Barões de Ornelas
Foi 1.º barão de Ornelas António Evaristo de Ornelas,
doutor em medicina pela Universidade de Paris, nascido na freguesia da
Sé em 2.10.1829, sendo filho de Evaristo de Ornelas, natural do
Estreito de Câmara de Lobos e de D. Narcisa Júlia Januário de Ornelas,
casados no Estreito de Câmara de Lobos a 29.10.1826, esta filha do
Capitão Silvestre Gomes da Silva e de Antónia da Luz. No termo de
baptismo que seus pais viviam na Rua dos Netos, Funchal.
Casou em 1874, em Poppelsdorf, próximo de Bonn na
Alemanha, com D. Maria de los Dolores Heeren (1848-1904), filha de
Karl-Avoust Heeren (nascida em Hamburgo a 3.1.1809 e falecida em Bonn
a 3.8.1876) e de Maria de los Dolores Massa
J. Grana (nascida em Málaga em 1819 e falecida em
Hamburgo em 1858). C. g.
Faleceu
em Paris em 24 de Abril de 1904. Era F. C. C. R., comendador da Ordem
de Cristo, cavaleiro das Ordens de Nossa Senhora da Conceição de Vila
Viçosa
[O Direito, 30 de Janeiro de 1879]
e de Isabel e Católica, de Espanha e sócio correspondente da
Academia Real das Ciências. Foi Cônsul Geral e Plenipotenciário de
Portugal em Lima (Perú). Formou-se em Paris em 1854, defendendo a tese
de doutoramento que intitulou «Anatomie pathologique et traitement des
polyps fibreux de la base du crane dits mesopharynogiens» Paris 1854 e
mais tarde em 1886 repetiu os exames na Escola Médico-Cirúrgica do
Porto para obter o diploma português, defendendo a tese «Da Dilatação
do Estomago».
Exerceu a sua profissão em Paris onde teve larga
clientela e aonde nasceram todos os seus filhos.
O título foi lhe concedido por Decreto de 14.10. 1886
(D. Luís I).
Trazia por armas: — Escudo partido: 1.ª pala, Ornelas —
de azul, banda de oiro carregada de três flores de vermelho, postas no
sentido da banda, a qual é acompanhada de suas
sereias
de sua cor, isto é a parte da mulher de encarnação, a parte de peixe
de prata, cada uma com o seu espelho na mão direita e seu pente na
sinistra tudo de ouro; a 2.ª pala cortada de Figueiras — de oiro,
cinco filhas de figueira de verde — e Silvas — de prata, leão de
púrpura, armado e linguado de azul. Coroa de barão. Timbre de Ornelas;
diferença uma brica vermelha com um besante de ouro.
Por carta de 13 de Julho de 1874, data, portanto,
anterior àquela em que foi agraciado com o título de barão, já lhe
tinham sido dadas as seguintes armas:
Escudo partido; 1.ª pala de Ornelas; a 2.ª pala cortada
de Figueiras e Silvas. Timbre: Uma seria das armas dos Ornelas.
Foi 2.º Barão de Ornelas Thomás Vicente de Ornelas
Heeren, filho 3.º dos barões de Ornelas. Nasceu em Paris em 1877 e
faleceu em Lima (Perú) em 1963. Era engenheiro da “École CentraIe des
Arts et Manufactures”, Engenheiro Conselheiro do Governo do Perú e
Professor da Escola de Engenharia de Lima (Perú). Casou em 1908 com
uma peruana D. Victória Pardo, falecida em Lima, irmã de José Pardo,
Presidente da República do Perú. C. g.Pelo Conselho de Nobreza foi-lhe
concedido a 30.11.1948, o direito ao uso do seguinte brasão de armas:
— Esquartelado 1.º de Ornelas, 2.º de Vasconcelos, 3.º de Silvas, 4.º
de Figueiras. Coroa de barão. Timbre, o dos Ornelas: uma das sereias
das armas. C. g.
