"Eu estava morando em Tulsa havia menos de meio ano. Minha mãe havia sido

transferida para um grande banco americano, e a agência em que ela deveria

trabalhar era lá. Como meu irmão era muito novo para acompanhá-la, ela me

levou para Tulsa com ela.

Um dia, enquanto estávamos andando de carro pela cidade, ela disse:

Mãe: Preciso ir ao mercado. Não quero que fique sozinha, então vou deixá-la

na casa da minha colega Diana.

Fer: Tudo bem. Te ligo quando eu quiser ir embora, tá?

Mãe: Tá certo.

Fer: Por acaso ela tem filhos ou filhas da minha idade?

Mãe: Acho que sim. Opa, é aqui. Comporte-se e não esqueça de me ligar!

Fer: Tá, mãe. Tchau!

Eu toquei a campainha e uma mulher loira veio atender:

Di: Você deve ser a filha da Lilian, certo?

Fer: Sim, sou eu.

Di: Eu sou Diana. Entre, meus filhos estavam esperando você.

Filhos? Estava começando bem...

Ela me levou até a sala, onde eu vi os filhos dela: três garotos loiros, que

estavam jogando videogame. Ela chamou-os e disse:

Di: Filhos, esta é a filha da minha colega Lilian. Ela vai passar o dia com

a gente. Comportem-se com ela, certo?

Então, escutei uma voz familiar dizer:

Ike: Certo, mãe. Eu faço eles se comportarem.

Diana saiu da sala e me deixou sozinha com os três. Quem eram eles? E por

que aquela voz era tão familiar?

Após alguns segundos de silêncio, outra voz familiar perguntou:

Zac: Qual seu nome?

Fer: Fernanda, e o de vocês?

Zac: Eu sou Zac, o garoto que falou com nossa mãe é o Isaac e este outro é o

Taylor.

Fer: Zac, Taylor, Isaac... Me digam que é uma grande coincidência e vocês

não são os...

Zac: Hanson? Exatamente. Você vai passar a tarde inteira aqui e depois vai

espalhar que conheceu a gente.

Fer: Não sou garota de fazer isso. O que estão jogando?

Zac: Eu estou jogando 'Wave Race' com o Ike e Taylor está escrevendo alguma

coisa no laptop dele. O que você quer fazer?

Fer: Se vocês pudessem me ensinar a jogar, eu adoraria.

Zac: Entre no meu lugar. Eu te explico tudo e ainda ensino como derrotar o

Ike no jogo.

Ele me deu o controle e me fez sentar ao seu lado. Enquanto eu tentava

jogar, ele me dizia o que eu devia ou não fazer. Em poucos minutos eu

aprendi e, como derrotei-o diversas vezes, Ike desistiu de jogar e foi falar

com Taylor. Zac entrou no lugar dele e continuou jogando comigo.

Ike e Taylor estavam conversando sobre Zac:

Tay: Você não acha que o Zac gostou muito da Fernanda?

Ike: Acho. Ele nunca deixou alguém tomar o lugar dele no videogame,

ainda mais uma garota que ele mal conhece!

Tay: É só olhar nos olhos dele. Percebeu que, desde que ele viu ela, o olhar

dele mudou completamente?

Ike: Tá muito na cara... Mas não fale nada.

Tay: Tá bom, eu não vou comentar nada com ele.

Enquanto isso, nosso jogo continuava:

Fer: Você não vai me passar!

Zac: Vamos ver?

Fer: Você não tem manha pra jogar!

Zac: Tenho sim...

Fer: Deixa eu mostrar como uma fera faz.

Zac: Fera? Você aprendeu a jogar há 20 minutos!

Fer: Mas já sou fera.

E a discussão parou por ali. Estávamos muito concentrados para ficarmos

discutindo sobre quem jogava melhor!

Passei uma tarde muito agradável; tiramos fotos, jogamos videogame em

duplas, surfamos na Net, aprendi a jogar beisebol, mas às 7 da noite minha

mãe chegou na casa deles para me buscar. Foi estranho, pois eu nem havia

ligado... Alguma coisa havia acontecido, e eu teria de saber.

Após muita insistência da parte da minha mãe, eu me despedi deles. Zac e Ike

me fizeram prometer que eu iria lá sempre para jogar videogame, até porque

nossas casas eram perto uma da outra. Mal sabíamos que aquilo não seria

possível por um bom tempo...

