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PAGE PESSOAL ADÔNIS/ LUKIE D.
AUTOBIOGRAFIA/
MINHA
CARREIRA
"Nunca tive muito jeito com
a arte ou desenhos, embora sempre me interessei por coisas relativas à arte
em geral. Resolvi entrar para os quadrinhos porque eu queria muito morar sozinho,
e se achava na época que um profissional de quadrinhos devia morar só, de preferência.
Eu tinha de 14 para 15 anos, e não sabia nada de desenho, absolutamente. Queria
ser escritor ou autor de personagens. Isso durou até o outro ano, 1994, quando
comecei a tentar desenhar, e foi um desastre. Eu odiava quadrinhos (e computadores
principalmente), era apenas a profissão que eu tinha escolhido. A música sempre
ocupou um lugar muito grande na minha vida (como ouvinte apenas), e me parecia
que o mais certo seria tentar trabalhar com algo ligado ao showbizz musical,
ou fazer uma banda. Na verdade, isso já havia sido pensado por mim e mais dois
amigos de classe, um deles o Eddie. Essa banda demorou mais ou menos uns quatro
anos para sair. Só em 95, com o Steel eu comecei a apresentar algum resultado
melhor do que nada, mas não muito melhor, em termos de arte seqüencial. Comecei
a ler quadrinhos, o que ajudou. Até então, minhas únicas influências eram a
música (o que não ajuda muito para se desenhar, ora!), e o cinema. Passei a
conhecer o trabalho de Jim Lee, Todd McFarlane, e contemporâneos co-fundadores
da Image Comics, e aí tudo mudou. Entrei no ano de 96 sem querer ser desenhista,
como antes - nunca quis ser artista pois era péssimo, ninguém dizia que eu tinha
talento, nem mesmo eu! Bom, um dia, o cara que desenhava na Abril (o Donizete
Amorim) me convenceu a ser penciller (o profissional do lápis), me deu o telefone
do Art&Comics (que agenciava desenhistas para o mercado americano), e eu pensei
muito, até que aceitei seguir a carreira de desenhista. Para isso, estudei muito
e passei horas e horas trancado desenhando. Não deu certo. Após minha ida ao
Art & Comics, me dediquei à reformulação do Universo Steel, e em personagens
meus, para sua possível publicação no Brasil (...). Peguei um personagem antigo
e bem legal, que se chamava Cavaleiro das Sombras, e mudei para Soulblade; foi
legal porque era cheio de elementos de poesia, resultando num trabalho muito
bonito literariamente. Era uma época em que eu desenhava cerca de 16 horas por
dia, e passava por uma fase de profunda melancolia, profunda mesmo. No início
de 97, já não desenhava tanto tempo, passei a ter alguma vida social (coisa
que desenhista não costuma ter), e comecei a dar os primeiros passos na computação
gráfica e colorização digital de comics, com resultados razoáveis. Meus primeiros
contatos com a informática me deixaram simplesmente fascinado, passava mais
tempo em frente ao computador do que na minha mesa. E a Internet então? Eu,
achava aquilo uma besteira, até meu primeiro dia de navegante... Foi ainda mais
fascinante que meus primeiros contatos mais substanciais (digo isso pois, mexi
num computador pela 1.ª vez em 1984) com a tecnologia digital, e, fiquei maluco!
No ano de 1997, além dessa incursão pela editoração eletrônica, posso dizer
que, passei a ver realmente o que são os comics, como forma de arte e técnica.
