O Zac estava todo nervoso lá, sentado na poltrona do avião, roendo todas as unhas dele, morrendo de medo que tudo desse errado. Ele olhava lá para fora, só pensando no que ia dar o reencontro dele com a Priscila lá no Brasil. Eles tinham brigado feio pelo telefone porque ela tinha terminado tudo com ele. "Eu não agüento mais ficar aqui sofrendo por tua causa. A gente vive em mundos completamente diferentes. Não dá mais, Zac. Eu acho que é ruim para nós dois continuar com isso". Na hora ele até aceitou bem, mas mais tarde, a parte infantil do Zac acabou prevalecendo e ele mandou uma carta bem mal criada para ela, dizendo umas boas. Coisas do tipo: "Só estou escrevendo para dizer que eu já te esqueci totalmente, que eu nem lembro mais que você existe..." e blá, blá, blá. Puro despeito porque ele ainda gostava um monte da Priscila.

Tudo começou com uma entrevista do Hanson para um canal mexicano, cujo o pai da Priscila era um dos donos. O pai dela era diretor em uma emissora de TV brasileira também. Como ela era fã da banda, o pai deu de presente de aniversário para a filhinha conhecê-los nesta entrevista. O Zac achou a Priscila linda logo que a viu e acabou pedindo um beijo para ela quando a entrevista acabou. Foi meio bobo, analisando os motivos dele, mas querendo ou não, era o Zac Hanson que estava pedindo. Claro que ela deu e de brinde, ela ganhou uma tarde toda como ficante dele. Ela foi embora no outro dia e não ouviu mais falar dele. Nem ele dela. Mas graças ao destino, e ao trabalho do pai dela, eles acabaram se encontrando mais uma vez depois. O Zac se lembrou dela e quis ficar mais uma vez com a Priscila. Aí, essa idéia de se ver com mais freqüência começou a soar bem agradável para ambos. E eles passaram a sempre dar um jeitinho para que isso acontecesse. Mas nem sempre funcionava porque o Zac era muito ocupado e não parava no mesmo lugar. Então o pai da Priscila resolveu dar uma mãozinha e começou a levá-la sempre para as entrevistas com o Hanson e para as suas viagens pelo exterior. Por causa disso, eles viviam se vendo. E o negócio entre o Zac e a Priscila foi ficando cada vez mais sério. Eles trocaram telefone, e-mail, ICQ... tudo para se falarem sempre. A essas alturas, a Priscila estava muito apaixonada por ele. O Zac também gostava dela, mas no começo do quase-namoro deles, não gostava tanto como a Priscila. Ele ficava com umas meninas nos países que eles viajavam para fazer shows e tal. Não se sentia exatamente comprometido. Mas a Priscila não, ela se dedicava ao relacionamento deles como se fosse namoro. Ela dizia que ficava com um monte de meninos também, que estava pouco se ferrando para o Zac, mas no fundo ela estava sim. E muito. Só que ela e o Zac brigavam demais por causa disso. Ela cobrava dele uma postura de namorado e o Zac não correspondia exatamente da maneira que a Priscila queria, por simplesmente não se sentir daquele jeito. Viviam brigando pelo telefone. Às vezes, na Internet, eles dois entravam no ICQ e brigavam por lá também. E a melhor amiga da Priscila sempre no meio dos dois, a Fernanda. A Fer era uma menina incrivelmente para cima, sempre bem humorada, que vivia tentando fazer os dois ficarem de bem. Elas duas eram muito amigas. Mas muito mesmo. Haviam se conhecido pela Internet e tornaram-se melhores amigas. E como a Priscila adorava demais a Fer, apresentou o Zac para ela. E eles se deram muito bem. A Fer não conhecia a Priscila ao vivo, muito menos o Zac, mas amava os dois como se conhecesse. Sabia detalhadamente das histórias da melhor amiga com o Zac, ajudava, dava conselhos, mas às vezes chegava a duvidar um pouco porque, bom... não era algo muito fácil de se acreditar. É que ela só conversava com o Zac pela Internet e a Priscila nunca tinha mandado prova nenhuma para a Fernanda sobre tudo o quê ela já tinha contado. E também, a amizade das duas não era das mais saudáveis. A Priscila era um pouco estranha, adorava contar vantagem, vivia passando uma imagem de superior para a Fer, amava fazer ciúmes para ela com outras amigas... A Fer não curtia muito esse tipo de atitude, mas não falava nada.