Eu e minha mãe fomos para casa. Ao chegar, vi que nossas coisas estavam

empacotadas, como se fôssemos nos mudar.

Fer: O que aconteceu?

Mãe: Estamos indo para Toronto amanhã de manhã. Suas coisas já estão

arrumadas, só temos de acordar cedo e pegar um avião para Oklahoma City, de

onde iremos para lá.

Fer: Eu não quero ir!! Me recuso!!

Mãe: E onde você ficaria?

Fer: Qualquer lugar seria melhor que Toronto. Por que temos de ir?

Mãe: O banco está fechando um grande negócio lá e vamos ter que morar em

Toronto por meio ano. Não se preocupe, passa rápido.

Fer: Não é justo...

Fui para meu quarto e comecei a chorar. Justo quando eu tinha arrumado

alguns amigos... Mas não havia muita coisa que eu pudesse fazer. Finalmente,

resolvi me conformar e aceitar a mudança.

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Fer: Finalmente!! Como é bom estar de volta!!

Com essas palavras, eu entrei em casa, após a temporada canadense. Foi tão

bom poder ver meu quarto de novo... Mas tinha a sensação de ter esquecido de

alguma coisa importante quando morava em Toronto. O que poderia ser?

Passamos quase uma semana arrumando a casa. Na sexta, dia que mamãe voltou

para a agência, ela disse:

Mãe: Filha, minha volta vai ser cansativa, então você vai ficar na casa dos

seus amigos.

Fer: Que amigos? Não sei de quem você tá falando.

Mãe: Tudo bem. Vamos?

Pegamos o carro e saímos. Quando chegamos, eu lembrei de que amigos ela

estava falando e disse:

Fer: Obrigada, mãe. Estava morrendo de saudades deles.

Mãe: Eu sei. Já conhece o esquema: quando quiser ir embora, me liga.

Fer: Tá bem. Tchau, mãe!

Toquei a campainha e um homem que eu não conhecia veio atender:

Jake: Em que posso ajudar?

Fer: O Zac, o Taylor ou o Ike estão?

Jake: Ah, você é a Fernanda, certo?

Fer: É, sou eu.

Jake: Eu sou Jake, primo deles. Pode entrar, eles vão ficar felizes em ver

você.

Entrei na casa e vi os três desenhando. De repente, Ike virou e deu de cara

comigo:

Ike: Fernanda!! Quanto tempo!!

Tay: Fernanda? Nossa, você sumiu!!

Fer: Gente, que saudades que eu tava de vocês!!

Zac: Fer!! Onde você se meteu? Achei que você tinha desistido de vir aqui

jogar videogame!!

Fer: Já conto tudo. Agora, eu quero um abraço de vocês, porque eu estava

morrendo de saudades!!

Eles me abraçaram tão forte que até pareceu que eu tinha ficado 10 anos sem

vê-los. Depois, nós sentamos no sofá e eu comecei a contar a eles o que

havia acontecido:

Fer: Naquele dia, quando eu cheguei em casa, minha mãe falou que a gente ia

morar no Canadá. Eu queria me despedir, mas não tinha o telefone de vocês e

também não poderia vir aqui, pois tinha que arrumar minhas coisas. Agora,

meio ano depois, voltamos, e a primeira coisa que fiz foi vir aqui!

Zac: Você não sabe o quanto nós sentimos sua falta. A casa tinha ficado tão

silenciosa sem nós quatro conversando e rindo...

Tay: De que adiantava a gente querer fazer o que fizemos aquele dia? Faltava

o quarto elemento da turma, nada dava certo.

Ike: Além do mais, Zac não tinha mais dupla pra jogar videogame...

Nós começamos a rir. Como era bom estar com eles de novo...

Durante o dia inteiro, fizemos tudo o que tínhamos direito. Mais pro final

da tarde, eles começaram a arrumar a casa. O que teria acontecido? Eu

perguntei pro Taylor e ele respondeu:

Tay: Hoje vai ter reunião de família aqui em casa, e precisamos inventar

alguma coisa pra nossos priminhos.

Ike: Essa é a pior parte...

Fer: Sei como isso é ruim, tenho um irmão de seis anos.

Zac: Por que você não trouxe ele aqui em casa?

Fer: Porque ele está morando com o meu pai no Brasil. Aliás, eu preciso

ligar pra ele hoje; já faz umas duas semanas que não damos notícia e o

pessoal deve estar preocupado.

Ike: Deve ter sido difícil para seu irmão...

