Vivendo um sonho
Autora: Audrey Fischer
E-mail: agente.fischer@terra.com.br
 
Disclaimers: Tios da Fox, sei que vocês devem estar imaginando que estou ficando muito abusada, uma vez que agora estou expandido as minhas pequenas fanfictions para Ally McBeal mas, assim como Arquivo X, ela e todos os personagens da serie são de vocês. Por favor não me processem!! Mas se vocês estiverem num mau dia, quiserem descontar em alguém e eu for a primeira da lista, tenho que continuar avisando que os meus únicos bens valiosos são : Uma camisa de Arquivo X, uma caneta (que para meu desespero não escreve mais) de Arquivo X, um calendário de 2001 de Arquivo X e o livro "Devaneios", ambos ganhei da minha tia virtual Wanilda.
 
Dedicatória: Quero agradecer a todos que não me mataram até hj, ao pessoal da lista de Ally_McBeal q aturam as minhas maluquices..
 
 
Vivendo um sonho
 
"Algumas vezes imagino como seria a minha vida se tivesse tomado um rumo diferente. Se por exemplo não tivesse me formado em advocacia.. será que seria mais feliz? Talvez agora fosse casada.. ou talvez eu.."
 
Os pensamentos de Ally são bruscamente interrompidos com o impacto do corpo dela ao chão.
 
- Ahh!! Hei.. seu.. seu.. idiota!! Não olha por onde anda, não?
- Você que não olha por onde anda!! Achei que 10 meses de namoro tinham te dado alguma lucidez... vejo que não!!
 
Ao ouvir aquela voz que tanto amava, Ally rapidamente levanta o rosto e fica a fitá-lo.
 
- Oh, Larry!!! Me desculpe!!
- Só se você me der um beijo!
- Só um beijo?
- Na verdade, o beijo é só para consolo.. depois você vai me recompensar com um jantar.
- Perai!!! Deixa eu ver se entendi.. Você me derruba e ainda por cima eu tenho que te recompensar?
- Exato!!
- Hum.. não sei..
- O que você não sabe?
- Tenho que verificar a minha agenda.. sabe como é, não é? Meu namorado anda ocupando muito o meu tempo.. tenho que perguntar a ele..
- Hum.. mas a gente pode dar um jeito nisso.. peraí!!
 
Larry faz uma cara de serio e fica imóvel por alguns segundos.
 
- Tudo bem!! Já falei com ele e não tem problema.. ele vai aproveitar para sair com uma moça muuuuito bonita..
- Diga para ele que morre se o fizer!!!
- Nossa.. que agressiva!!
- Você não viu nada!! - diz dando um sorriso malicioso.
- Às 8 está bom?
- Tudo bem!! Às 8 então!!
- Então passo no seu escritório.
 
Eles se beijam levemente e se despedem em seguida.
 
Ally continua a andar pela rua. Caminha distraída, pensando em como a sua tinha mudado desde que começara a namorar Larry. Ele tinha dado nova vida a ela. Finalmente, mesmo que resistindo um pouco, Ally abaixou as armas e se permitiu amar intensamente, sem barreiras, sem defesa. Larry teve uma paciência incrível com ela, vencendo sua resistência aos poucos, sem que ela mesma se desse conta disso. Ally estava feliz, simplesmente feliz!!
Ally sonhava alto, lembrando de alguns momentos que passou com Larry, quando seus pensamentos são novamente interrompidos, mas dessa vez não com o impacto do corpo dela ao chão e sim com o corpo de outra pessoa.
 
- Ai, seu idiota!!! Não olha por onde anda, não??
- Você que não olha por onde anda, sua idiota!! Você derrubou a minha pasta!!
- O que?
- É isso mesmo!! Você devia olhar por onde anda! Por acaso é cega?? Só me faltava essa!! Uma louca e ainda por cima cega!!
 
Ally pega a bolsa e começa a bater na cabeça do homem que a interrompera. A cada vez que batia na cabeça dele, dizia "Me desculpe!! Eu sou um pouco desastrada!! Foi sem querer!!"
 
- Sua louca!! Socorro!! Essa mulher é louca!! Socorro!!
 
Os dois causaram tanto estardalhaço que chamaram a atenção de uma dupla de guardas que estava tomando café num posto próximo do local. A dupla de guardas se aproximaram rapidamente.
 
