Damasqueiro
O termo Damasqueiro,
serve para referenciar na freguesia do Estreito, não só o
cruzamento entre a estrada João Gonçalves Zarco com as ruas
cónego Agostinho Figueira Faria e Fundação D. Jacinta
de Ornelas Pereira, como a zona envolvente. Ainda que não se saiba
ao certo a partir de quando é que essa denominação
passou a existir, julgamos que terá sido em data posterior à
abertura da estrada João Gonçalves Zarco, ou seja depois
de 1914. Assente está, no entanto, que a sua denominação
teve origem num damasqueiro aí existente.
Apesar de não passar
de um cruzamento, este lugar tem um importante significado para a freguesia
do Estreito, uma vez que foi através dele que, a partir de 1920,
com a abertura da hoje denominada rua Cónego Agostinho Figueira
Faria, o centro da freguesia do Estreito passou a ter acessibilidade automóvel
directa com o Funchal. Para além disso, sendo o Damasqueiro atravessado,
até há poucos anos, pela mais importante via de comunicação
da Madeira, a antiga estrada nacional 101, este lugar constituiu durante
vários anos uma espécie de sala de visitas da freguesia,
onde se concentrava a população para a recepção
de altas individualidades políticas, na sua passagem para outras
freguesias ou concelhos da zona oeste da Madeira.
A sua história
está também ligada ao antigo matadouro da freguesia, hoje
substituído pela sede do Grupo Desportivo do Estreito, a uma padaria,
ao restaurante Santo António, à residência de João
António Pereira, um professor primário que durante vários
anos leccionou na freguesia do Estreito e à Levadinha, uma centenária
levada de rega que o atravessa.
A origem do nome
A denominação
de Damasqueiro tem origem na existência, no local, de um velho damasqueiro,
situado à margem da estrada nacional 101, hoje estrada João
Gonçalves Zarco, junto a uma velha edificação que,
depois de várias transformações, acabaria por dar
lugar ao edifício sede da Panificadora Moderna de Câmara de
Lobos.
Ainda que não se
saiba o momento a partir do qual, este lugar assumiu a denominação
de Damasqueiro, é muito provável que tal tenha acontecido
só depois da abertura da estrada nacional 101, ou seja depois de
1914, uma vez que antes, não constituindo este local qualquer ponto
de passagem ou de referência, não havia necessidade de o individualizar
com o nome, o que já não se verificava depois da abertura
desta via de comunicação.
Matadouro e açougue
do Estreito
Existiu na freguesia do
Estreito de Câmara de Lobos, no Damasqueiro, um matadouro e talho,
destinados ao abate e comercialização de carne bovina. A
sua construção orçou os 120 mil escudos e foi inaugurado
no dia 28 de Maio de 1953.
Antes da sua construção,
o abate de gado fazia-se no largo do Patim, de forma pública e sem
quaisquer cuidados de higiene. Disso aliás dá conta, por
várias vezes, a imprensa regional , que não se
cansava de salientar a necessidade de se construir um matadouro, aspiração
que vinha pelo menos desde 1925 . A este propósito, o correspondente
de O Jornal no Estreito, em 1931, numa das suas crónicas, referia
que o concelho de Câmara de Lobos era, segundo diziam as pessoas,
o mais atrasado da Madeira e para justificar a suas afirmações,
apontava entre outras carências, o facto do Estreito necessitar de
iluminação e não a possuir, precisar de matadouro
e não o possuir, precisar de açougue e não o possuir
.
Em Novembro de 1942 encontra-se
concluído um projecto para a construção de um matadouro
e talho, na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos. De acordo com
a sua memória descritiva, na altura, a matança e venda de
gado bovino nesta freguesia faziam-se em lojas desprovidas dos mais rudimentares
preceitos de higiene e o novo edifício dotado de uma área
de 11,1x6,5 m2 e orçado em 30.275$90, seria construído no
sítio da igreja, num terreno que na altura ainda não estaria
definitivamente escolhido .
Em Junho de 1943 a Câmara
Municipal terá sido autorizada a contrair um empréstimo para
a sua construção e dois anos depois, em Junho
de 1945, anunciava-se que se projectava construir os almejados matadouro
e açougue na freguesia do Estreito . Para o efeito, havia
sido abandonado o projecto de 1942 e encarregado o capitão eng.
Amadeu César Leal da Silva de elaborar outro, dotado de matadouro,
talho, mercado de fruta e de peixe e que terá ficado concluído
a 12 de Junho de 1945, orçando a obra em 140 mil escudos ,
.
Este projecto é
presente na sessão camarária de 31 de Dezembro de 1945, sendo
deliberado enviá-lo ao Governador do Distrito para aprovação
e concessão de uma comparticipação pelo Estado.