Fer: Ele soube lidar. Bem, eu acho melhor ligar para minha mãe, pois não

quero atrapalhar a reunião da família de vocês.

Tay: Não, você vai ficar aqui.

Fer: Não vou atrapalhar?

Zac: Você já é quase da família! Como poderia atrapalhar?

Fer: Tudo bem, eu fico. Agora, vamos inventar alguma coisa para as

criancinhas...

Decidimos que o melhor seria um teatro de fantoches. Fizemos os bonecos,

montamos os cenários e escrevemos as falas. Foi muito engraçado! As crianças

adoraram e os pais ficaram impressionados com a nossa criatividade na hora

de escrever e interpretar.

Eram quase 9 da noite quando o telefone tocou. Ike atendeu e passou a

ligação para mim, porque era minha mãe.

Fer: Alô?

Mãe: Oi, filha!

Fer: Oi, mãe, tudo bem?

Mãe: Tudo. Como tá tudo por aí?

Fer: Tá tudo legal.

Mãe: Daqui a cinco minutos, vou sair de casa pra te buscar, tá?

Fer: Só um minuto.

Eu falei pra eles que eu ia embora, mas quem disse que eles iam deixar? Zac

pediu pra falar com a minha mãe:

Zac: Lilian, a Fer pode dormir aqui em casa?

Mãe: Mas ela tem que pegar as coisas dela, e tem que falar com sua mãe...

Zac: A mãe deixa. Daí você passa aqui, a gente pega as coisas da Fer e ela

vem pra cá. Tudo bem?

Mãe: Você me convenceu, Zac. Ela pode dormir aí.

Zac: Obrigado! Vamos nos divertir muito.

Então, eu peguei o telefone:

Fer: Conseguiram te convencer?

Mãe: Conseguiram. Vou pegar vocês em cinco minutos, depois eu deixo vocês aí

de novo.

Fer: Tá bom, mãe. Tchau!

Mãe: Tchau!

Desliguei o telefone e fui falar com Zac. Precisava agradecer, pois foi ele

quem convenceu minha mãe.

Em cinco minutos, minha mãe pegou a gente e fomos pra minha casa. Ficamos lá

no meu quarto e, enquanto eu pegava minhas coisas, eu ia conversando com

eles:

Fer: Sabiam que eu guardei uma foto de vocês que a gente tirou aquele dia?

Tay: Nossa! Você levou pra Toronto?

Fer: Devo ter levado, mas acho que tava numa das caixas que eu não abri.

Usei poucas coisas lá, quase todas as minhas caixas ficaram fechadas.

Zac: Ah...

Fer: Estou pronta! Já peguei meu pijama, uma roupa pra usar amanhã, escova

de dentes e de cabelo e tudo o que eu preciso pra ir pra sua casa. Vou

chamar minha mãe, só um minuto.

Eu saí do quarto e deixei eles lá, enquanto ia chamar minha mãe. Ike disse:

Ike: Zac, como você foi convidar ela pra ir dormir lá em casa?

Tay: Mamãe vai te matar se souber.

Zac: Não se preocupem, tenho tudo sob controle. Preciso me declarar agora ou

não me declaro mais e vou carregar a culpa pra sempre.

Tay: Coisas de garoto apaixonado...

Ike: Sem comentários...

Lá da porta, eu chamei eles para irmos pra casa deles. Pegamos o carro e

minha mãe deixou a gente lá, dando um monte de recomendações. A parte chata

da história...

Finalmente, minha mãe foi embora. Eu não queria nem ver a cara da Diana

quando ela soubesse que o Zac tinha me convidado pra ir dormir na casa deles

sem avisar! Eu não tinha culpa de nada, quem ia se ferrar com ela era o Zac,

não eu.

Taylor pegou minha mochila e pôs no quarto deles, pois a gente tinha que ir

jantar. Diana perguntou:

Di: Conseguiu convencer a Lilian, Zac?

Zac: Consegui, mãe. A Fer vai dormir aqui em casa.

Di: Que bom, filho. Acho que vocês estão se dando muito bem.

Tay: Bem até demais...

Di: O que você disse, Taylor?

Tay: Nada, mãe. Não se preocupe.

Ike: Como foi morar em Toronto, Fer?

Fer: O pessoal do banco cedeu uma casa super legal pra gente e a cidade é

maravilhosa, mas eu não conhecia ninguém lá. O pior de tudo é que eu também

estudo em casa e não tinha pessoas da minha idade pra conversar. Se eu

precisava conversar com alguém, só tinha minha mãe ou minha agenda.