Família
dos Barões de Ornelas
(Notas Genealógicas e Biográficas)
§ 1.º
Tomás de Ornelas Figueira, natural do Estreito de
Câmara de Lobos, era filho de Manuel de Orneias e de sua mulher
Domingas Rosa, casados na capela da Encarnação do Estreito de Câmara
de Lobos em 1744, em t.º de Ornelas com duas quebras de baronia. Casou
a 1.ª vez na capela das Almas, do Estreito de Câmara de Lobos, a
22.2.1781, com Rosa Francisca, filha de Manuel Gomes e de Águeda
Francisca sua parente, em 3.º e 4.º grau. Teve.
2 Tomás Figueira de Ornelas.
2 Manuel de Ornelas, casado com sua
prima Mariana Figueira.
2 Joaquim de Ornelas, casado com
Vitorina Drummond de Barros.
2 Maria Rosa, casada com António
Abreu.
2 Domingas Rosa, casada com o tenente
Joaquim Figueira da Silva.
Casou 2.ª vez no Estreito de Câmara de Lobos, a
21.10.1803, com Rosa da Encarnação, filha de Francisco Gomes e de
Antónia de Jesus, n. p. de Mateus Gemes e de Vicência Ferraz e materno
de Francisco Correia e de Antónia Gomes. Teve:
2 Evaristo de Ornelas, que segue.
2 João de Ornelas, casado com Maria
Constantina de Barros.
Evaristo de Ornelas nasceu a 26 de Outubro de 1804 e
casou a 29.10.1826, no Estreito de Câmara de Lobos, com D. Nascisa
Júlia Januária, filha do capitão Silvério Gomes da Silva, que nasceu
no Estreito de Câmara de Lobos a 19 de Setembro de 1806, e de Antónia
da Luz. Era professor na Vargem no Estreito de Câmara de Lobos onde
possuía vinhedos de muito boa qualidade e uma casa no Funchal na rua
dos Netos. Emigrou para o Perú para estudar as possibilidades do
plantio de videiras análogas às da Madeira, mas este seu projecto
fracassou. Faleceu no Funchal a 4.4.1895.
Teve:
3 Matilde de Ornelas, solteira.
3 António Evaristo de Ornelas, que
segue.
3 Isabel de Ornelas casou em Paris
com um francês de nome Fernand, Conde de Brücher, camareiro de S. S.
Leão XIII (1834-1919).
António Evaristo de Ornelas nasceu na Sé do Funchal a
2.10.1829 e baptizado, nesta mesma freguesia a 30.10.1829. Doutor em
medicina pelas Faculdades de Paris e do Porto. Partiu para Lima (Perú),
onde exerceu a sua profissão, tendo alcançado grande clientela e fama
de grande médico cirurgião. Era F. C. C. R. e foi-lhe passada carta de
brasão de armas em 13.7.1874. Escudo partido: I Ornelas, II cortado de
Figueiras e Silvas. Foi agraciado com o título de barão de Ornelas por
Decreto de 14.10.1886 (D. Luís I).
Casou em Poppelsdorf, próximo de Bonn, Alemanha, em
1874 com D. Maria de los Dolores Heeren (1848-1904), filha de Karl
August Heeren (nascido em Hamburgo a 3.1.1809 e falecido em Bonn a
3.8.1876) e de D. Maria de los Dolores Massa y Grana (nascida em
Málaga em 1819 e falecida em Hamburgo a 1858).
Teve:
4 Carlos de Ornelas, nasceu em
Paris em 1874, e faleceu nesta mesma cidade em 1961. Era Engenheiro
pela «École Central des Arts et Manufactures» e viveu toda a sua vida
em Paris. Naturalizou-se francês em 1928 e cedeu o seu título de Barão
de Ornelas a seu irmão mais novo Tomás Vicente de Ornelas. Casou em
1900 com uma colombiana Anita Thomas Vicente de Ornelas Heeren Ponce
de Leon, falecida em 1965 de quem teve 3 filhos e 8 filhas. Um dos
seus filhos faleceu em combate na guerra de 1940. Os descendentes de
Carlos de Ornelas vivem em França.