Percebi porque sempre achei que nunca conseguiria ser um desenhista decente,
pois, me parece este ser um dos ramos mais técnicos do conhecimento humano acumulado
até aqui na nossa história. Não exagero ao dizer isso, e sei que todos os profissionais
do ramo sabem disso também. Chegar a essas conclusões é algo bom, mas, um tanto
que perigoso, pois podemos passar a nos achar o máximo, ou mais, e, isso é muito
prejudicial para nós, como pessoas que se relacionam (ou tentam) com outras
pessoas. Vi isso mais tarde, e hoje luto muito para tentar ser mais humilde,
pois perdi muito das pessoas ao meu redor. Perdas por vezes irrecuperáveis,
e que me entristecem um bocado. Meses depois, no mesmo ano, achava que era um
artista perfeito, afinal, não havia mais o que aprender sobre anatomia (eu me
achava o máximo, pois, dominava, além do arroz com feijão, a anatomia das costas
e da parte de trás das pernas, coisa que até hoje assombra muita gente), perspectiva
e narrativa. Pra piorar, houve uma convenção de comics em São Paulo no meio
do ano, cheia de artistas brasileiros que trabalhavam pra América, e lá, tive
a oportunidade de falar com alguns deles e mostrar-lhes o meu trabalho. Eles
elogiaram bastante, e isso me deixou mais inflado ainda. Estava enganado, e
só percebi que não sabia tanto assim quando consegui entrar para outro estúdio
que também agenciava artistas, o Sequential Artists. Lá fiquei quase um ano
de molho de desenho, aprendendo, e fazendo coisas de colorização digital e arte
final, até finalmente ser aceito como autor e desenhista de um título pessoal,
o Belly, em setembro de 1998, um momento de grande honra, felicidade e orgulho
(um orgulho sadio) na minha vida. Por essa época comecei a escrever também,
desde contos de comics para o Sequential, a outras coisas por fora, até um jornal!
Pro estúdio foi um pouco trabalhoso, pois, passei a escrever exclusivamente
em inglês. Minhas influências principais foram Jim Lee, Katsuhiro Otomo (certamente,
os dois são os mais visíveis no meu trabalho), Marc Silvestri, Whilce Portaccio,
Twisted Sister, Steven Spielberg, James Cameron, Iron Maiden, Dale Keown, George
Miller, J. Scott Campbell, Weird Al Yankovic, Frank Miller, Falcão, Scott Williams,
e Greg Capullo. Cheguei, em algumas épocas a mesclar influências, desenhando
como o Jim Lee, outra hora como Campbell, depois como o Capullo, e hoje, é uma
coisa mais madura. Mas você vê um pouco de cada um deles no meu traço. Como
autor, sempre coloco elementos pessoais em meus personagens, o que faz com que,
se você conhecer a minha obra, me conhecerá um pouco melhor. Verá também que
tenho momentos de alegria, mas, sou sério e melancólico. Aliás, lendo meus textos,
você pode ver vários elementos de minha personalidade. Hoje, além de comics
tradicionais, estou entrando numa fase de experimentação de novas tecnologias,
coisas modeladas em 3D, e animação, junto com um amigo de Steel Brain (o Sr.
Jorge Luiz), algumas delas para auxiliarem na área de comics tradicionais. Na
verdade, antes de me aventurar pela colorização digital (fato que aceitei meio
que obrigado), eu odiava computadores, mas, depois de aprender a utilizar o
software de colorização (Adobe Photoshop), comecei (como dito antes) a me aventurar
por uma porção de softwares e entrei de cabeça na informática de última geração,
coisas como Internet (que eu odiava também), e elementos técnicos, e, hoje,
não sei o que seria da minha vida sem os computadores. E a tecnologia digital
é algo que invadiu minhas páginas de comics também; sempre há elementos, principalmente
em se tratando da Internet. Isso tudo para uma garoto que pregava o fim dos
computadores quando era colegial. Que era tido como sem futuro na arte. Que
diziam que nunca conseguiria fazer nada direito... Gosto também de pesquisar
novas técnicas de utilização de tecnologia de ponta como auxílio à arte tradicional,
não só comics. Novas técnicas de pintura digital, e meios de aperfeiçoar a maneira
que usamos a tecnologia digital de manipulação de imagens a favor do nosso talento.