A única vez que a Fernanda resolveu declarar que andava duvidando de que o Zac era mesmo o Zac Hanson, ele ficou super chateado com ela. Eles estavam num chat e ele disse para a Fer: "Poxa, Fer... 'cê tá achando que eu tô mentindo pra você? Pensei que você fosse diferente. Pensei que a gente fosse amigos, Fer". Ela quase morreu de se desculpar, mas continuava com um pontinho de interrogação na cabeça. É que ela adorava o Zac e não queria, por nada nesse mundo, brigar com ele. Então preferiu ir levando a história na boa, sem duvidar e perguntar nada, porque achava que se fosse mentira, uma hora ela ia acabar sabendo. Mentira nunca dura muito.

E no meio de tanta briga entre o Zac e a Priscila, ele começou a gostar de verdade dela. Mas gostar muito, muito mesmo. O Zac vivia dizendo que amava a Priscila. A Fer sempre estava nos chats quando ele escrevia "I love you Pri, you know that", que a Fer entendia com o inglês mais ou menos dela, como "Eu te amo, Pri, você sabe disso". O quê a Fer também entendia com o inglês dela era que a Priscila amava fazer cú doce para o Zac, amava deixar ele bravo, amava começar brigas desnecessárias. Uma vez, estava tudo bem entre eles e a Pri começou com uns papos de que precisava perguntar uma coisa para o Zac. Só que antes, ela pediria a opinião para a Fer em português. Ele disse que tudo bem.

P r ï s ¢ ï £ ä : Fer, eu quero perguntar pra ele com quantas garotas ele já ficou nesse tempinho que a gente não se viu, o que vc acha? Que eu pergunto ou não?

((FëR)) : Sinceramente? Eu acho que não. Tipo... pra que deixar ele bravo? Num precisa! 'Xá isso quieto, vamos falar de coisa legal. Tá bom? Tipo... só coisas felizes.

P r ï s ¢ ï £ ä : Não, é que tipo, eu quero saber entendeu pq eu tenho medo de se eu ficar com um garoto qualquer eu me sentir arrependida depois, entendeu?!

((FëR)) : É claro que ele não ficou com ninguém! 'Cê sabe que ele é 'xonadásso por você!

P r ï s ¢ ï £ ä : Eu acho q ele fica sim Fer!! Cara ele é homem e tu sabe como é homem!!! São todos iguais, só muda o endereço!

((FëR)) : Aaah...olha, Pri, eu acho que ficar com outras pessoas vocês precisam! É necessidade! Mas tipo... 'cês se gostam, num é mesmo? Então! Num importa com quantos 'cês ficarem, 'cês sempre vão se gostar! =)

P r ï s ¢ ï £ ä : Cara Fer, eu sinceramente não sei se ele REALMENTE gosta de mim o tanto que eu gosto dele!!

((FëR)) : Eu acho que ele te ama e muuuito! E tipo... num rola falar disso agora, aqui no chat porque vai dá briga ou vai dá choro, então, se vai dá merda, pra que falar disso?

P r ï s ¢ ï £ ä : Que mané briga, Fer! Uma pergunta como essa... normal...

A Fer sempre sabia quando a Priscila queria brigar. Ela aparecia com umas perguntas do além, perguntas que iam provocar o Zac e deixar ele puto da cara. A Fer tentava evitar, mas não adiantava nada, porque a Priscila sempre acabava perguntando e a merda estava feita. Não precisa nem dizer que nesse dia, a Pri e o Zac brigaram feio, não é? Foi terrível porque a Fer não sabia mais o que dizer para ajudar aqueles dois fazerem as pazes quando eles brigavam. Não tinha como a Fer pregar a paz mundial se a Priscila era o Hitler encarnado. Depois, a Priscila ligava chorando para a Fer, dizendo que amava o Zac, que ele não tinha ligado para ela depois da briga e blá, blá, blá... era sempre a mesma coisa. A Fer sempre dizia as mesmas coisas... "Calma, Pri, 'cê sabe que ele te adora, que ele te ama muito. É claro que vai ficar tudo bem. Só que você errou. Acho que você deveria ligar para ele e se desculpar". A Priscila metia o pau na Fer, falava que jamais ia se rebaixar a isso, que se o Zac quisesse, ele que ligasse. Mas sempre terminava do mesmo jeito: a Priscila ligando para a Fer mais tarde, contando que tinha ligado para o Zac e que já estava tudo bem.