- O que esta acontecendo aqui?
- Você não está viu? Essa maluca me atacou com a bolsa!!
- Mas que mentira!! Seu guarda, eu estava andando calmamente para o trabalho quando esse senhor esbarrou em mim e começou a me agredir!! Eu estava me defendendo!!!
- Hei!! Você não é aquela mulher que foi processada por agredir um cidadão que passava pela rua?
- Essa foi outra injustiça comigo..
- Eu quero ir a delegacia prestar queixa!! - disse o cidadão já exaltado por tamanha confusão.
- O que?? Você me agride e ainda quer prestar queixa!! Seu.. seu.. idiota!! Você vai ver só!!
 
 
Ally pega a bolsa novamente e quando se prepara para acertar novamente o homem que a importunara, um dos dois policiais ali presentes segura a sua mão e dizendo:
 
- Já chega de arruaça!! Vamos resolver isso na delegacia!! Para a viatura, os dois!!!
- Mas..
- Sem mais nem menos, senhora!! Não quero saber quem tem ou não razão!! Para a viatura, OS DOIS!!!
 
 
Estação de Policia
11: 45 a.m.
 
Ally anda de um lado para o outro da cela, quando finalmente o carcereiro a abre e diz que ela pode sair.
 
- Finalmente!! - reclama ao sair
Ao andar alguns passos chega a sala do detetive, visto que a delegacia não era grande. Ao chegar lá viu John e Larry parados, fitando-a com olhares de reprovação.
 
- Ally!! Pelo amor de Deus!! Onde você estava com a cabeça?? Não bastava espancar o pedestre, você ainda tinha que agredir o delegado!?
- Mas ele me ofendeu!! Eu fui obrigada a me defender!!
- Ally!!! Sabe o que isso causa para a imagem da firma? Conversei seriamente com o delegado, e ele concordou em não processa-la, desde que nunca mais visse a sua cara, e ele não verá, não é?
 
Ally até pensou em dizer algo, mas somente abaixou a cabeça numa atitude de aceitação do erro que havia cometido. Tudo bem que ela havia se descontrolado, mas não era para tanto!! Talvez ela tivesse atingindo o delegado uma ou duas vezes e dito algumas palavras não muito cultas, mas ele a tinha provocado!!
 
- Vamos sair daqui, Ally.
 
Desde que entrara na sala, essa era a primeira vez que ouviu Larry pronunciar alguma coisa. Ela esperava um certo sermão, mas não. Ele simplesmente colocou a mão nas costas dela, e disse para saírem daquele lugar horrível. Ally concordou, afinal não era um dos ambientes dos mais agradáveis.
Os três saíram da estação policial e Larry pediu para que John o deixasse a sós com Ally por algum tempo. Ally temeu um pouco a atitude dele, acreditando que por causa da maluquice dela, ele iria terminar com ela.
John se retirou dizendo que estaria no escritório aguardando por ela, afinal todos ainda teriam um dia cheio.
Ally e Larry seguiram caminhando em silêncio até a cafeteria. Ele estava extremamente pensativo. Ally nunca o vira tão serio.
Ao entrarem na cafeteria, acomodaram-se numa mesa próxima a porta e Larry pediu dois cafés para a garçonete. Enquanto aguardava o pedido, se mantia fitando profundamente os olhos de Ally, como se quisesse saber tudo que se passava dentro da mente dela, como se tentasse ler o que estava escrito por trás daqueles olhos tão especiais. Ia começar a falar, mas foi interrompido pela garçonete que trazia gentilmente os pedidos. Assim que ela os deixou sozinhos, Larry respirou fundo e começou a falar.
 
- Ally esses dez meses foram incríveis para mim. Eu ainda não disse isso antes por que queria ter certeza que era um sentimento verdadeiro, e hoje de manhã eu tive certeza. Eu te amo!! Não consigo mais viver sem você!! E de repente você age dessa forma! Eu não quero te ver num hospício ou qualquer coisa parecida!! Você é importante demais para mim!! Quero você ao meu lado, sempre!! Quando você faz esse tipo de coisa, eu fico inseguro.. te sinto longe.. fora do meu alcance..
- Larry, eu...
- Me deixa terminar de falar, por favor! Será que você não percebe como você me deixa inseguro? O quanto você me preocupa? E não sou só eu.. seus amigos também tem um certo medo de você.. todos gostam muito de você Ally, mas não sabem até que ponto você está sã ou não!!
 
Larry faz uma pausa, como se desse um tempo para que ela associasse o que ele havia dito e pensasse também em como prosseguiria.
 