4 Antónia de Ornelas religiosa das
Dominicanas da Apresentação, superiora desta ordem em Bogotá. Faleceu
em Tours (França) em 1933.
4 Tomás Vicente de Ornelas Heeren,
2º barão de Ornelas, que segue.
4 Matilde de Ornelas faleceu nova.
4 Maria de Ornelas nasceu em 1878.
Vive em Paris, solteira.
4 Dolores de Ornelas nasceu em Paris em
1883 e faleceu em Paris em 1970, solteira.
4 Vasco de Ornelas.
Tomás Vicente de Ornelas Heeren nasceu em Paris em 1877
e faleceu em Lima (Perú) em 1963.
Por mercê de El-Rei D. Manuel II no
exílio por alvará de 29 de Novembro de 1948 foi-lhe concedido e
reconhecido o direito ao uso do titulo de 2.º barão de Ornelas.
Casou em 1908 com uma peruana D. Victória Pardo,
falecida em Lima em 1967.
Teve:
5 António de Ornelas Pardo, solteiro
vive ora no Peru ora em Espanha.
5 Manuel de Ornelas Pardo, casou com Pilar
Suarez y Salazar vive em Buenos Aires. Teve:
6 Manuel de Ornelas Suarez casou em
1961 no Rio de Janeiro com uma polaca, a Princesa Moncka Radziwill e.
g. vive em Buenos Aires.
6 Xavier de Ornelas Suarez casou em
1969 em Turim Itália, com uma italiana Cana Brota. C. g.
5 Fernando de Ornelas Pardo, Marquês
de Vilamant, vive em Madrid. Casou em 1949, em Madrid, com Rosária
Silva y Agrela, marquesa de Vilamant, filha dos Duques de Lecera. C.
g.
5 Maria de Ornelas Pardo, solteira,
vive em Madrid.
5 José de Ornelas Pardo casou a 1952 em San
Sebastian (Espanha) com Maria Lourdes Rezoia y Machínxbarrena. C. g.
Viveu no Perú até 1969 e actualmente
em Madrid.
TRANSCRIÇÃO de parte do artigo de CLODE, Luiz Peter.
Títulos Nobiliários relacionados com a
Madeira – Barões de Ornelas. Das Artes e Da História da Madeira,
n.º Vol. VIII, Funchal, 1971.
Casa do
Barão de Ornelas
Na freguesia do Estreito de Câmara
de Lobos, mais precisamente na rua Prof. José Joaquim da Costa existe
uma casa denominada de CASA DO BARÃO e que foi propriedade do 1º Barão
de Ornelas.
Ainda que não haja certezas sobre a
forma como o barão de Ornelas, terá chegado à sua posse, é de admitir
que esta propriedade bem como outras, na freguesia do Estreito, lhe
tenham sido doadas por seu tio, irmão de sua mãe, o médico-cirurgião
Dr. João Vicente da Silva.
O Dr. João Vicente da Silva,
era natural da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, onde terá
nascido por volta de 1803, tendo falecido solteiro, no dia 9 de
Outubro de 1895, na casa da sua residência ao sítio da Ribeira
Fernanda e hoje tida como do Barão de Ornelas. Era filho do capitão
Silvestre Gomes da Silva e de Antónia da Luz Espírito Santo, naturais
da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos. Durante cerca de 40 anos
esteve ao serviço da Câmara Municipal, como contratado para tratar os
seus expostos ([1]).
