CÂMARA DE LOBOS - DICIONÁRIO COROGRÁFICO

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z  
 
Entrada > Dicionário > C > Caminho Velho do Foro
 

 

 

Caminho Velho do Foro

 

Panorâmica relativa do sítio da Quinta de Santo António, onde se pode visualizar a ponte do Sr. Gregório, o início do Caminho Velho do Foro ou Ladeira do Foro, antiga residência do padre Manuel Carlos da Silva; portão da Quinta de Santo António e o actualmente denominado de Caminho da Quinta de Santo António.

Pormenor da Ponte do Sr. Gregório ou da Quinta de Santo António, antiga residência do padre Manuel Carlos da Silva, portão da Quinta de Santo António, caminho da Quinta de Santo António (à esquerda do portão) e continuação do Caminho Velho do Foro (à direita do portão) (Colecção Ernesto Pinto Correia)

Caminho Velho do Foro e antiga casa do padre Manuel Carlos da Silva (Manuel P. Freitas, 2004)

Pormenor do Caminho Velho do Foro (Colecção Ernesto Pinto Correia)

Pormenor do Caminho Velho do Foro, numa altura em que a avaliar pelo piso em degraus, ele ainda não tinha sido alvo de adaptação para trânsito Automóvel. Casa de Lucília de Ornelas. Um pouco acima e à direita ficava a casa de Francisco Teodoro da Silva. (Colecção Ernesto Pinto Correia)

Pormenor do Caminho Velho do Covão (Colecção Ernesto Pinto Correia)

Pormenor do Caminho Velho do Foro (Colecção Ernesto Pinto Correia)

Arruamento que tendo início na chamada ponte do Sr. Gregório, na Quinta de Santo António, freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, se estende para norte até ao Foro, na freguesia do Jardim da Serra, onde termina nas proximidades da Capela do Foro ou de Nossa Senhora da Consolação.

Esta denominação de "Caminho Velho do Foro", dado ao caminho tradicionalmente conhecido como Caminho do Foro e também de Ladeira (do Foro), a atestar a sua elevada inclinação, serviu naturalmente para fazer vincar a antiguidade desta via de comunicação que, outrora, através da parte oeste fazia a ligação entre o centro da freguesia do Estreito e as suas zonas altas. Corresponde muito provavelmente este caminho à antigamente denominada estrada municipal 169. "...Deliberou mais a Comissão se proceda a vários reparos na estrada municipal 169 ao sítio do Foro, freguesia do Estreito". In Livro de Vereações da CMCL, 21 de Dezembro de 1934.

Em 1919, de acordo com o Diário da Madeira de 12 e 18 de Janeiro, foi presente uma representação à então Junta Agrícola da Madeira, no sentido da construção de um ramal de uma estrada de turismo que ligasse ao centro da freguesia do Estreito ao sítio do Foro, pretensão que esta entidade haveria de remeter para a Junta Geral, dado o facto de, na altura, ter sido extinta.

Este pedido, naturalmente que não exclui a existência de uma velha acessibilidade pedonal para o Foro, mas antes defende a construção de uma estrada que permitisse o trânsito automóvel.

Aparentemente, é possível admitir que a construção ocorrida, por volta de 1925, do "ramal", por parte da Junta Geral entre o Damasqueiro e a Ponte do Sr. Gregório, na Quinta de Santo António, posteriormente denominado de rua da Fundação D. Jacinta de Ornelas Pereira, possa ter constituído a primeira fase dessa estrada de turismo que a população pretendia ver chegar ao Foro, mas que se ficaria por ali, não sem antes terem existido inúmeras reclamações, pelo atraso no seu calcetamento.

Sem estrada de turismo, ou seja sem estrada que permitisse o trânsito automóvel, a partir de 1951, assiste-se a algumas iniciativas no sentido do alargamento do velho caminho do Foro, tendo Salomão da Veiga França, com propriedades no Foro, sido um dos dinamizadores nesse sentido.