O Zac e a Fer se davam muito bem. À noite, quando a Priscila tinha que ir dormir, eles ficavam até altas horas da madrugada conversando.

Zac : Eu acho que é tão ridículo quando as pessoas ficam famosas e ficam metidas, achando que são muito melhores do que os outros. Eu conheci muita gente assim. Muuuuuuita, muuuuita mesmo.

((FëR)) : Éééée... olha o meu caso. Eu sou tão famosa, legal, querida, você sabe...

Zac : Fashion!!! E básica!!

((FëR)) : Hahahaha... É! =c) E continuo humilde.

Zac : As coisas básicas são as melhores =)

((FëR)) : Fer é coisa básica pura =c)

Zac : Fer, eu tenho que ir.

((FëR)) : Pra onde?

Zac : Pra minha cama.

((FëR)) : Mas já? =c((

Zac : É, tá tarde. =(

((FëR)) : Ah, tudo bem... putz, dizer tchau é uma merda.

Zac : É... eu odeio isso. Uau, isso me lembra a última vez que eu vi a Pri.

((FëR)) : Deve ter sido horrível.

Zac : .c) OLHA!! UM PIERCING!!

((FëR)) : HAHAHA!!

Zac : Pera! =.c)

((FëR)) : §=c) -->> olha! Cabelo!

Zac : NOSSA! GOSTEI DISSO! PARECE O CABELO DA BRITNEY SPEARS NO CLIP BABY ONE MORE TIME!! LOL

((FëR)) : Hahahaha...

Zac : E eu que tenho que ir aos shows dela... putz...

((FëR)) : Por causa da Jessie, né?

Zac : É. Chata... Fer, imagine Babe One More Time ao vivo?! AaAaAAaAAAAAaaAA!!

((FëR)) : Hahaha!! Zac, isso pode te matar! Veneno!

Zac : O pior veneno!! O veneno dela é a voz dela (VOZ?!?!)!!

((FëR)) : HAHAHAHA!!

Zac : Até a Zöe canta melhor...

((FëR)) : Aliás, como ela está?

Zac : Muito bem. =)

((FëR)) : Ela deve ser um amor.

Zac : FEEEEEEEEEEEEER!!

((FëR)) : ZAAAAAAAAAAAAAC!!

Zac : EU TENHO QUE IR!!

((FëR)) : Então tchau.

Zac : Tchaaaaaaau ***chorando***

((FëR)) : Haha... que bunitinho...

Zac : Tchaaaau ***chorando de novo***

((FëR)) : Hehe... que fofo!!

Zac : ***chorando histérico***

((FëR)) : Boa noite, Zacky! =c)

As conversas deles eram sempre assim. Super legais. Teve uma época que a Priscila começou a sentir um pouco de ciúmes, mas nada de mais. Durou pouco e o Zac era obcecado demais pela Pri, não tinha nada a ver ela ficar com ciúmes.