Ainda que a sua construção
estivesse incluída no plano de obras para 1945 e tivesse
mesmo sido alvo da promessa do sub-secretário de Estado das Obras
Públicas quando, no dia 20 de Junho de 1945, visitou Câmara
de Lobos e tivesse depois voltado a ser incluída no
plano de actividades para 1946 , , só no ano seguinte, em
1947 é que a obra viria novamente a ser colocada em concurso mas
já com outro projecto e outra localização.
Com efeito, presume-se
que a obra projectada em 1945 e destinada à construção
do mercado, talho, matadouro e praça do peixe, estaria prevista
para ser implantada no antigo caminho da Azinhaga, hoje rua capitão
Armando Pinto Correia . Contudo, o seu projecto viria a ser abandonado
e, em alternativa, a Câmara optaria unicamente pela construção
de um matadouro e talho, segundo um projecto inspirado no que havia sido
elaborado em 1942. Para a sua implantação foi escolhido um
terreno situado no Damasqueiro, limitado a Norte pela ribeira, a Sul pela
estrada regional, a Oeste pela ribeira e Leste pela Levadinha e pelo ramal,
hoje denominado de rua Fundação D. Jacinta de Ornelas Pereira
e oferecido para o efeito à autarquia por José Isidoro Gonçalves
de Faria, na altura residente ao sítio da igreja. De acordo com
o conteúdo de uma declaração lavrada no livro de actas
da Câmara Municipal de Câmara de Lobos a 26 de Janeiro de 1949
José Isidoro Gonçalves Faria fazia a transmissão gratuita,
à Câmara, do terreno e benfeitorias para aí serem construído
o matadouro, um mercado do peixe e um talho. Na declaração
de cedência referia-se que o terreno só poderia ser utilizado
pela Câmara nas obras referidas ou outras em benefício público
e nunca para fins comerciais ou industriais.
Depois de aprovado o novo
projecto e comparticipada a obra, foram na reunião camarária
de 5 de Fevereiro de 1947, as respectivas obras, colocadas em concurso,
com a base de licitação de 62.003$00 .
Contudo a sua construção
terá sido algo problemática, dado o facto de não terem
surgido candidatos. Com efeito viriam a ficar desertos os concursos de
12 de Março de 1947 , de 12 de Abril de 1947 e
de 21 de Maio de 1947 .
Constando a sua construção
do plano de actividades para o ano de 1948 , logo no início
de Maio, as correspondentes obras já se encontravam em execução
, tendo ficado concluídas no dizer de um jornal da época
em finais de Agosto, princípios de Setembro de 1950 , o que
deverá estar próximo da verdade uma vez que em Outubro do
ano seguinte tem lugar a recepção definitiva da obra
.
Refira-se, no entanto,
que em Julho de 1950, quando as obras estariam prestes a ficarem concluídas,
a Câmara Municipal é surpreendida pela anulação
de uma comparticipação do Estado, no valor de 26.080$00,
facto que viria a colocar a Câmara numa situação delicada
e que faria com que esta oficiasse o ministro das Obras Públicas,
inquirindo sobre as causas de tal inesperada medida.
No seu ofício a
Câmara diria que por razões de ordem higiénica e moral
reconheceu este corpo administrativo a imperiosa necessidade de fazer construir
na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos um pequeno matadouro
para obstar ao abatimento na via pública das rezes destinadas ao
consumo e ao pouco edificante espectáculo por tal acto proporcionado
às crianças num meio em que, infelizmente, o uso de arma
branca é vulgar no cometimento de crimes. Elaborado o respectivo
projecto e submetido ao parecer das Direcções Gerais dos
Serviços de Urbanização e dos Serviços Pecuários,
que se pronunciaram em sentido favorável, foi por Despacho de Sua
Exa. o Subsecretário de Estado das Obras Públicas, de dois
de Janeiro de 1947, concedida a comparticipação de 26.08$00
pelo Fundo de Desemprego para a sua execução. Sucede porém,
que por dificuldades de ordem vária, entre as quais avultaram as
aquisições de materiais indispensáveis (cimento, ferro,
etc.) que no mercado escasseavam, e ainda a da mão de obra, difícil
de conseguir, os trabalhos foram tardiamente iniciados e executados em
ritmo moroso, bem contra os desejos da Câmara. Não obstante
as contrariedades apontadas e, à parte das instalações
sanitárias e pequenas obras de apetrechamento em curso, pode-se
garantir sem quebra de verdade que em três de Abril do ano em curso,
data em que a Direcção Geral das Obras Públicas da
Junta Geral do Distrito procedeu ao levantamento do auto de medição
dos trabalhos executados, a empreitada podia considerar-se virtualmente
terminada, e disso são prova evidente as fotografias que ilustram
esta representação. Foi pois, com amarga surpresa que esta
Câmara acolheu a comunicação de que, por portaria de
24 de Maio último tinha sido anulada a comparticipação
concedida e as consequências desastrosas que dessa medida advirão
para o município de Câmara de Lobos, pode V. Exa. imaginá-las
se se dignar tomar em consideração os parcos recursos do
concelho e as suas múltiplas necessidades, que o forçam
a uma vida vegetativa e quase primitiva e obrigam a Câmara ao mais
criterioso e parcimonioso emprego das receitas municipais na execução
do minguado volume de obras e melhoramentos em curso e projectados. Assim,
constatado que a medida ora tomada acarretará, como consequência
imediata um enorme desequilíbrio na sua situação financeira,
com perniciosos reflexos e retardamento na execução de outras
obras, a Câmara [...] emitiu um voto e deliberou representar a V.
