Disclaimer: Os personagens Ally McBeal, Richard Fish, Renee Radick, Ling Woo, e Eric Stall pertencem ao fenomenal David E Kelley e 20th Century Fox. Christine, Claire e Wade Ward-Campbell pertencem a mim. A musica When You're Smiling, é de Louis Armstrong, e foi interpretada por Vonda Shepard no episódio Body Language, da Season 1 de Ally McBeal.
Agradecimentos: Agradeço principalmente ao DEK, por ter criado essa série tão incrível, e à Ally McBeal, por ser Ally McBeal. Thanks tambem pra Fátima Prado, pela leitura, sugestões, comentários e pelo espaço cedido na HP. Ainda quero agradecer ao pessoal da lista Ally McBeal Brasil, pelo interesse que demonstraram por essa fanfic. Espero que todos gostem de ler, assim como eu adorei escrever!
Eu estava em casa, tentando não pensar nos meus problemas habituais, quando o telefone tocou. Era Richard Fish.
"Ally, preciso de você."
"Não entendi." Tudo bem que eu queria que alguém precisasse de mim, mas não alguém como Richard Fish. Muito menos num domingo de manhã.
"Ally, nós temos um caso."
Eu e Richard? Um caso? Nem pensar!!
"Olha aqui, Richard, que brincadeira é essa? Você andou bebendo?"
"Ally, você quer me
escutar? Eu sei que é domingo, que pessoas normais não
trabalham aos
domingos. Mas partindo do princípio de que podem nos chamar
do que quiserem, menos de normais,
eu resolvi ligar para você. Não podia esperar até
amanhã.
Ahn não...Era meu dia de folga...
"Do que se trata, Richard? Deve ser alguma coisa grande, pra você me tirar da cama num domingo."
"Pode acreditar, Ally. É uma coisa grande."
Demorei algum tempo para ter a certeza de que eu realmente estava indo trabalhar. Mas quando meu cérebro conseguiu computar a mensagem, eu já estava na firma.
"Richard? Richard" Só faltava essa. Me tirar de casa e desaparecer. Se fosse algum tipo de trote eu juro que matava Richard Fish.
Depois de alguns minutos, ele apareceu.
"Ally, que bom que você chegou. "
"Ok, Richard. Pode ir falando. Qual é a coisa tão grande que fez você me tirar de casa num domingo?"
"Ally, só que não é uma coisa tão grande assim. Na verdade, essa coisa tem 9 anos de idade. E é filha de um dos homens mais ricos dos Estados Unidos."
Foi quando eu vi a menina. Ela estava um pouco assustada, mas não menos do que eu, e eu pude ver uma tristeza contida em seu olhar. Tentei me aproximar, mas ela recuou.
"Christine, essa é Ally McBeal. Ela vai nos ajudar a resolver o seu...caso."
"Ela...tem um caso...e eu vou resolver?" Eu sei que eu não era a pessoa certa para achar coisas desse tipo estranhas. Justo eu, a mulher com uma canção tema. Mas ainda assim, eu não conseguia entender o que estava acontecendo ali.
"Ally, essa é Christine Ward-Campbell. Você consegue ver agora um tom de gravidade um pouco maior?"
"Ward-Campbell? Das indústrias Ward-Campbell? Meu Deus, Richard. E o que ela quer aqui?"
"Eu quero me divorciar dos meus pais."
Ao ouvir aquilo da boca de uma criança tão pequena, herdeira de um império gigantesco, meu coração gelou. Instinto materno? Profissional? Eu não precisava saber disso no momento. Só o que eu queria, era ajudar Christine.
"Então você quer...se divorciar dos seus pais?
"Quero. E vocês vão conseguir isso para mim."
"Olha, Christine, você não acha que é um pouco pequena para querer sair de casa? Quando eu tinha a sua idade, tudo o que eu queria era a segurança do meu lar, e a minha família por perto."
E olha que meus pais não tinham nem um terço do que os seus têm.
"Ahn...Christine. Diz uma coisa aqui para o tio Richard."
Tio Richard? Se ele ousar fazer em tia Ally, eu me demito.
"Eu já disse o que eu quero. Eu não quero mais minha família. Eles são pessoas egoístas, só pensam nas próprias vidas. E eu não faço parte da vida dos meus pais. Sabem onde eu fico nessa história toda? Sozinha. Eles não me amam. Eles só me alimentam como se eu fosse um bichinho. Eu não quero mais! Eu quero uma família que pelo menos saiba que eu exista."