Tudo ia mais ou menos bem, na medida do possível, até o dia em que a Priscila resolveu terminar com o Zac. E foi aí que ele mandou aquela carta. Dá para dizer que foi bem ruim. O Zac não falava mais com a Priscila e esta dizia que ele não queria nem mais saber de conversar com a Fer também. Foi horrível porque a Fer adorava muito o Zac e considerava ele um puta amigo. Depois disso, as coisas foram só piorando. Passado mais um tempo, as duas, que eram tão amigas, acabaram brigando porque o único dia que a Fer pegou o Zac online, ele já veio dizendo que estava arrependido de ter mandado a carta cheia de desaforos e pediu para ela chamar a Pri para um chat para que ele pudesse se desculpar. E foi o que a Fer fez, apesar do Zac ter sido super frio na hora de pedir. A Pri entrou no chat, sem saber que o Zac ia estar lá para conversar com ela. Quando ela viu, quase matou a Fer de tanto que xingou a menina. "Que merda, Fernanda! Eu estava esquecendo dele já! Muito obrigada, porque agora você acaba de me confundir inteira de novo!". "Mas Pri, eu só estava querendo ajudar! Não fica brava comigo, por favor". E elas ficaram brigadas quase uma semana. Mais tarde, até voltaram a se falar e a Pri contou para a Fer que o Zac tinha começado a fumar maconha por causa da Priscila. A Fer ficou desesperada porque não queria aquilo para o amigo dela de jeito nenhum. A Pri a chamou para uns chats, onde o Zac também estava, e a Fer tentou dizer umas palavras de conforto para o Zac, tentou abrir os olhos dele sobre a maconha, mas ela sabia que não adiantava. Depois a Fer descobriu umas coisas da Pri, que ela tinha mentido umas coisas para o Zac... aí ela parou de gostar da Priscila de vez e elas deixaram de ser amigas. Tinha umas coisas nela que a Fer não engolia de jeito nenhum, como a mania que ela tinha de prometer demais e nunca cumprir, o vício que a Pri tinha de mentir quando queria alguma coisa, de inventar e aumentar tudo para que ela sempre fosse a vítima... Então a Fer aproveitou que ela estava mentindo e mandou a Pri passear. A Priscila correu atrás da amiga um tempo, mas desistiu logo. E a Fer nunca mais teve notícias da Pri. O Zac? Demorou para que ele voltasse a falar com a Fer, mas voltou. Eles não eram mais amigos como antes, mas estavam se falando. Pouco, mas estavam. O Zac era muito ocupado, por ser quem ele era, e entrava muito pouco na Internet.

Agora o Zac estava lá, no avião, indo para o Brasil, morrendo de medo porque ele ia ver a Priscila e não tinha nem idéia de como ia ser. Ele gostava demais dela. Parecia obsessão até. Desde que eles tinham brigado, nunca mais eles tinham conversado direito. Durante o vôo, não tinha o quê sossegasse o garoto.

– Zac, nossa, 'cê tá tremendo – o Mackie, irmão mais novo do Zac, disse, segurando a mão dele.

– Eu sei, Mackie. Eu tô nervoso.

– Mas ó, não precisa. A Pri gosta de você, 'cê sabe que 'cês sempre terminam bem.

– É que dessa vez é diferente, Mackie... a gente brigou feio – o Zac falou, muito chateado.

– Calma, Zacky... Vai dar tudo certo.

Então o Mackenzie abraçou o Zac bem forte para tentar fazer o irmão se sentir melhor, mas não adiantava muito porque ele estava realmente nervoso. O Taylor era o melhor amigo do Zac. Era ele quem sempre dava conselhos, ajudava... Mas naquela hora, o Zac só pensava na Priscila e na conversa que eles teriam. Ele estava com medo porque as coisas que ele tinha escrito naquela carta foram muito cruéis. Assim como a Pri tinha feito mal para o Zac, ele também havia machucado ela para caramba. Aliás, o relacionamento deles havia sido só isso: mágoas, palavras duras, ciúme doentio e muito choro.

O Hanson então chegou ao Brasil. O empresário deles tinha sido avisado do bando de fãs que estariam esperando por eles e já arranjou uma entrada secreta no aeroporto para que eles não precisassem passar por todas aquelas garotas histéricas. Era melhor mesmo, porque do jeito que o Zac estava, era capaz de ele dar um soco em alguma delas. Quando eles saíram do avião e entraram na sala onde eles esperariam até saírem todos os documentos necessários para que eles pudessem ficar no Brasil, havia duas meninas lá, esperando por eles. O Zac foi o último a sair do elevador. Quando ele saiu, umas delas gritou pelo nome dele, mas ele não ligou muito. O Taylor, como sempre, deu toda a atenção, o Isaac também. Tiraram fotos e tudo mais.

– Pô, Zac, tenta ser mais educado – o Taylor sugeriu.

– Ai, saco... – ele sussurrou.

Uma delas começou a chorar e o segurança ameaçou tirá-la de lá. O Zac, na tentativa de corrigir as grosserias, pediu para o segurança deixar a menina lá, apesar de, no fundo, no fundo, estar desejando sinceramente pelo sumiço da garota.

– Puxa, Zac, obrigada – a garota agradeceu o gesto dele, se aproximando.

– Meu, não enche – ele disse, muito grosseiro.