Assim, na sessão camarária de 31 de Outubro de 1951, é presente um seu requerimento pedindo autorização para, a expensas suas e de outros interessados proceder ao alargamento para cerca de mais um metro de um pequeno caminho existente entre a porta da Quinta de Santo António, na freguesia do Estreito, até à parte mais larga do mesmo caminho.

Na sua sessão de 28 de Maio de 1952, o presidente da Câmara Municipal de Câmara de Lobos dá conta de que havia sido procurado por Salomão da Veiga França dizendo que se propunha mandar proceder a vários melhoramentos no caminho entre a Quinta de Santo António e o sítio do Foro, a suas expensas e de outros munícipes, oferta que a Câmara acabaria por aceitar, sem encargos para o município, mas ficando o zelador João Pereira encarregado de fiscalizar os respectivos trabalhos.

No ano seguinte, na sua sessão de 14 de Janeiro, o presidente da Câmara comunicava aos restantes elementos da sua vereação que estes trabalhos, realizados a expensas do Sr. Salomão da Veiga França e outros, iam bastante adiantados, defendendo toda a conveniência em prosseguir com os melhoramentos até à ponte, provavelmente da Quinta de Santo António, e também construir um fontenário a cerca de 10 metros abaixo da plataforma da levada do Norte desviando-se para tanto uma pena de água da Câmara cujos canos passam naquele sítio.

A este propósito diria o presidente da Câmara que os respectivos munícipes apenas se comprometiam a comparticipar nestes trabalhos, orçados em 30 mil escudos, dado o dispêndio que já haviam feito. Perante esta situação, a Câmara deliberaria dar luz verde às obras e solicitar a comparticipação da Junta do Funchal.

Contudo, só na sua sessão de 24 de Junho de 1953, é que é deliberado dar imediato início às obras de melhoramento do caminho entre a Quinta de Santo António e o sítio do Foro na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos que deveriam ser feitas por administração directa para assim poder ser aproveitada a ajuda dos povos da localidade.

Depois destas obras de alargamento, outras pontuais teriam lugar, nomeadamente em 1960. Com efeito, perante um comunicado do zelador da Câmara apresentado na sessão de 13 de Julho,  informando que se tornava necessário proceder ao alargamento do caminho municipal do sítio do Foro, para o qual, o proprietário do terreno marginal oferecia o terreno e a pedreira para extracção da pedra necessária, a Câmara delibera proceder às respectivas obras.

Como referências mais importantes deste caminho, não poderemos deixar de destacar a residência que foi do padre Manuel Carlos da Silva, construída logo a seguir à ponte da Ribeira de Santo António; a Quinta de Santo António, a casa que foi de Felício Pinto da Silva, mas que antes terá sido propriedade e residência seu sogro, Francisco Teodoro da Silva, que foi um dos presidentes da Câmara Municipal de Câmara de Lobos; a casa que foi de Lucília de Ornelas, esta destacando-se sobretudo pela sua imponência relativa, tendo em conta a época da sua construção e os limitados recursos financeiros do seu proprietário; o Estaleiro, uma zona plana a quebrar a íngreme ladeira que constitui todo o caminho do Foro e em cujas proximidades esteve durante vários anos, nomeadamente nos anos 1960/70 esteve instalada uma escola primária masculina e outra feminina; a antiga casa de António Prócoro de Macedo, importante comerciante local, que durante alguns anos foi vogal da Câmara Municipal de Câmara de Lobos e, em cuja extremidade norte do terreno onde se encontra implantada, existia uma mercearia e, finalmente, a Quinta do Foro, que foi propriedade de Salomão da Veiga França e antes de seu sogro Francisco Figueira Ferraz e que hoje ainda se encontra na posse dos seus descendentes.

Este caminho encontra-se ligado com outras vias de comunicação, nomeadamente com o Caminho da Quinta de Santo António; como Caminho do Estaleiro;  com o Caminho da Figueira de Lameiro; com a Travessa do Calvário à Ladeira; com a Estrada Professor João Dantas; com a Travessa das Lavagens; com a Travessa da Tenda e com a Travessa do Sá.

   

Câmara de Lobos

Dicionário Corográfico
Edição electrónica

Manuel Pedro Freitas

Câmara de Lobos, sua gente, história e cultura