Zac: Que pena que a gente não tava lá, né? Se a gente tivesse, acho que você

não ia se sentir tão sozinha.

Fer: Eu nem pude me despedir aquele dia...

Ike: Mas o importante é que você voltou e a nossa amizade continua!

Continuamos o jantar. Tinha um monte de gente da família deles lá que eu nem

sabia quem eram, mas eu tentei agir normalmente. Uma hora, umas tias deles

me chamaram de lado e começaram a encher o saco:

Tia 1: Você tá namorando com algum deles?

Tia 2: É verdade que o Zac não tira os olhos de você?

Fer: Bom, eu não namoro com nenhum deles, e, se o Zac não tira os olhos de

mim (como vocês disseram), eu nem percebi, pois ele é um grande amigo e só.

Tia 2: É assim que começa...

Tia 1: Grandes amigos quase sempre viram namorados em pouco tempo...

Fer: Não no meu caso.

Eu voltei para a mesa. Por que aquelas solteironas se meteram a me dar

conselhos românticos? O tipo...

Após o jantar, Di arrumou minha cama no quarto dos garotos. Ela achava que

era melhor eu ficar lá, caso eu precisasse de alguma coisa no meio da noite.

Zac ficou tão feliz de saber que minha cama era do lado da dele... Ele tinha

uma boa razão para ficar feliz: a garota que ele tanto amava parecia gostar

dele.

Taylor e eu ficamos jogando videogame até tarde da noite. No meio do jogo,

ele soltou a língua:

Tay: Você sabia que o Zac gosta de você?

Fer: Ele gosta de mim como amiga, pois é isso que nós somos.

Tay: Ele gosta de você não apenas como amiga, mas como namorada.

Fer: Duvido muito. Ele nunca agiu de maneira diferente comigo.

Tay: Vai por mim, pois eu sei como ele é. Ele está apaixonado e não vai

demorar pra ele se declarar.

Fer: Não acredito muito nisso.

Ike: Pois devia...

Tay: Você não ia dormir, Ike?

Ike: Perdi o sono com a conversa de vocês. Eu acho que você devia acreditar

no Taylor, porque o Zac mudou muito desde que você apareceu.

Tay: Ele não largava a foto que vocês tiraram juntos... sempre que a gente

falava de você os olhos dele brilhavam...

Fer: O Zac tá dormindo, né? Ele não pode saber que a gente tava falando

dele.

Zac: O que tem eu?

Fer: Acho que estava enganada.

Ike: Achei que você tinha ido dormir!

Zac: Eu fui, mas esse barulho todo aqui na sala não deixou. Sobre o que

vocês estavam falando?

Tay: Sobre...

Fer: ...jogar videogame em dupla. Faz tanto tempo que não fazemos isso... A

gente tava combinando de jogar amanhã, o que você acha?

Zac: Tudo bem, mas desde que você seja minha dupla.

Fer: Por mim, tudo bem.

De repente, Diana apareceu na sala. Será que o barulho tinha acordado ela

também?

Di: Por que os quatro não foram dormir ainda?

Ike: Não estávamos com sono ainda, mãe.

Zac: Nós só viemos aqui relaxar um pouco e colocar a conversa em dia.

Ike: Temos muita coisa pra conversar.

Tay: Sabe como é, ficamos todo esse tempo sem nos falarmos...

Zac: Não vamos demorar pra dormir. Imagino que a Fer esteja cansada.

Di: Tudo bem. Podem ficar, mas sem barulhos exagerados.

Ike: Tá bom, mãe.

Zac: Nós falamos um pouco mais baixo dessa vez.

Di: Se vocês quiserem comer alguma coisa, olhem na geladeira ou no armário.

Ike: Tudo bem, eu cuido disso.

Di: Zac, não invente de tocar bateria a essa hora, certo?

Zac: Tá, mãe. Não vou nem chegar perto dela.

Di: Bem, era só isso. Boa noite!

Ike: Boa noite, mãe.

Finalmente, após aquele monte de recomendações, Diana subiu pro quarto dela

e deixou a gente lá na sala. Aqueles garotos sabiam como inventar desculpas,

nunca vi coisa igual...