O Taylor só não falou nada porque entendia os motivos do Zac. Ele conhecia bem o irmão. Quando o Zac estava preocupado ou chateado ou qualquer outra coisa, a tendência era ele ficar muito mau humorado. Mas muito mesmo.

Então eles foram para o hotel. O Walker, pai deles, estava todo bravo porque a Universal, empresa que estava cuidando da promoção deles no Brasil, estava querendo dar para trás num acordo de exclusividade que tinha feito com o Hanson, cujo faria o bolso do Senhor Walker lucrar um bom dindin. Quando ele resolvia pensar no salário dos filhos queridos dele, ficava uma pilha de nervos. E isso vinha sendo freqüente desde o primeiro dia em que o Hanson estourou nas paradas de sucesso do mundo todo. O Zac odiava isso. Eram raros os momentos que eles tinham como pai & filhos. Era só dinheiro, dinheiro e dinheiro. Mas o Zac já estava acostumado, nem ligava mais.

Só deu tempo de eles chegarem, jogarem as coisas nos quartos e tomarem um banho. Precisavam correr para a gravação do Disk MTV, no estúdio lá de São Paulo. Era um andar do hotel só para o povo que tinha ido com eles. Eram primos, tias, primas (bonitas, aliás), irmão dos tios, cachorro, papagaio... enfim. Toda a parentada. O quarto do Isaac, do Taylor e do Zac era no fim do corredor, uma suíte bem grande. O Walker e a Diana, mãe deles, ficariam no quarto ao lado com todos os filhos menores. Eram eles a Jessica, a Avery, o Mackenzie e a Zöe. Os três mais velhos deram graças a Deus porque poderiam conversar em paz, pelo menos, com um quarto só para eles.

– Zac.

– Quié, Tay? – ele disse, amarrando os sapatos.

– Por favor... tenta não parecer tão chateado na entrevista, tá? – o Taylor pediu, enquanto eles se trocavam no quarto.

– Pode deixar. Eu vou ser bem simpático, bem como o papi gosta – o Zac disse, sarcástico.

– Zac, não é isso... você logo, logo, vai falar com a Pri.

– Eu sei que eu vou. É que eu tô meio assim de falar com ela.

– Assim como?

– Com um pouco de medo – o Isaac disse, se metendo na conversa.

– Normal, porque...

Nisso, o Taylor foi interrompido pelo Walker, que entrou no quarto quase que pondo tudo abaixo de tanto que gritava que eles já estavam atrasados e que precisam ir logo. Eles foram. Chegando no estúdio da MTV, foi aquela zona. Um monte de fã de Hanson esperando lá fora, gritando que nem umas desesperadas, desmaiando um monte, vomitando, passando mal, enfim... morrendo mesmo.

A Fer estava assistindo tudinho de casa, pela televisão, deitada na cama da mãe dela, um pouco chateada com toda aquela bagunça. Não tinha nem idéia de como ia se aproximar do Zac para poder falar com ele. Só sabia que tentaria, com certeza. A sua mãe, a Mariliz, estava dando o maior apoio para a filha porque também achava que ela precisava tirar esta dúvida para ver se o Zac que ela conversava na Internet era mesmo o Zac Hanson como dizia ser.

– Coitado do Zac... olha a zona que tá isso – a Fer falou, olhando para a bagunça na frente da MTV mostrada na televisão. – Ele odeia isso.

– Você já sabe como você vai fazer pra falar com esse menino? – a Mariliz, mãe dela, perguntou.

– Sei lá... eu tenho que pensar em alguma coisa rápido. Eles só vão ficar aqui uma semana.

– É, filha... 'cê vai ter que pensar em algo bem inovador porque são todas essas cabeças aí da TV pensando junto com você – Mariliz disse em relação às fãs.

O Hanson já chegou ao nosso estúdio, eles estão aqui com a gente e daqui a pouquinho, nós vamos estar conversando com eles – a apresentadora do Disk disse, apontando para eles.

O programa começou. Era a hora dos três virarem o Hanson, a banda mais simpática do planeta. Mas isso só teria sido possível se a cara do Zac tivesse colaborado. Ele ficava olhando para baixo, sério, sem dizer absolutamente nada. Às vezes, de repente, ele levantava a cabeça e falava alguma coisa. Ele também tentava fazer umas brincadeiras, mas eram todas sem graças e bobas o suficiente para ninguém rir. Só a apresentadora que se matava de rir de tão alegrinha que estava com o Hanson ali na frente dela.

