não há mais nada a se fazer, que é o fim de tudo, das forças e das esperanças...eles surgem.
São seres humanos, dotados de uma alma especial, que foram colocados no caminho de alguém com esta missão. Muitos deles nunca haviam feito nada de tão extraordinário em suas vidas, outros já vinham trazendo um histórico carregado de boas ações e atos benevolentes. Eles são apenas seres humanos, mas eu os chamo de Anjos Humanos.
Eu acreditava que o mundo deveria ser constituído de pessoas
assim, e com o passar do tempo, fiquei muito feliz em constatar que eles
existem, para nos fazerem acreditar que nem tudo está perdido. Como
as palavras do anjos de Sodoma e Gomorra:"- Se me apontares apenas um ser
digno de minha compaixão e meu perdão, eu salvarei a cidade
inteira." Assim, acredito que enquanto existirem estes seres humanos, e
enquanto houver a chance de sermos um deles, existirá a esperança
e poderemos um dia nos tornarmos uma grande legião de Anjos Humanos.
E estaremos a salvo.
O Maior
Amor
Numa aldeia vietnamita, um orfanato dirigido por um grupo de missionários,
foi atingido por um bombardeio. Os missionários e duas crianças
tiveram morte imediata e as restantes ficaram gravemente feridas. Entre
elas, uma menina de oito anos, considerada em pior estado. Era necessário
chamar ajuda por uma rádio e a fim de algum tempo, um médico
e uma enfermeira da Marinha dos EUA chegaram ao local. Teriam que agir
ràpidamente, senão a menina morreria devido aos traumatismos
e á perda de sangue. Era urgente fazer uma transfusão, mas
como? Após alguns testes rápidos, puderam perceber que ninguém
ali possuía o sangue preciso. Reuniram as crianças e entre
gesticulações, arranhadas no idioma, tentavam explicar o
que estava acontecendo e que precisariam de um voluntário para doar
o sangue. Depois de um silêncio sepulcral, viu-se um braço
magrinho levantar-se tímidamente. Era um menino chamado Heng. Ele
foi preparado ás pressas ao lado da menina agonizante e espetaram-lhe
uma agulha na veia. Ele se mantinha quietinho e com o olhar fixo no teto.
Passado algum momento, ele deixou escapar um soluço e tapou o rosto
com a mão que estava livre. O médico lhe perguntou se estava
doendo e ele negou. Mas não demorou muito a soluçar de novo,
contento as lágrimas. O médico ficou preocupado e voltou
a lhe perguntar, e novamente ele negou. Os soluços ocasionais deram
lugar a um choro silencioso mas ininterrupto. Era evidente que alguma coisas
estava errada. Foi então que apareçeu uma enfermeira vietnamita
vinda de outra aldeia. O médico pediu então que ela procurasse
saber o que estava acontecendo com Heng. Com a voz meiga e doce, a enfermeira
foi conversando com ele e explicando algumas coisas, e o rostinho do menino
foi se aliviando...minutos depois ele estava novamente tranquilo. A enfermeira
então explicou aos americanos:
"- Ele pensou que ia morrer, não tinha entendido direito o que vocês disseram e estava achando que ia ter que dar todo o seu sangue para a menina não morrer."
O médico se aproximou dele e com a ajuda da enfermeira perguntou:
"- Mas se era assim, porque então você se ofereceu a doar seu sangue?"
E o menino respondeu simplesmente:
"- Ela é minha amiga."
O Herói
Esquecido
Era um sábado de sol no Jardim Zoológico de Brasília.
Uma pequena multidão se acotovelava para assistir ás brincadeiras
de um grupo de ariranhas. Para quem não conheçe a ariranha,
ela é uma espécie de lontra brasileira, porém muito
grande, algumas chegam a atingir mais de 1.80cm de comprimento. De repente,
por pura imprudência, um menino de 13 anos, Adílson, debruçou-se
na tela de proteção e acabou caindo dentro do fosso. A ariranha
é muito pacífica em sua natureza, mas este grupo era formado
de algumas fêmeas e seus filhotes, e assim sendo, em defesa de suas
crias, todas elas atacaram Adílson. Formou- se o pânico. Todos
gritavam, mas ninguém movia uma palha para ajudar o menino. O sargento
do exército Sílvio Holembach, de 33 anos, acabara de entrar
no Zoo, acompanhado da mulher e quatro filhos pequenos. Quando viu a gritaria,
correu para o local e indiferente aos apelos da esposa, saltou dentro do
fosso para salvar o menino. As ariranhas se voltaram contra ele, furiosas
e só o largaram quando, algum tempo depois, dois guardas locais
também entraram no fosso e afastaram os animais. Adílson
e o sargento Holembach foram levados para o Hospital das Forças
Armadas. O menino foi gravemente ferido nas pernas e nos braços,
um dos dedos da mão estava pràticamente seccionado. Contudo,
sobreviveu. O sargento, seu defensor, teve mordidas profundas em toda a
extensão do corpo e o rosto desfigurado. Morreu três dias
depois. No leito, ele apenas repetia:
"- Eu tinha que fazer alguma coisa. O menino ia morrer. Haviam dezenas
de pessoas assistindo e não fizeram nada. Eu tinha que fazer alguma
coisa."
Doze anos após a sua morte, ele foi condecorado postumamente
com a medalha Sangue de Brasília, concedida aqueles que se distinguem
com risco á vida, por atos pessoais de abnegação.