Zac e eu estávamos no sofá, Taylor em um dos braços e Ike numa cadeira na

frente do sofá. Apesar de ser verão, estava frio, e meu pijama era mais

curto do que deveria. Traduzindo: estava morrendo de frio, não tinha levado

uma roupa mais quente e ainda tinha que agüentar o Taylor, que não parava de

encher o saco por causa do pijama.

Do nada, Ike perguntou:

Ike: Zac, cadê seu casaco azul?

Zac: No quarto; por quê?

Ike: Traz aqui. Você já sabe o uso que eu tenho pra ele, ou ainda não

percebeu? - ele disse, piscando o olho para Zac.

Zac: Ah, claro. Já volto.

Zac foi buscar o casaco. Ficamos nós três sozinhos e começamos a falar do

Zac de novo:

Ike: Sabem por que eu mandei o Zac buscar o casaco azul?

Fer: Não faço a menor idéia.

Tay: Nem eu.

Ike: Fer, ele quer que você use. Isso é uma prova de que ele está apaixonado

e quer cuidar de você. Quando eu disse que já sabia o uso, eu pisquei o

olho, e então ele se ligou. Ele queria que eu fosse o mais discreto

possível.

Fer: Conseguiu, eu não desconfiei de nada.

Tay: Viu como ele gosta de você como uma namorada?

Fer: Bem, acho que agora a coisa muda de figura. Mas vou deixar o tempo

passar e ver o que acontece.

Ike: Seja lá o que você for fazer, ele não pode saber que nós te contamos

tudo.

Tay: Shh, ele está voltando. Vamos ficar quietos.

Zac sentou no sofá, me deu o casaco azul e disse:

Zac: Fer, dá pra ver que você tá quase congelando por causa do seu pijama.

Como eu não queria que você ficasse doente, eu trouxe pra você o meu casaco

azul. Se você quiser dormir com ele esta noite, não tem problema.

Fer: Isso é muito gentil da sua parte, Zac...

Taylor e Ike perceberam que havia um clima ali. Pra disfarçar, Taylor disse:

Tay: Ike, eu vou fazer um lanche.

Ike: Eu vou te ajudar, espera um pouco.

Tay: Por mim, tudo bem.

Eles nos deixaram sozinhos na sala. Por alguns segundos, nós ficamos em

silêncio. Finalmente, eu falei:

Fer: Zac, estou com muito sono, acho que vou dormir.

Zac: E vai me deixar aqui sozinho?

Fer: Você não vai ficar sozinho, seus irmãos já voltam.

Zac: Eu acho que não... - e nisso nós vimos Taylor e Ike indo para o quarto.

Fer: É, agora somos só nós dois.

Zac: É...

Fer: Você vai me deixar ir dormir?

Zac: Não. Você vai ficar aqui.

Fer: Então vou dormir no seu colo, porque eu não agüento mais de sono.

Zac: Pode deitar. Não tem nenhum problema.

Fer: Já que não tem problema...

Não agüentava mais resistir ao jeitinho meigo e doce de Zac. Finalmente,

eu cedi e deitei no colo dele. Eu me senti segura ali, parecia que

nada poderia me atingir. Ainda mais com ele fazendo carinho em mim,

passando a mão pelo meu cabelo...

Teve um momento em que eu estava quase dormindo. Zac meio que percebeu e falou:

Zac: Você quer ir pro quarto? Dá pra ver que você tá bem cansada.

Fer: Se você for ficar sozinho aqui, eu não vou.

Zac: Tudo bem, eu vou com você.

Levantamos do sofá e fomos para o quarto. Quando eu fui me deitar,

eu fiz menção de tirar o casaco, mas decidi por não fazê-lo. Ele olhou pra mim e perguntou:

Zac: Por que você desistiu de tirar o meu casaco?

Fer: Bom, primeiro porque eu ainda tô com frio, e segundo porque

ele é muito fofinho, assim como você.

Só depois que eu falei aquilo é que eu fui perceber a besteira que

tinha feito, mas aí já era tarde demais. Minha última esperança

era ele não ter escutado, mas quem disse que isso havia acontecido?

Ficou muito lindo pra minha cara...

Logo depois que eu falei aquilo, ele disse:

Zac: Ah, quer dizer que você me acha fofinho?

Fer: Quem não acharia?

Zac: Tem várias fãs que dizem que eu sou fofinho, mas é difícil

acreditar nelas. Pela primeira vez, alguém que eu realmente conheço e admiro me disse isso.

Fer: Eu não sabia que você me admirava...