- Eu quero ter algo mais serio com você, por que te amo muito!! Hoje depois que nos encontramos, eu me peguei imaginando como seria nosso casamento.. e eu quero deixar de imagina-lo para poder, quem sabe, vive-lo.. mas para isso eu preciso te sentir comigo!
 
As lagrimas se faziam donas do rosto de Ally. Não eram lagrimas de tristeza ou de solidão como o de costume. Eram lagrimas de alegria, de amor. De um amor correspondido.
 
- Eu também te amo!! E como eu te amo!!
 
Ally se inclina um pouco sobre a mesa e Larry faz o mesmo. Suas bocas se encontram num beijo apaixonado, que representava exatamente o que estavam sentindo. Todo amor e paixão que os dois sentiam um pelo o outro.
Ao saírem do beijo, Ally ficou a fitar os olhos de Larry por algum tempo, até que tomou coragem e disse o que realmente estava pensando.
 
- Estou com medo.
- Medo de que, meu amor? - pergunta Larry, enquanto acaricia levemente o rosto dela.
- E se não der certo? E se você descobrir que eu sou extremamente chata e resolver me largar? Tenho medo de sofrer novamente.. eu não ia agüentar te perder. Você sabe o quanto eu sofri com o Billy.. não quero passar por isso de novo.
- Ally, olha bem no fundo dos meus olhos.
 
Mesmo um pouco hesitante Ally obedece.
 
- Nós faremos dar certo. Nós dois, juntos. Mas eu preciso te sentir ao meu lado!! Prometa que você não vai desistir de nós dois por medo. Nós temos que ser um só.. eu preciso saber o que você sente.. prometa que vai ser completamente honesta comigo, prometa que seja qual for o problema, iremos enfrentar juntos, como um casal.
- Prometo.
 
Larry continua a acariciar o rosto dela enquanto a fita apaixonadamente. Assim ficam algum tempo, simplesmente namorando.
 
Fish & Cage
Boston York
4:10pm
 
Podemos ouvir o apito do elevador ao abrir a porta. Logo depois disso, vemos Ally sair do mesmo. Não caminha, flutua. Em seus ombros há dois passarinhos que a carregam e seus pés são rodeados por uma nuvem branca. Ally tem o pensamento longe.. pensava em tudo que tinha acontecido aquela tarde, e em como as coisas podem mudar rapidamente. Era impossível para ela deixar de ouvir a musica "Because you loved me" até por que, ela não queria deixar de faze-lo. Estava feliz e isso era ótimo.
- Ally!! AAAAAALLLLLLLYYYYYYYY!!!!
 
Subitamente Ally despenca, causando um certo barulho. Logo após podemos ver novamente seu rosto.
 
- Oh, Richard..
- Ally em que mundo você está?
- Ahn? Eu..
- Não tem importância. Temos um caso muito importante e preciso de você. A nossa cliente, Sra. Fowley, não confia em homens, por isso você vai ajudar Mark no caso. Ela é acusada de tentativa de assassinato. E o mais importante de tudo isso, ela tem dinheiro.
 
Richard falava rápido tão que Ally mal conseguia compreender o que ele falava.
Pelo pouco que entendeu, a Sra. Fowley era muito solitária. Durante o caso chegou a sentir pena dela. Nunca havia visto uma mulher tão infeliz. Ela simplesmente não tinha esperança. Concentrava toda a sua vida em um homem que amava outra mulher e a desprezava.
O caso teve um verito contrario ao escritorio. Com as provas apresentadas e os depoimentos feitos, o juri decidiu que a Sra. Fowley deveria ir para um hospicio, onde faria um extenso tratamento psicologico.
 
Restaurante Lord’s Place
40 dias depois
9:15pm
 
- Adorei o local, Larry!!
- É realmente muito bonito.. achei que era apropriado para a ocasião..
- Que ocasião?
 
Larry toma a mão de Ally entre as suas, respira fundo e então prossegue olhando- a amorosamente.
 
- Ally.. você .. você sabe o quanto eu te amo, não é?
- Lógico!! Eu também te amo muito!!!
- Pois bem.. eu quero.. eu quero.. eu quero te pedir em casamento. Não posso mais viver sem você!! Por favor.. aceite o meu pedido. Case-se comigo.
 
Num gesto rápido, Larry tira do bolso uma caixa de veludo azul e a abre. A mesma contia um anel de ouro, com alguns diamantes e uma água marinha. Era simplesmente lindo!! Ally permanecera estática, com os olhos rasos d’água.
 
- Eu..
 