Aquilo me assustou ainda mais.
"Bom, eu só ia perguntar com que dinheiro você vai pagar o nosso serviço..."
"Richard!!"
"Ally, nós somos profissionais, não somos babás."
"Christine, você nos dá licença um minuto? Obrigada."
Eu tive que puxar Richard para o outro lado da sala, para poder abrir a cabeça dele.
"Richard, qual a coisa que você mais ama no mundo?"
"Dinheiro."
Novidade
"E qual a coisa que o pai daquela menina mais tem?"
"Dinheiro??"
"Exatamente, Richard. De qualquer maneira, você vai ver a cor do dinheiro. Como esse dinheiro vai chegar na sua mão, é outra história."
"Tudo bem, Ally. Eu chamei você, eu aceitei o caso, eu concordo com seus argumentos. Satisfeita?"
"Satisfeita"
Foi quando eu me lembrei de um pequeno detalhe.
"Christine, você tem para onde ir?"
Eu não sei se eu não devia ter perguntado nada, ou se devia ter fingido que não lembrava desse detalhe. O fato, é que Christine não queria voltar para casa, e não teve jeito de convencê-la do contrário.
"Ally, onde você se meteu? Era Renee E quem é essa?
"Oi, eu sou a Christine. Vou morar com vocês por um tempo."
Ai, meu Deus.
"Ally, que história é essa?"
"Nem queira saber, Renee. Eu ainda não to entendendo nada."
"Pois trate de entender Ally.
Ela é uma criança, e nem eu nem você temos
estrutura ou sanidade
mental suficiente pra cuidar de uma criança".
Era isso que ela pensava?
"Fale por você, Renee. Eu posso muito bem cuidar de uma criança."
"Ally, você não conseguiu nem cuidar do seu bebê imaginário, imagina de uma criança de verdade".
"Pois você vai ter uma surpresa."
Eu olhei para Christine, que
olhava para mim e sorria. Por mais que isso pudesse parecer estranho,
ela
iria ficar comigo até resolver a história com os
pais.
Eu estava no
meu quarto, pensando em tudo aquilo que havia acontecido e transformado
o meu domingo de descanso num dia totalmente louco. Não
que isso fosse novidade para mim, mas todos têm direito
a um dia normal em suas vidas. Foi quando percebi a presença
de Christine, me olhando, na porta do meu quarto.
"Ei, pode entrar. Não precisa ficar aí escondida, não."
Ela entrou em silêncio.
"Ally, posso te perguntar uma coisa?"
"Claro."
"Por que algumas pessoas não são felizes?"
Meu coração parou ao ouvir a pergunta daquela menina. Eu não sabia o que responder.
"Todas as pessoas tem coisas felizes em suas vidas. Mesmo que tenha coisas tristes também."
"Aposto que meus pais nem sabem que eu fugi de casa. "
"Imagina. Na certa eles já devem estar te procurando, mas como que eles iam saber que você está justamente aqui? Eles nem me conhecem. Só se eles fossem mágicos poderosos que tivessem o poder de adivinhar onde estão crianças fujonas."
Eu havia conseguido arrancar um sorriso de Christine.
"Ally, você é feliz?"
Foi como se todo o meu tempo gasto em terapia tivesse sido em vão. De repente, tudo o que eu queria dizer para aquela menina era: Não, eu não sou feliz.
"Claro que sou feliz, Christine."
"Então me ensina?"
"Ensinar?"
"Me ensina a ser feliz também."
Resolvi que
era hora de ligar para aquele que havia me colocado nessa situação.
Ling atendeu.
"Ling, eu preciso falar com Richard."
"Quem ousa querer falar com Richard em pleno Domingo"
"A mesma pessoa que foi obrigada a trabalhar em pleno Domingo.
"Humph"
"Hey, Ally. Como vão as coisas?"
"Você ainda pergunta? Richard, essa menina precisa de ajuda."
Eu preciso de ajuda.
"E o que eu posso fazer?"
"Os pais... eles a procuraram
de alguma maneira? Você contatou a polícia? Você
ligou para os pais
dela?"
"Claro que não. O caso é seu. O problema é seu. O dinheiro é meu. Fishismo."
Eu precisava dar um jeito naquela situação antes que Christine percebesse.