Zac: Desde a primeira vez que você veio aqui em casa, eu percebi

que você era alguém especial. Eu sofri muito quando você se mudou

sem avisar, tanto é que eu sempre dormia com a foto que nós tiramos

juntos. Mas nunca ninguém soube disso, então eu sofri em silêncio

por seis meses. Quando você voltou, eu decidi que era hora de expressar

meus sentimentos. Em parte, foi por isso que eu convidei você pra

dormir aqui em casa. A única coisa que me afligia era que você pudesse

não gostar de mim, ou gostasse apenas por causa da banda. Mas acho que estava enganado...

Fer: Eu já achava você uma gracinha quando eu era apenas uma fã

que sonhava em conhecer seu ídolo. Quando minha mãe me trouxe pra

Tulsa, eu achei que não seria difícil te conhecer, mas achava que,

por causa da fama, você era um garotinho metidinho. Bastou eu te

conhecer melhor pra eu descobrir que você é a pessoa mais doce e

meiga desse mundo, mesmo que não pareça.

Zac: Você não sabe como eu fiquei feliz de saber o que se passa na sua cabeça...

Zac estava na cama dele e eu na minha. Nós levantamos e nos abraçamos,

mas não foi um abraço comum, de dois amigos; foi um abraço longo,

apaixonado, de duas pessoas que se adoram.

Enquanto a gente curtia aquele abraço tão gostoso, ele aproximou

a boca do meu ouvido e sussurrou baixinho:

Zac: Eu te amo...

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No dia seguinte, os três acordaram um pouco mais cedo do que eu

e me deixaram dormindo. Lá por 9 e meia, eu só senti uma coisa gelada

no meu rosto e, quando eu abri o olho, veio a enxurrada de água

em cima de mim. Ai, que ódio... E eles ainda começaram a rir da minha cara!

Aí, eu resolvi sair da cama e jogar o jogo deles. Fui no banheiro,

peguei um potinho que tinha lá e enchi de água. Adivinha quem foi

o primeiro loirinho vítima da água do potinho? Só podia ter sido

o Zac... Bom, bem feito pra ele. Eu encharquei o pijama do garoto,

de azul clarinho passou pra azul quase royal...

Finalmente, quando os quatro estavam mais encharcados do que o humanamente

possível, resolvemos ir tomar café. Nós ainda íamos jogar videogame

em dupla... É, o dia ia longe, e estava apenas começando. Se aquilo

era só o começo, imagina o que não ia acontecer depois!

Chegamos na cozinha e demos de cara com a Di, que estava fazendo panquecas com calda:

Di: Bom dia, crianças, dormiram bem?

Ike: Bom dia, mãe.

Fer: Bom dia, Di.

Tay: Que cheiro delicioso! O que é?

Zac: Não percebeu ainda que mamãe tá fazendo panqueca com calda de chocolate?

Di: É, eu descobri que uma certa garota gosta muito...

Fer: Como você descobriu que eu como panqueca com calda todo dia?

Di: Sua mãe me contou um dia. Ela disse que não agüenta mais fazer pra você!

Fer: Bem... não é minha culpa...

Teria sido uma frase normal, mas eu falei com uma vozinha de garota

inocente tão engraçada que a gente caiu na gargalhada.

Quando nós terminamos de tomar café, fomos trocar de roupa. Aí complicou

a situação... Como eu não queria que eles me vissem trocando de

roupa e vice-versa, eu me tranquei no banheiro e só saí de lá quando

eles já tinham se arrumado. A festa ia começar...

Nós fomos pra sala jogar videogame. A gente adaptou o videogame

pra quatro pessoas jogarem e as duplas eram eu e o Zac contra o

Taylor e o Ike, numa melhor de 5. Adivinha quem levou? Eu e o Zac,

de lavada! A gente ganhou todos os jogos disparados, fiquei até

com peninha do Taylor e do Ike... Mas não há nada a fazer quando

você joga bem e seu adversário não.

Taylor fingiu estar revoltado com a derrota e começou a atirar almofadas

na gente. Foi o que bastou pra gente começar uma guerra de travesseiros

no meio da sala. Nossa, quase fui nocauteada pelos três ao mesmo

tempo, eles são fortes... Mas eu consegui me recuperar e aí é que

a coisa ficou feia pra eles, porque eu me empolguei e acertei os três de uma vez só!

Depois da guerra de travesseiros, saímos e fomos andar no parque

de Tulsa. Adivinha quem a gente encontrou lá?

Fer: O que você tá fazendo aqui, mãe?