– Putz... o Zac tá com cara de bunda – a Fer falou para sua mãe, olhando para a TV. – É a Pri, tenho certeza.

– Você acha mesmo que essas histórias são verdade, Fer?

– Sei lá, mãe... acho que é – incerta. – Eu preciso chegar perto desse menino de algum jeito pra perguntar.

– Mas você sabe, não sabe, que corre o risco de não ser ele? De se machucar e se decepcionar? – a Mariliz disse, com aquele ar básico de mãe preocupada.

– Sei sim, mãe, esquenta não.

O Zac estava tão impaciente, tão sem vontade de responder aquelas perguntas chatas e repetitivas, cujas ele já tinha respondido, no mínimo, umas sete mil vezes na vida, que nem disfarçar direito ele conseguia. Ele não pensava em nada além da Priscila. Só queria poder falar com ela logo, poder se explicar e deixar bem claro que ele ainda a amava muito. Mas lá naquele programa chato, na frente daquele bando de gente chata fazendo pergunta chata, o Zac não tinha como se concentrar em nada. Ele não via a hora de sair de lá. O pior é que depois do Disk MTV, o Hanson ia direto para outro programa lá, de uma emissora brasileira chata também. "Se ao menos fosse a emissora que o pai da Priscila trabalha..." o Zac pensou. Mas não era. Eles só iam para a emissora do pai da Pri no outro dia.

A Fer ainda estava assistindo quando viu o Hanson se despedir do último programa que eles fariam aquele dia. O primeiro deles no Brasil. Ela estava morrendo de curiosidade para saber se ele e a Pri iam se ver, se ele iria procurá-la... mas não tinha nem como a Fer saber o que aconteceria porque fazia muito tempo que não ouvia falar da Priscila. A única coisa que ela sabia mais ou menos era que o Zac continuava obcecado pela Pri, como quando eles três eram bem amigos.

À noite, os três estavam que não conseguiam parar em pé. O Zac chegou no quarto do hotel e caiu na cama. O Taylor estava bem preocupado com ele, mas sabia que conversar não iria ajudar muito porque o quê o Zac precisava mesmo era da Priscila. E logo, antes que o garoto pirasse. No meio da noite, o Isaac acordou (estava estranhando a cama) e viu aquela fumaceira na varanda do quarto. Acordou o Taylor na mesma hora e eles correram para a sala para tentar ver o que era. Só deu para ver o Zac lá no meio daquela fumaça fedida, fumando, sentado no chão.

– Ike, vai dormir. Deixa que eu falo com o Zac – o Taylor pediu.

O Isaac não era de conversar muito com o Zac, mas não deixava de ficar preocupado com ele, vendo o estado que ele estava.

– Meu, que que essa Priscila tem que faz toda essa revolução no Zac? – o Isaac falou, meio revoltado.

E ele foi para a cama. O Taylor sentou lá com o Zac, mandou ele apagar o baseado e conversou quase que a noite toda com ele. O Zac estava muito mal mesmo. Até chorar ele chorou, já que estava mais sensível devido ao efeito da maconha. O Taylor ouviu com a maior paciência, apoiou o Zac nas coisas que pediam apoio e falou, falou, falou, falou. Falou tudo para o Zac, tudo o que ele achava, tudo o que ele precisava ouvir sobre a Priscila. Deu umas broncas, mas também animou o Zac sobre a possibilidade de dar tudo certo no final. Quando estava quase amanhecendo, eles voltaram para a cama. O Zac estava sentindo-se bem melhor, como sempre acontecia quando ele conversava com o Taylor.

A Priscila teve de acordar cedo aquele dia porque iria com o pai para o trabalho dele. É lógico que ela queria ver o Zac, imagine se não. Ela dizia que não queria mais saber dele, que não via a hora de esquecer de uma vez dele, mas só partes disso eram verdade. Ela ainda era apaixonada por ele, mas era muito orgulhosa para admitir. Naquela tarde, seria a gravação de um programa ao vivo com o Hanson lá na emissora que o Seu Mendonça, pai da Priscila, trabalhava. Ela estava muito ansiosa, por isso resolveu sair cedo de casa com o seu pai.