"Ally!"
Tarde demais.
"Richard, eu...eu falo com você depois. Faça o que tem que ser feito, entendeu bem?"
Desliguei o telefone e me voltei em direção à Christine, que havia acabado de entrar no quarto. E percebi que a menina chorava.
"O que foi que houve?"
Eu a abracei ternamente, e a deixei chorar. Eu sabia que qualquer pergunta seria perda de tempo. Aquela era uma criança triste, mas eu ainda poderia mudar sua história. Tudo o que o mundo não precisava, era de outra Ally McBeal.
"Ally, isso é demaisl!!"
"Você nunca fez isso antes??"
Era espantoso que uma criança de 9 anos, morando em Boston, nunca havia patinado no gelo.
"Claro que já. Mas nunca com uma pessoa tão legal. É a primeira vez que eu to me divertindo.
Eu tinha decidido que antes de qualquer passo a ser tomado no sentido de devolver Christine aos pais, ou mesmo de continuar aquela história maluca de divórcio, eu precisava proporcionar àquela criança um pouco de diversão. E me alegrava saber que pelo menos nesse ponto, tudo estava indo bem.
Levei-a para passear em vários
lugares que eu gostava de ir, lugares em que eu me sentia bem.
E
cada vez mais eu me sentia ligada àquela menina.
"Ally, por que você não tem filhos? Qualquer criança iria adorar ter uma mãe como você. "
Por que será que as crianças têm sempre que aparecer com perguntas intrigantes?
"Digamos que eu ainda não encontrei um pai bem legal pros meus filhos."
Minha resposta pareceu satisfazer
Christine. E eu fiquei olhando a neve caindo e pensando... será
que
um dia eu vou ser mãe?
"Ally, se eu conseguir divorciar dos meus pais, você poderia ser minha mãe?"
Eu apenas sorri, sem saber o que dizer.
Aquele dia estava se tornando cada vez mais complicado. Mas eu tinha que admitir que apesar se tudo, eu estava me sentindo bem. A presença de Christine me deixava feliz. Embora eu soubesse que as coisas poderiam se complicar ainda mais.
"Ally, por onde você andou?"
Depois daquelas horas de diversão com Christine, voltei ao escritório. Era hora de dar um fim naquela história. Mesmo tendo adorado aquela menina, ela precisava voltar pra casa.
"Chrissy, meu bem! Nós estávamos tão preocupados com você."
Richard havia telefonado para os pais de Christine, que olhava para eles como se fossem dois estranhos.
"Nunca mais faça isso, Christine. Nós temos mais o que fazer da vida do que ficar procurando você ou agüentando suas brincadeiras.
Aquilo me tirou do sério.
"Realmente, senhor. Não me admira que sua filha queira viver longe de pessoas como vocês.
"Como? Viver longe? Não seja ridícula! Quem é você, afinal?"
Foi então que ouvimos a voz de Christine pela primeira vez desde que havíamos chegado ao escritório.
"Essa é Ally McBeal.
Minha advogada. E ela vai me ajudar a me divorciar de vocês.
Eu não quero mais
que vocês dois sejam meus pais."
Tenho que confessar que senti
pena de Claire Ward-Campbell, mãe de Christine. Ela parecia
aterrorizada com o que acabara de ouvir.
"Meu Deus, minha filha. Eu nunca pensei em ouvir uma coisa dessas em toda minha vida. Minha própria filha querendo... Oh, Deus...
Com Claire chorando de um lado, Wade, o pai, gritando do outro lado, Richard insistindo na questão de dinheiro, e Christine insistindo no seu plano inicial, eu tive certeza de que nada se resolveria naquele momento. E que tínhamos, definitivamente, um caso a resolver.
"Senhor Fish, eu pago o que for preciso para acabar já com essa história ridícula.
Os olhos de Richard brilharam. Tive que intervir.
"Esperem um pouco. Vocês estão esquecendo de que eu sou a advogada de Christine."
"Pois eu estou oficialmente contratando o Richard Fish para ser meu advogado."
Era só o que faltava.
"Richard, você não pode aceitar isso. Se ela veio até a firma é porque queria a nossa ajuda, você não pode trair um cliente."
"Ally, eu não vou trair um cliente...E depois, ela só me procurou porque era o único advogado que conhecia. Agora ela conhece você. Pronto! Não estou abandonando, nem traindo um cliente.