Mãe: Fazendo minha caminhada diária. E vocês?

Ike: A gente resolveu sair e andar um pouco.

Mãe: Certo. Filha, quer ir almoçar lá em casa?

Fer: Hmmm...

Zac: Ah, Fer, por favor...

Tay: Se você quiser ir, tudo bem... Desde que você vá lá em casa depois...

Fer: Acho que podemos chegar a um acordo. Mãe, será que dá pra todo

mundo almoçar lá em casa? Você e a Di podem colocar a conversa em

dia e eu e os garotos podemos inventar alguma coisa pra fazer! O que você acha?

Mãe: Por mim, tudo bem. Vamos falar com a Di, então.

Voltamos pra casa deles e falamos com a Di. Como ela tinha muitas

coisas pra contar pra minha mãe, não havia nenhum problema. Era

ótimo o fato das duas serem grandes amigas, porque isso facilitava

a minha amizade com os garotos. Além do mais, a gente se via com

freqüência, graças à amizade das nossas mães.

Quando a gente chegou em casa, minha mãe e a Di foram fazer o almoço.

Como a gente não tava com a mínima vontade de cozinhar, a gente

foi lá fora jogar beisebol. Quer dizer, tentar, porque eu não tinha

a mínima idéia de como se jogava!

Quase 1 da tarde, minha mãe chamou a gente pra almoçar. A gente

lavou as mãos e foi ver o que as nossas mães tinham aprontado na

cozinha. Elas resolveram que a gente merecia um almoço especial,

então elas fizeram o que cada um de nós gostava: filé (Taylor),

lasanha (Ike), batatas fritas (eu) e, de sobremesa, sorvete de chocolate (Zac).

Depois do almoço, as duas resolveram que era hora de irem passear:

Mãe: Vamos ter que fazer algumas compras, mas não vamos demorar.

Fer: A gente se vira, não se preocupem.

Di: Não saiam daqui. Qualquer coisa, nós vamos levar os celulares.

Zac: Mãe, passa na loja da Gap?

Di: O que a gente não faz pelos filhos... Tudo bem, eu passo.

Tay: Mãe, você podia aproveitar e passar na Doctor Martins? Eu precisava

buscar uns tênis que eu comprei, mas como você vai passar por ali...

Di: Tá. Ike, qual o seu pedido?

Ike: Eu preciso de fitas pra câmera e filme pra máquina.

Di: Não se preocupe, eu compro.

Fer: Manhê...

Mãe: Conheço essa vozinha melosa. Onde você quer que eu vá?

Fer: Na DKNY. Vê o que tem de novidades por lá?

Mãe: Vejo. Podemos ir agora?

Nessa hora eles resolveram atacar de irônicos...

Ike: Bem... vamos ver...

Zac: Acho que é melhor vocês pedirem autorização em três vias, registrar em cartório...

Tay: ...e esquecerem que a gente existe. Divirtam-se!

Mãe: Tchau, crianças!

Di: Comportem-se!

As duas fecharam a porta atrás delas e nos deixaram sozinhos. Eu

e os garotos tínhamos muitas coisas pra esclarecer, mas o Zac não

podia saber que eu sabia de tudo e o Taylor e o Ike não podiam saber

que eu gostava do Zac. Eu era a única que sabia de tudo, mas tinha

que me fingir de 'mosca-morta'. Mais à la Conan Doyle impossível...

A gente foi pro meu quarto escutar música. De repente, Zac levantou,

desligou o rádio e decidiu que era hora de se declarar publicamente:

Zac: Já que estamos todos aqui reunidos, tenho algumas coisas a

dizer. Pra começar, eu queria dizer uma coisa à você, Fernanda;

desde a primeira vez que nossos olhares se cruzaram, eu vi que você

era a garota mais doce, meiga e especial desse mundo. Eu te amo muito!

Depois daquilo, veio o silêncio. Taylor e Ike se entreolharam, tentando

entender o que havia acontecido. Eu estava abismada; ele já tinha

me falado aquilo, mas não havia sido em caráter oficial e nem na

frente dos irmãos! Mas o show tinha que continuar e eu tinha que dar uma resposta.

Já que a verdade havia começado a ser revelada, eu decidi que não

ia mais ser a 'garota mosca-morta': ia contar tudo.