A Fer já estava voltando da aula agora, correndo, porque aquela tarde ela tentaria ir até o hotel deles. Estava pensando em deixar uma carta para eles na portaria, entrar na garagem... ainda não sabia. Mas cada segundo perdido era precioso. Estava mesmo decidida a tentar falar com o Zac.

...

O Hanson chegava ao estúdio à 13:36. Eles tinham acabado de almoçar, mas a refeição não tinha sido das mais agradáveis porque havia tido uma discussão entre o primo deles, Jason, e o Walker. É que o Jason bebia demais e o Walker começou a brigar porque achava que isso podia ser má influência para o Isaac, o Taylor e o Zac. Mal sabia ele que o seu filho menor já estava fumando maconha...

Antes do programa começar, a equipe queria levá-los até o terceiro andar do prédio, onde ficavam os camarins, para que eles pudessem beber alguma coisa e se prepararem para entrarem no ar. Quando eles estavam saindo do elevador, o Zac avista quem ele mais queria lá no fim do corredor: a Priscila. Uma sensação terrível de insegurança e medo tomaram conta do Zac. Mas ele continuou andando, normalmente, mantendo os olhos fixos nela. A Pri só então o viu se aproximando. E como não podia deixar de ser, ela teve de fazer um dos showzinhos dela. Entregou os papéis que ela estava segurando para a secretária do Seu Mendonça e saiu andando rápido na direção do Zac, na idéia de passar por ele com um ar todo bravo. Quando ela estava passando pelo lado dos três, o Zac segurou o braço dela:

– Pri, espera. Eu quero falar com você – ele disse, todo meigo.

– Comigo? Ué, mas você já não tinha me esquecido? – cínica.

– Por favor, não faz isso... eu preciso muito falar com você.

– Fala, oras. Não tô segurando tua língua.

– Zac, vem logo, filho! – o Walker chamou de longe.

O Zac gritou que estava indo e olhou de novo para a Priscila.

– Você vai ficar por aqui?

– Eu ia, agora não sei – ela disse, áspera. Estava mentindo, porque ela ia ficar lá sim.

– Então eu te encontro depois e a gente conversa.

O Zac olhou para ela mais uns segundos, matando a saudade que estava sentindo daquela garota, e saiu, todo tristonho.

– Tudo bem, Zac? – o Taylor perguntou, preocupado.

– Tudo uma merda.

Eles entraram no estúdio, arrumaram o público todo lá, direitinho, com a maior organização. Enquanto as coisas não ficavam prontas, o Zac foi atrás da Priscila. Não foi muito difícil achá-la porque ela estava por ali perto, assistindo o pai dela gritar que nem um louco para que tudo ficasse como ele queria.

– Pri? – o Zac chegou por trás dela, morrendo de medo da reação dela.

– Não, a vó – ela disse, irônica.

– A gente pode conversar agora?

– "A gente"? "A gente" não quer conversar. Você quer. Eu não.

– Dá pra você, pelo menos, olhar pra mim?

A Priscila virou o rosto e olhou para o Zac na maior má vontade.

– Pri, por favor, me perdoa. Eu não sei aonde que eu estava com a cabeça quando mandei aquela porra de carta pra você.

– Ah, não sabe? Por que é sempre assim, Zac? Por que você só descobre aonde estava a sua cabeça depois que já fez a cagada? Hein?

– Eu sei, eu errei. Como sempre, eu fiz a merda. Mas me desculpe, Pri. Eu tô muito arrependido.

– Você por acaso já pensou que pode ser tarde já pra se arrepender?

– Não fala assim, babe... I love you, you know that. Eu não sabia o que eu estava fazendo...

– Não sei, não Zac... as coisas que você escreveu naquela carta não parecia que 'cê não sabia o que estava fazendo.

– Por favor, Pri... eu te amo muito. Você já me esqueceu assim, tão rápido? – o Zac perguntou, muito inseguro.

A Priscila demorou um pouco pra responder, séria.

– Claro que não, seu escroto! Acontece que eu tô muito magoada com o que você fez!

– Então me dá mais uma chance, Pri. Me perdoa, vai... eu quero você de volta.

A Priscila disse que ia pensar, mas é claro que ela já tinha perdoado o Zac. Ela gostava demais dele e não via a hora de estar com ele de novo. Ele voltou para gravar o programa sem a resposta dela, porém mais aliviado por ter conseguido se desculpar.