"Tudo bem, Richard. Mas...ja esta ficando tarde...que tao se formos todos embora, descansar, refletir sobre tudo isso que aconteceu, e amanhã voltamos a conversar?"
Os pais de Christine concordaram em tentar uma nova conversa no dia seguinte.
"Pois bem...Resolveremos
essa história amanhã pela manhã. Christine,
você irá pra casa comigo e
com a sua mãe."
"Não, eu vou ficar com a Ally."
Naquela altura da discussão, todos já estavam cansados demais. Os pais da menina acabaram deixando que ela ficasse comigo. No entanto, eu pude perceber a tristeza em seus olhos, principalmente nos olhos de Claire, que ja não tentava conter as lágrimas. Em algum ponto, aquela família havia se perdido, e, ao invés de acabar de vez com o que havia restado, eu iria ajudar na reconstrução.
Coloquei Christine para dormir, procurando não tocar no assunto. Ela estava exausta, e não demorou a pegar no sono. Eu fiquei olhando aquela criança tão linda, e desejando que ela reencontrasse o caminho para a felicidade.
"Ela dormiu?"
Era Renee.
"Dormiu sim."
"Ally, você sabe que não existe qualquer tipo de estrutura para levar esse caso adiante. Não existe histórico de maus tratos, violência, abandono, nada que justifique tirar essa menina dos pais."
"Eu sei, Renee. Mas eu precisava dar apoio pra ela, você entende? Por mais que não exista abandono, ela se sente abandonada. Por mais que ela ame os pais, de alguma maneira, ela não se sente amada. Ela precisa tanto de carinho...e acho que a única maneira que ela encontrou pra mostrar isso aos pais, de uma forma clara, foi criando essa história de divórcio."
"Você se identificou com ela, não foi?"
"Foi...sabe o que ela me perguntou? Se eu aceitaria ser mãe dela, caso ela conseguisse se divorciar dos pais."
"E o que você respondeu?"
"Nada...eu sorri pra ela, mas eu não sabia o que responder. Mas eu senti um orgulho muito grande. Uma criança de verdade, não uma fantasia ou um delírio, uma criança estava me pedindo para ser sua mãe. Foi um dos momentos mais fortes da minha vida."
Foi quando percebemos que Christine estava chorando e chamando pela mãe. Corremos até o quarto. Ela havia acordado, num choro interminável.
"Pronto, calma...foi só
um pesadelo...está tudo bem."
Eu tentei acalmá-la.
"Ally...eu não quero mais...eu não quero
mais ir embora da minha casa...Eu achei que seria mais feliz
indo embora, tendo outros pais...mas eu nao quero, Ally. Eu quero
ficar com a minha mãe."
Eu abracei Christine, e chorei junto com ela.
No caminho para casa, Christine
permaneceu calada a maior parte do tempo. Tentei quebrar o silêncio,
e me deparei com uma das cenas mais emocionantes da minha vida.
"Você deve
estar bem cansada depois de um dia tão agitado como hoje..."
"Obrigada, Ally."
Olhei para Christine enquanto tentava prestar atenção
na estrada...eu só costumava usar o carro para
lugares mais longes, e a casa de Christine, era definitivamente,
um desses lugares...
"Obrigada por ficar comigo hoje. Eu nunca vou esquecer
esse dia."
"Nem eu... você pode ter certeza disso."
"Ally..."
"Hmm?"
"Você é a pessoa mais legal que eu já
conheci na minha vida."
Nem sei dizer o que senti naquela hora...mas, com certeza, senti
um enorme orgulho. Afinal, crianças
são sinceras. E me segurei para conter as lágrimas.
"Além disso, Ally, você me ensinou uma coisa...
Você me ensinou que não precisa de muito tempo pra
saber que ama uma pessoa..."
"Como assim, Christine?"
"Eu amo você Ally. Não precisa mais de 1 dia
pra amar uma pessoa como você. Quando eu te perguntei se
você poderia ser minha mãe, não era só
porque eu tava me divertindo...Eu poderia ficar com voce o resto
da minha vida... Eu poderia te chamar de mãe...Mas eu já
tenho a minha mãe... Se eu não tivesse, se eu fosse
sozinha no mundo, eu ficaria com você. Você ficaria
comigo?"
Ahhh, eu já não queria conter lágrima nenhuma.