Fer: Zac, você sabe muito bem que eu acho você muito fofinho, meigo

e doce. Eu tive que me fingir de 'mosca-morta' por seis meses, porque

ninguém podia saber que eu gostava de você. Agora que toda a verdade

está vindo à tona, eu resolvi admitir o que eu realmente sinto,

e o que eu sinto é um grande amor!

De novo, Taylor e Ike se entreolharam. Eles não estavam entendendo

nada... A gente teve que explicar tudo:

Fer: Ontem à noite, enquanto vocês estavam dormindo, aconteceram muitas coisas.

Zac: Como, por exemplo, eu contei pra Fer tudo o que eu contei aqui...

Fer: ...e vice-versa. Nós só queríamos fazer uma espécie de...

Zac: ...anúncio oficial.

Tay: Isso não me surpreende.

Ike: Como assim, não surpreende?

Tay: Bom, que o Zac era apaixonado pela Fer nós já sabíamos. A gente

só tava na dúvida sobre a Fer, mas dava pra ver na expressão dela

que ela gostava do Zac. Nunca duvidei de que, um dia, eles iam acabar

contando pra gente que se amavam.

Ike: Agora que você mencionou, eu também não duvidaria. Eu apóio

a decisão deles, desde que eles estejam felizes...

É CLARO que nós estávamos! Quem não estaria, na nossa situação?

A pior parte já tinha sido feita, que era criar coragem e anunciar.

A partir daí, tudo seria mais simples... Certo? Errado! Taylor fez

o 'grande favor' de pedir uma 'coisinha' pra gente:

Tay: Já que vocês se amam tanto, posso ver um beijo?

Fer: O... o quê?

Ike: É; não adianta vocês virem com esse papo de amor e tudo o mais sem um beijo no final.

Zac: Bom, o que a gente pode fazer...?

Pra começar, Zac me abraçou e foi aproximando seus lábios dos meus.

Quando eu percebi, já estava completamente envolvida no beijo e

não queria mais que ele terminasse! Ele daria um ótimo namorado...

Finalmente, a gente resolveu que era hora de acabar com o 'showzinho'. Taylor disse, convicto:

Tay: Eu não imaginava que vocês se amassem tanto! Deu pra ver que,

se vocês começarem a namorar, vai ser algo bem duradouro.

Era algo que a gente não tinha pensado ainda. Afinal, a gente ia

começar a namorar ou não? De vez em quando é bom saber o que a gente vai fazer da vida...

Eu sentei na cama e comecei a pensar sobre isso. Ia valer a pena?

E se a gente voltasse pro Brasil? E como seria quando eles tivessem

em turnê? Ike chamou Zac de lado e falou:

Ike: Ô Zac, vai lá ver o que aconteceu com a Fernanda.

Zac: Por quê? Ela parece absolutamente normal...

Ike: Não parece, não... Zac, vai lá, aconteceu alguma coisa... Você tem o dever de cuidar dela...

Zac decidiu ir. Quando ele sentou do meu lado e me abraçou, eu não

resisti e as lágrimas começaram a rolar. Ele se espantou, pois achou

que eu estava chorando por causa da atitude dele! Em parte, eu estava...

Ele secou as lágrimas e perguntou porque eu estava chorando. Eu respondi:

Fer: Por que você é tão meigo e doce assim?

Zac: Não tô entendendo... O que tem de errado com isso?

Fer: E se não der certo?

Zac: Não se preocupe, a gente sempre vai estar junto...

Fer: E se eu voltar pro Brasil e nunca mais voltar pra cá? E se

você sair em turnê e conhecer alguém melhor do que eu e decidir que não gosta mais de mim?

Zac: Não fale assim... Até parece que essa é a última vez que a gente vai se ver...

Fer: Desculpe... Acho que eu tô estranhando tudo isso...

Zac: Não tem problema. Quero que a nossa relação seja a melhor possível...

Fer: O que você quis dizer com isso?

Zac: Acho que você sabe... Ou eu vou ter que pedir formalmente pra ser seu namorado?

Eu fiquei completamente sem ação. Tudo bem que eu tinha toda aquela

paranóia de achar que o ídolo poderia se apaixonar pela fã, mas

nunca imaginei que isso poderia acontecer! Bom, sempre tem algumas

exceções, como no meu caso. O problema é que eu tinha que criar coragem e dizer:

Fer: Zac, eu te amo muito e adoraria namorar com você!

Zac: Agora, posso beijar você como seu namorado e não apenas como amigo...

Fer: Você vai poder fazer isso sempre que quiser...

Finalmente, veio o beijo...