A Mariliz, mãe da Fer, deixou o programa em que o Hanson estava agora gravando em fita para a filha, enquanto ela tinha ido lá no hotel tentar entrar em contato com alguém de lá de dentro para poder chegar até o Zac. Ela estava muito esperançosa, por isso estava tentando. Quando chegou na frente do hotel, tinha tanta menina, mas tanta, que era praticamente impossível chegar na porta do hotel. A Fer decidiu esperar um pouco, já que não estava lá com aquela pressa.

Depois que terminou a gravação do programa, o Zac foi direto atrás da Priscila. Estava louco para saber se tinha sido perdoado ou não. Como sabia que ele viria atrás, a Priscila nem se deu ao trabalho de ficar à vista para que ele a encontrasse mais fácil. Do jeito que o Zac estava nervoso, ele a encontraria em qualquer lugar.

– Pri, Pri... – o Zac chamou de longe, logo que a viu com o pai.

O Seu Mendonça sabia muito bem das histórias da filha dele com o astro da música Zac Hanson. E achava o máximo. Dava o maior apoio do mundo para a Priscila. Quando o Zac se aproximou deles, o Seu Mendonça cumprimentou o Zac e saiu logo de perto para que eles dois pudessem conversar.

– E aí? – o Zac perguntou para ela, ansioso.

– E aí o quê? – ela disse, muito cínica.

– Pri, não fala isso como se você não soubesse do que eu tô falando.

– Ah, 'cê quer saber se foi perdoado, né? – mais cínica ainda. Ela queria matar o Zac um pouco de desespero antes de dizer qualquer coisa.

– Por favor, babe... diz que você me perdoou.

– Apesar de você não merecer nenhum pouco... – ela respirou fundo. – Sim, você está perdoado.

Really??

– É. Mas não vai achando que tá tudo bem, porque eu ainda estou muito magoada.

– Eu sei que sim. E entendo, claro. O que eu fiz com você foi horrível. Eu sei que eu não merecia ser perdoado.

– Não merecia mesmo.

– Será que eu já posso te dar um beijo?

A Priscila queria morrer, mas jamais ia demostrar um traço, por menor que fosse, de felicidade. Mas um sorrisinho ela deixou escapar. E o Zac segurou ela forte pela cintura e a beijou muito, muito e muito.

– Você não quer ir para o hotel com a gente? Aí 'cê conversa com o Tay também, vê o Mackie... e aí? – ele sugeriu. A Priscila fez que pensou, mas a resposta já era "sim" desde que o Zac tinha começado a pergunta.

– Ahm... tudo bem. Mas eu tenho que falar com o meu pai primeiro.

...

A Fer já estava na frente daquele hotel há mais de horas e nada de fã nenhuma sair de lá para ela poder tentar entrar no hotel. E nem notícia do Hanson também. Ela estava morrendo de cansaço, não via a hora de sair de lá. Todas as meninas que estavam lá na frente também estavam mortas de cansaço. No fundo, todas ali queriam muito voltar para a casa e mandar tudo aquilo à merda. Mas o amor pelo Hanson era maior. No caso da Fer, a curiosidade e a dúvida dela eram o que a mantinha ali, persistente. Foi quando a van do Hanson chegou. A Fer começou a gritar pelo nome do Zac, exatamente da mesma maneira que todas aquelas outras garotas. Porém, o que nenhuma delas enxergou, mas só a Fernanda, foi que lá dentro da van havia uma garota com eles. Ela não conseguiria dizer quem era apenas pelo o que tinha visto, mas tudo indicava que era a Priscila. "É ela. Só pode ser ela", a Fer pensou. A van entrou no hotel e o Hanson sumiu da vista de todo mundo que estava lá gritando pelo nome deles.

– Nossa, Zac... quanta mulher nesse lugar – a Pri disse, logo que o carro entrou na garagem após passar pelas fãs.

– É. Mas deixa elas lá porque agora 'cê tá aqui comigo.

A Pri sorriu e beijou o Zac.

A Fer voltou andando para casa, chateada porque não tinha conseguido nem se diferenciar daquele monte de escandalosas. Frustrante para quem estava esperançosa como a Fernanda estava.