Por um momento um medo súbito tomou conta do corpo dela. Ela simplesmente não sabia o que dizer. Ainda tinha medo... Mantia a cabeça abaixada, sem encarar Larry. Sentia que podia confiar nele, mas ao mesmo tempo.. tinha vontade de levantar-se e sair correndo.. foi então que lembrou-se da promessa que fizera a dias atrás naquele bar, e de todo o amor que por ele sentia.
Levantou a cabeça e olhou nos olhos dele profundamente. Foi como magica. Todos os seus temores sumiram por completo. Não conseguia pensar em nada, além do quanto amava Larry e o quanto precisava dele.
 
- Eu seria a mulher mais feliz do mundo!!
 
As lagrimas que antes embaçavam sua visão, agora passeavam livremente pelo seu rosto. Larry colocou o anel no dedo dela delicadamente.
 
- Eu achei que nunca mais seria tão feliz. Que bom que me enganei!
 
As palavras se faziam sem significado. Havia uma comunicação muda, quase imperceptível a olhares leigos. Passaram o resto da noite praticamente em silêncio, deixando somente seus olhos falarem. Só se deram conta do tempo que ficaram ali, quando o garçom passou e perguntou se desejavam mais alguma coisa, pois estavam fechando a cozinha.
 
Ally chegou em casa às 4h da manhã, mas não sentia o menor sono. Seus sentidos estavam entorpecidos numa alegria gigantesca. Desejava sair gritando aos quatro cantos do mundo o quanto amava Larry e o quanto estava feliz.
Ao entrar em casa, percebeu q Renné já estava dormindo. Sentiu-se tentada a acorda-la para contar lhe tudo que ocorrera, mas mudou de idéia. Resolveu que tomaria um bom banho e iria se deitar em seguida. Amanhã, com mais calma, contaria lhe tudo.
Depois de tomar banho deitou-se e, ao contrario do que pensava, dormiu quase que imediatamente.
 
_*_*_*_*_*_*_*_*_
 
Ally abrira os olhos, mas continuava sem enxergar nada. Encontrava-se na mais completa escuridão. Não sentia o chão, mas sabia que estava de pé. Gritara por socorro, mas fora completamente em vão. Já estava em desespero, pois não sabia o que fazer. Foi nesse exato momento que avistou uma luz forte que parecia chama-la. Começou a andar em sua direção. Durante o caminho lembrou-se de varias cenas de sua infância e de sua adolescência. Sentia tudo como se estivesse acontecendo naquele exato momento. Chegara então, a cena da morte do Billy. Uma dor latente tomou conta de sua alma, junto com um sentimento de impotência que há tanto tempo a remoía. Lembrava perfeitamente de cada palavra que Billy proferira antes de morrer. Agora chorava compulsivamente. Começou a correr o mais rápido que podia, queria esquecer aquelas cenas que tanto lhe afligiam e lhe causavam dor.
Começou a viver uma cena que nunca antes havia acontecido. Ela corria atrás de Billy na rua, logo após ele terminar com ela. Atravessava a rua descuidadamente, visto a emoção e o sentimento de dor que estava sentindo. O motorista tentou desviar, mas foi em vão.
Tudo se escurecera novamente, ficando apenas o ponto de luz distante. Ouvia a voz de sua mãe, num tom sofrido e cansado a chama-la. Olhou ao redor na tentativa de encontrar o ponto de onde vinha a voz de sua mãe, mas de nada adiantou. Queria controlar o choro, mas não conseguia.
Continuava a andar em direção a luz que estava cada vez mais próxima. Ao alcança-la sua visão foi completamente ofuscada. A luz era tão forte que lhe feria os olhos. Sentia uma dificuldade gigantesca em abri-los novamente, suas pálpebras pareciam pensar 100kg.
Aos poucos foi abrindo os olhos e começou a enxergar tudo que havia a sua volta. Para seu espanto, se encontrava num hospital. Viu sua mãe, com a cabeça abaixada segurando sua mão. Tentou chama-la, mas sua voz não saia. Com muito esforço conseguiu mover a mão que sua mãe segurava.
Na mesma hora ela levantou a cabeça. Ao ver Ally acordada teve um espanto tremendo, saiu correndo para chamar o médico por Ally responsável.
 
Voltou acompanhada de um senhor baixinho, mas que aparentava ser de uma inteligência tremenda.
 
- Olá!! Você não me conhece, eu me chamo John, John Cage. Eu e o Dr. Fish somos responsáveis pelo seu caso. Você consegue falar? Se não conseguir, não se preocupe é completamente normal no seu caso.
 