Eu queria mais era botar pra fora toda emoção que
aquele momento me proporcionou.
"Eu ficaria com você...Pra sempre! E...Chrissy...Eu
também amo você, viu?"
De repente, eu me lembrei de uma musica que eu costumava cantar
de vez em quando... When you're smiling ... E fiquei cantando
em silêncio, apenas no meu pensamento...
Inexplicavelmente, como mágica, Chrstine começou a cantar a mesma música. Eu não sabia o que pensar a respeito daquilo...Mas eu não precisava pensar em nada. Apenas sentir o momento, e cantar junto com ela.
Nenhuma de nós duas precisou falar mais nada... Nossos
corações falavam por nós.
Passava da meia noite quando chegamos a casa de Christine. Eu
fiquei deslumbrada com o tamanho da casa, mas tentei parecer o
mais natural possível diante de tanto luxo.
A vida daquela criança estava prestes a mudar. Apenas 1
dia havia se passado; apenas 1 dia tinha sido suficiente para
marcar para sempre a vida da família Ward-Campbell...e
a minha vida também.
Toquei a campainha. Os empregados provavelmente ficavam em algum
outro ambiente, já que, depois de alguns minutos, o próprio
Wade abria a porta.
Ele ficou parado por alguns segundos, olhando para a filha. Saindo
do transe, os dois se abraçaram como nunca, enquanto Wade
chorava.
"Não precisava ter sido assim, Chrissy. Não
precisava. Perdão, minha filha. Meu bebê...Perdoa
seu pai por ser tão ... tão idiota."
Claire, percebendo o barulho, apareceu na escada, e, quase imediatamente,
estavam os três se abraçando. E eu...bom, eu sabia
que deveria ir embora e deixa-los a sós, mas fiquei lá,
olhando, e chorando junto com eles.
"Obrigada, Ally, por cuidar da minha filha."
"Eu é que tenho que agradecer à sua filha,
Claire. Por tudo o que ela, mesmo sem saber, fez por mim.
"Ally, promete que vem me visitar? E quando você tiver
um bebê, traz aqui pra eu conhecer?
"Prometido. E você também pode ir me visitar
sempre que quiser...eu vou ficar torcendo por você, viu?"
"Eu sei..."
"Amo você Ally!"
"Também amo você, Chrissy. E não esquece
de uma coisa...quando você estiver sorindo, continue
sorrindo... "
"E o mundo inteiro irá sorrir com você"
Eu e Christine sorrimos uma para a outra e nos abraçamos
emocionadas. Definitivamente, havia uma
conexão linda e mágica entre nós. E eu só
tinha a agradecer.
"Bom, eu acho que é hora de ir...vocês três
tem muito o que conversar...a história do divórcio
pode ter sido meio absurda, ou até fantasiosa, mas foi
resultado do inconformismo de uma criança, que não
conseguia se comunicar com seus pais e expressar o que estava
sentindo... Espero que agora vocês consigam se entender...e
sejam felizes."
Eu fui embora tendo a certeza de que eles seriam felizes. Fiquei
pensando em tudo o que havia acontecido naquele domingo tão
agitado, mas tão especial...e de repente, lembrei de Eric
Stall, o garotinho que tinha leucemia, e agora era meu anjo da
guarda. Eu sorri com a lembrança...Eu havia falado pra
ele, que talvez Deus o havia colocado no meu caminho para me lembrar
de que Ele estava lá, apenas observando...mas sempre presente.
Talvez meu encontro com Christine também fosse um presente
de Deus, e do meu anjo da guarda, somente para que eu lembrasse
de que eles estão lá, juntos, olhando por mim...E
que, um dia, eu seria uma pessoa feliz.
Ao entrar em casa, achei um bilhete de Renee avisando que Richard havia telefonado, apenas para confirmar a reunião com os pais de Christine. Pobre Richard, mal sabia que não tínhamos mais um caso a resolver...O que significava que não tinhamos mais uma mina de ouro a receber...
Olhei para o relógio e já passava das 2 horas da manhã. Definitivamente, eu iria tirar a manhã seguinte de folga. Fui dormir tranqüila, e naquela noite, sonhei com 4 crianças muito especiais na minha vida...minha irmã, Eric, Christine, e meu bebê, me avisando, em sonho, que logo logo estaria comigo. E eu tive certeza...absoluta... de que um dia, eu seria totalmente feliz.