Por sua morte, o Dr. João Vicente
da Silva, terá instituído seu herdeiro universal, o 1º Barão de
Ornelas, que em termos de familiaridade seria seu sobrinho ([2]),
legando-lhe além de importantes prédios rústicos e urbanos, preciosos
vinhos madeira alguns dos quais datando de 1837 e que em 1930,
estariam armazenados em seis lojas ou adegas nos sítios do Ribeiro
Real, Ribeira Fernanda, Vargem, Igreja e cujas chaves estariam na
posse do seu amigo (amigo do barão de Ornelas) e parente, Francisco
Nunes Pereira de Barros ([3]).
O 1º barão Ornelas, chamava-se
António Evaristo de Ornelas, nasceu na freguesia da Sé, no Funchal, a
2 de Outubro de 1829 e faleceu em Paris, a 24 de Abril de 1904. Era
filho de Evaristo de Ornelas e D. Narcisa Júlia Januário de Ornelas,
naturais da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, em cuja igreja
casaram a 29 de Outubro de 1828. Foi doutor em medicina pela
Universidade de Paris, onde se formou em 1854. Exerceu a sua profissão
em Paris, onde tinha larga clientela e onde nasceram todos os seus
filhos. Foi comendador da Ordem de Cristo, Cavaleiro das Ordens de
Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e de Isabel, a Católica, de
Espanha e sócio-correspondente da Academia Real das Ciências. Foi
cônsul-geral e plenipotenciário de Portugal em Lima ([4]).
Esta propriedade viria
posteriormente a ser adquirida aos herdeiros do Barão de Ornelas, por
Francisco Nunes Pereira de Barros ([5]),
o que terá acontecido, muito provavelmente depois de 1930. Passou
depois a propriedade para seu filho, Francisco Nunes Pereira de Barros
Júnior, e foi, após a sua morte, vendida a Martinho de Abreu, que por
sua vez, a haveria de lotear e vender em fracções.
Na casa da residência desta
propriedade esteve durante vários anos instalada a Casa do Povo do
Estreito, depois da sua saída no local onde fora fundada, no sítio da
Ribeira da Caixa e a delegação no Estreito da Direcção Regional de
Segurança Social.
[1]
De acordo com O Direito, de 24 de Novembro de 1879, por essa
altura o concelho de Câmara de Lobos só possuía um médico, sitiado
na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos. Era o Cirurgião Dr.
João Vicente da Silva. Na sessão camarária de 26 de Fevereiro de
1896 dá-se conta de que a Câmara não tinha médico municipal e, por
isso pedia-se a criação de um lugar de facultativo no partido
médico de Câmara de Lobos. Segundo a proposta apresentada, o Dr.
João Vicente da Silva na altura já falecido havia sido contratado
40 anos antes, para tratar unicamente dos expostos.
[2]
Num artigo publicado pelo Eng. Luiz Peter Clode, na revista "Das
Artes e da História da Madeira n~41 Vol. VIII, de 1971, sob o
título Barões de Ornelas, é possível certificar o grau de
parentesco existente entre o Dr. João Vicente da Silva o e Barão
de Ornelas.
[3]
Diário da Madeira, 8 de Abril de 1930.
[4]
CLODE, Luiz Peter. Registo Bio-bibliográfico de Madeirenses, séc.
XIX-XX, pg. 349.
[5]
Uma vez que poderão ser encontrados, nesta família vários membros
com esta mesma denominação, convirá salientar que este Francisco
Nunes Pereira de Barros corresponde ao nascido a 30 de Janeiro de
1863 e falecido a 16 de Janeiro de 1942 e que também ocupou o
cargo de presidente da Câmara Municipal de Câmara de Lobos. Dos
seus três filhos, um, também chamado de Francisco Nunes Pereira de
Barros, casado com Filomena Izilda Pestana Rodrigues, viria a
herdar a casa do Barão de Ornelas e outro, a Maria da Graça
Figueira de Barros, herdaria a casa onde residia na freguesia do
Estreito, ao sítio da Ribeira Fernanda e que primitivamente havia
sido do tenente Joaquim Figueira da Silva.
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