- On.. Onde eu estou? - a voz de Ally sai fraca, vacilante.
- No hospital, querida. Você não se lembra do que aconteceu? - perguntou sua mãe que já estava novamente ao seu lado, segurando sua mão.
- Tudo que me lembro é que sai com Larry.. ele me pediu em casamento.. eu estava muito feliz.. fui dormir, tive um pesadelo estranho e acordei aqui. John desde quando você é médico? Que tipo de brincadeira é essa?
 
A voz de Ally estava mais forte agora, mas mesmo assim ainda se mantia rouca e fraca.
 
- Minha filha, isso não é possível!! Você sofreu um acidente logo após uma briga que você teve com Billy.. está em coma a anos!! E o Dr. Cage desde então está cuidando do seu caso, juntamente com o Dr. Fish
- O John e o Richard são advogados, não médicos!! E o Billy.. ele.. ele morreu!!
- Lógico que não!! Ele vem aqui todos os dias visita-la. Se sente culpado pelo acidente.. e acho que foi mesmo. E de onde você tirou essa idéia que os dois não são médicos, minha filha?
- Você está mentindo!! Sei que é mentira!! Eu quero falar com Larry, onde ele está?
- Por favor, Srta. McBeal, acalme–se! Você não está em condições de se exaltar.
- Como não vou me exaltar? Vocês estão me dizendo que a minha vida não existiu, ainda querem que eu fique calma e acredite nisso?
- Acalme-se minha filha.. aos poucos tudo vai se esclarecer.
- Eu só quero a minha vida de volta..
 
Ally chorava desesperadamente. Se sentia vazia, fraca. Tinha uma vontade simples.. voltar a sua vida, para o seu trabalho, seu namorado.. Sentia-se uma intrusa naquele ambiente. Não conhecia nada, a realidade era cruel demais para encara-la.
Aos poucos Ally foi se acalmando. Seu desgaste emocional era tanto que acabou dormindo. Por seu rosto ainda escorriam lagrimas, que representavam toda a sua dor.
 
Logo que ficou sabendo que Ally acordara, Billy se dirigiu ao hospital o mais rápido possível. Ao chegar lá, a encontrou dormindo. Procurou o médico e se informara de tudo o que aconteceu. Voltou ao quarto e ficou lá até que Ally acordasse. Sentiu os movimentos que ela fazia com a mão, mas ao fita-la percebeu que ela estava sonhando.
 
- Como você fica linda dormindo! Parece um anjo, cheia de vida e graça. Ingênua, desprotegida, mas ao mesmo tempo inteligentíssima.
 
Ally abriu os olhos lentamente.
 
- Oiii.. – cantarola ele baixinho.
- Billy!!
 
Ally ergueu o corpo com um certo sacrifício e o abraçou com toda a força que possuía.
Novamente, as lagrimas tomavam conta dos olhos dela, que já estava com os olhos levemente inchados por tanto chorar.
Era impossível conter a emoção ao vê-lo novamente. Achava que nunca mais o faria.
 
- Oh, Billy!! Achei que você tinha morrido!!!
- O que? Por que você pensou isso?
 
Ally afrouxou um pouco o abraço, afim de observa-lo melhor.
 
- O seu cabelo.. você o pintou de preto novamente!!
- Meu cabelo sempre foi preto!?!
- Mas..
- Deixe para lá!! Como você se sente?
- Bem.. só um pouco confusa..
- Aos poucos as coisas vão se esclareceu. Falei com seu médico. Daqui alguns dias você terá alta.
 
Ally nada disse, ficou apenas a fita-lo. Era estranho e ao mesmo tempo bom vê-lo ali, na sua frente. Sentia por ele um amor puro e incondicional, não igual ao que sentia pelo Larry, mas um amor quase infantil.. que lhe trazia uma alegria tremenda. Achava que depois de tanto tempo não se sentiria mais assim com a presença dele. Agora via o quanto estava enganada.
Os dois conversaram por muito tempo. Ally não falou muito pois ainda estava muito fraca, mas escutou com atenção o relato de Billy sobre os últimos anos. Ficou sabendo que Billy nunca se casara e que vivia somente para o seu trabalho. Billy falou sobre isso com uma certa amargura e no mesmo instante Ally percebeu o quanto ele era solitário.
 
Os dias se seguiram rapidamente e Ally fora liberada sem mais complicações.
 
