Triste Fim de Policarpo Quaresma


Aqui está uma abordagem sobre o livro O Triste Fim de Policarpo Quaresma. É um livro espetacular, engraçado e ao mesmo tempo com uma temática séria sobre a sociedade do início do século. É um dos meus livros favoritos. Não deixe de ler, se possível veja o filme que se chama "Policarpo - Herói do Brasil".

O livro Triste Fim De Policarpo Quaresma foi escrito primeiramente em 1911 como folhetim e como livro em 1915. Este livro narra a vida de Policarpo Quaresma, um modesto fucionário público, em três estágios diferentes, que correspondem, mais ou menos, a três partes em que se divide a obra. A primeira parte relata sua vida como funcionário público; a segunda, como proprietário rural;  a terceira, como soldado voluntário da Revolta da Armada, de 1893.

Paralelamente ao destino de Policarpo Quaresma, as partes deste romance mostram o mundo carioca em três niveis diferentes: a vida simples do subúrbio, o cotidiano familiar e político da zona rural e a atmosfera política da Primeira República

Triste Fim de Policarpo Quaresma disseca o sonho de um patriota exaltado(Policarpo Quaresma), dominado pela idéia de uma Brasil acolhedor e amável. Em seu idealismo patriótico, Policarpo ve o país como um recanto de farturas, facilidades compreensáo e amor. Esta visáo orienta o seu projeto de reforma nacional, cujo objetivo era "despertar a pátria do sono inconsciente em que jazia, ignorante de seu potencial e conduzi-la ao seu lugar de maior nação do mundo".

Num primeiro momento, o grande sonhador prepara uma reforma cultural; num segundo, uma reforma agrícola; num terceiro, uma reforma política. Ao dessa camunhada ufanista, o país revela-se inóspito, precário, infecundo, cruel, opressor e odioso.

Em outros termos, a narrativa desconstrói o mito romântico de um Brasil superior. Evidencia a distância entre o sonho e a realidade; critica o idealismo inconsequente, incaspaz de enxergar as verdadeiras dimensões do real.

A caracterização do funcionalismo público é um dos subtemas mais interessantes do romance. O próprio Lima Barreto foi funcionário público. Por isso, pôde captar os pequenos traços que caracterizam esse tipo de serviço no Brasil, transpondo-os deforma magistral para o plano da ficção. Com efeito, o perfil dos funcionários públicos do romance, dos quais o mais importante é o próprio presidente da República(também caricaturado}, resulta em uma interessante alegoria contra a burocracia, formada por pessoas sem consciência moral ou profissional. Nesse sentido, o livro é uma sátira impiedosa e bem-humorada contra o Brasil oficial, onde dominam generais sem batalha(Albernaz) e almirantes sem navio(Caldas).

A descontração do estilo é outra característica importante de Triste Fim de Policarpo Quaresma, que incorpora vocábulos e frases espontâneas, próprios da linguagem oral ou jornalistica. O estilo simples da narrativa corresponde ao ideal de objetividade do autor, que se estende pelo respeito do artista às dimensões do objeto retratado, sendo compatível com o foco narrativo em terceira pessoa onisciente.

As três partes de Triste Fim de Policarpo Quaresma correspondem à aplicação das partes das grandes reformas propostas pelo personagem Cena do filme: Policarpo - Herói do Brasilprincipal para salvar o Brasil. A reforma pela cultura relata a vida de Quaresma como funcionário público . Homen de hábitos arraigados e conservadores, Quaresma era solteirão e vivia com sua irmã Adelaide num bairro do Rio de Janeiro. Além de dedicado ao serviço público, era patriota exaltado, possuindo uma biblioteca só com obras sobre o Brasil. De repente, viu-se assaltado por uma obsessão: salvar o Brasil por uma reforma nos costumes. Quaresma pensava que o homen do Brasil deveria se expressar como os primitivos tupinambás, e não como os europeus. Por isso, pôs-se a estudar o folclore e o tupi-guarani. Em pouco tempo, pretendeu substituir o idioma português pela língua do primitivos habitantes da terra, chegando ao extremo de redigir documentos oficiais em tupi. Essa aventura acabou por metê-lo num sanatório. Nessa altura da vida, Quaresma vivia rodeado por funcionários públicos sem consitência moral ou profissional. O conjunto dessas pessoas forma uma verdadeira alegoria contra o funcionalismo público, uma sátira impiedosa e bem-humorada: o general Albernaz, cuja filha Ismênia tem um fim trágico, por causa da indecisão do eterno noivo Cavalcanti; o contra almirante Caldas, a quem foi dado comandar um navio inexistente; o major Bustamante, cuja a preocupação central era combater a legislação que regeria sua aposentadoria. Dentre todos os amigos de Quaresma, apenas um se salva, pela sinceridade e força do talento: Ricardo Coração dos Outros, violeiro simpático que lhe dava lições de violão. E esse por ser humilde, era desprezado pelos demais, que formavam a "aristocracia do subúrbio".

A REFORMA PELA AGRICULTURA: Ao sair do hospício, Quaresma já não pensava em reformar os costumes nacionais. Agora, acredita que a solução para os males do Brasil adviria de uma reforma na agricultura.Muda-se então para o sítio Sossego e, depois de importar revistas e maquinários agrícolas, incumbe-se da missão de demonstrar aos compatriotas que a melhor terra do mundo é o Brasil. Em pouco tempo, é vencido pela má qualidade do solo, pelas saúvas e pela mesquinharia da política local. Depois de perder tudo que investira, resolve voltar ao Rio de Janeiro para salvar a Pátria do perigo representado pela Revolta da Armada, que então eclodira na capital do país.

A REFORMA PELA POLÍTICA: No Rio de Janeiro, Quaresma alista-se no Exécito, a favor de Floriano Peixoto, comandando um batalhão de 40 soldados. Nessa altura, está empenhado nas reformas políticas do florianismo, pelas quais se alista na batalha. Obtém uma entrevista com o presidente da República, mais sai absoltamente decepcionado com a figura displicente e preguiçosa do líder. Abafada a revolta, é enviado para a ilha das Enxadas, com a função de carcereiro. Nessa ilha, estavam os prisioneiro de guerra, ex-menbros da Marinha. Uma noite, diversos prisioneiros são levados para sumário fuzilamento por ordem expressa de Floriano Peixoto. Quando Quaresma toma consciência da manobra, redige uma carta de censura ao presidente, exigiendo dele que se respeitassem os direitos humanos dos rebeldes. Em consequência de sua carta, o grande florianista é preso e enviado para a Ilha das Cobras. Teria o mesmo fim dos prisioneiros por cujos direitos protestara.
 
 

Página Principal|Romancistas|Livros|Perfil|e-mail|