Tudo na rua lhe parecia exatamente igual. No fundo se sentia extremamente infeliz. Sentia falta da sua antiga vida. A única coisa que lhe animava um pouco era Billy, mas mesmo assim sentia que os dois nunca poderiam ter um relacionamento real. Havia muita coisa entre os dois e Ally sentia como se traísse Larry, o que era a coisa mais estranha do mundo, uma vez que ele nem ao menos chegou a existir, mas para ela de alguma forma isso fazia sentido.
Aos poucos ela se acostumou a algumas coisas e aceitou outras. Mesmo assim sentia como se um pedaço dela faltasse, nem ao menos ouvir música ela conseguia.
Ao sair do hospital decidira que iria alugar um apartamento e trabalhar. Queria tentar refazer a sua vida, descobrir quem realmente ela era.
 
Algumas noites sonhava com sua antiga vida, sua vida que nunca existiu fora de sua imaginação. Lembrava-se de Larry. Amava-o muito.
Era engraçado, pois em outros tempos estaria realizando um sonho. Ter Billy sem a Geórgica e aquela confusão toda. Agora que o tinha, só pensava em Larry.
 
Agora deitada em sua cama, tentava compreender o que estava acontecendo em sua volta.
 
"Mas afinal de contas o que aconteceu? O que aconteceu comigo? Amo um homem que não existe, tenho amigos e um emprego com advogada, que também não existem. Será que eu existo realmente? Isso seria uma explicação plausível.. que ótimo agora estou enlouquecendo por completo! Será que alguém é realmente normal? Será que tem alguém nesse mundo imenso que está passando ou sentindo coisas parecidas das que eu passo e sinto? Seria tão mais fácil sentir meu coração acelerar quando estou perto de Billy.. ouvir musica sem que nenhum local estivesse emitindo o som, por mais que isso pareça estranho... Ver John, Richard, Elaine, Ling, Nelle, Mark, Renné.. cada um com suas características próprias, mas que eu amo do mesmo jeito. Com seus altos e baixos, exatamente como eu.. Onde foram parar todos vocês agora, na hora em que mais preciso de vocês? Renné.. minha amiga, morar sozinha é tão chato... "
 
Subitamente Ally se levanta e anda até uma escrivaninha, onde abre algumas gavetas e só para quando encontra um caderno. Fecha as gavetas que tinha deixado abertas e se dirigi a cozinha, aonde acende as luzes, senta-se na mesa e começa a escrever.
 
15 meses depois
Maryland
 
Ally se mudara para Maryland e lançara um livro intitulado "Memórias de uma vida não vivida". O livro foi um estouro fazendo muito sucesso nas vendas e se tornando, rapidamente, um dos maiores sucessos atuais.
Apesar da solidão, Ally se sentia feliz. As coisas estavam mais claras, mesmo que ainda não entendesse muito bem o que ocorrera com ela enquanto esteve em coma. Ally se tornara uma mulher mais forte, mas ao mesmo tempo mais solitária e afastada dos outros. Mesmo assim, aos poucos a distancia que surgiu entre ela e o mundo estava diminuindo. Começara a fazer amigos e seu trabalho também ajudava bastante. Depois de lançar o livro, Ally começou a trabalhar na UNICEF e amava isso.
As vezes, ainda sonhava que tudo isso não passava de um sonho tolo. Que continuava bem com Larry, trabalhando com Richard e John.. mas ao despertar uma dor imensa tomava conta dela. Não como antes, pois com o passar dos dias essa dor estava diminuindo.
Billy sempre a visitava. Atualmente ele estava namorando uma amiga que ela mesma apresentara para ele. Era uma moça muito simpática chamada Amanda. Ficava feliz por saber que os apresentou.
Ally, agora caminhava pelas ruas, simplesmente pensando. Como já fizera tantas vezes.
 
"É engraçado.. algumas pessoas vêem as coisa como elas são e perguntam ‘Por quê?’. Eu sonho com coisas que nunca existiram e me pergunto ‘Por quê não?’
Bem, enquanto elas não existem, eu vou seguindo. Tentando achar meu caminho, descobrir quem eu sou e o que estou fazendo. Lutando, chorando, rindo.. afinal isso é a vida!!! "
Ally continua a andar. De repente ela escuta uma musica baixinha.. Para olha para todos os lados e não consegue descobrir de onde vem o som. Continua a andar. A musica reinicia, mas dessa vez alta.
 
"Bem.. talvez algumas coisas nunca mudem!!"
 
Ally abre um sorriso contagiante e começa a caminhar movendo-se no ritmo da musica.
 
FIM