Exa. no sentido de que, ponderados e revistos superiormente os factos expostos,
fosse dado remédio à precária situação
que lhe foi criada .
Contudo, apesar de, em
Janeiro de 1952, a Câmara ter deliberado mandar arranjar e calcetar
o terreno fronteiro ao edifício do matadouro e ainda adquirir e
assentar o material indispensável ao seu funcionamento para proceder
à inauguração , só no dia 28 de Maio
de 1953 é que foi solenemente inaugurado, tendo as respectivas obras
orçado em 120 mil escudos , .
Apesar de ter ficado resolvido
o problema do abate de gado, um ano depois da sua inauguração
e de funcionamento, chegar-se-ia à conclusão de que a localização
do talho não havia sido a melhor. Com efeito, o povo pouco habituado
a comer carne não se lembrava de lá ir, de modo que o negociante
também evitava abater gado por falta de clientes, o que não
acontecia quando o açougue era no largo do Patim. Lá sempre
se abatia gado e a carne era consumida. Em consequência da irregularidade
do abate decorrente da mudança de local, na maior parte das semanas
quem quisesse adquirir carne tinha de a ir buscar ao Funchal . Este
facto faz aliás com que posteriormente, o talho tivesse sido transferido
para o edifício do mercado construído, nos anos 60, no centro
da freguesia.
No decurso de 1969 o matadouro
é electrificado e em 1971 é elaborado um projecto
destinado à sua ampliação , obras que, no entanto
acabam por não se verificarem. Entretanto, o abate de gado bovino,
única actividade do matadouro, depois da transferência do
talho para o mercado do Estreito, acaba por ser também transferido
para o Funchal e o edifício é alvo de abandono e entra em
degradação.
A sede do Grupo Desportivo
do Estreito
Encontrando-se inactivado
e sem utilização, o antigo matadouro, passa a partir de 1982,
a ser cobiçado pelo Grupo Desportivo do Estreito para aí
instalar a sua sede social, tendo merecido, nesse sentido, parecer favorável,
por parte da Câmara.
Todo o processo conducente
à transformação do velho matadouro em sede do Grupo
Desportivo do Estreito, tem início em 21 de Julho de 1982 com a
petição por parte da, então, Direcção
do G.D.E. à Câmara Municipal de Câmara de Lobos, para
instalar a sua sede num primeiro andar a construir no antigo matadouro
da freguesia. A 5 de Agosto do mesmo ano, a Câmara delibera favoravelmente
esse pedido.
Entretanto, a partir daí,
ao ser apresentado o projecto da sede para aprovação, instala-se
um longo processo burocrático que se estenderia desde 15 de Dezembro
de 1982 até 13 de Dezembro de 1983. Finalmente aprovado, novo problema
se levanta, a falta de meios financeiros para pôr em prática
o projecto. Então nova petição é feita, em
17 de Setembro de 1984, à Câmara, no sentido da utilização,
a titulo provisório das instalações já existentes,
após se proceder às necessárias obras de adaptação,
o que três dias depois merece deliberação favorável.
Contudo, aproximadamente
um ano depois, a Direcção cessava funções e
tudo continuava na mesma.
A nova Direcção,
eleita em 28 de Julho de 1985, dadas as dificuldades financeiras, incompatíveis
com a prossecução de quaisquer obras e a necessidade, urgente,
de um espaço que funcionasse como sede, opta por adiar o problema
do antigo matadouro, para mais tarde. Em alternativa, é, então,
pedida à Câmara Municipal de Câmara de Lobos, a titulo
provisório a utilização de uma antiga sala de aulas,
situada sob a biblioteca do Estreito e que, a 31 de Outubro, lhe é
cedida.
Cerca de dois anos depois,
já quase no fim do seu mandato, a Direcção julga ser
o momento ideal para reiniciar todo o processo relativo à sede e
volta, então, a insistir junto da Câmara Municipal no sentido
desta assumir a concretização das deliberações
anteriormente tomadas, introduzindo, contudo, mais uma alteração,
ou seja, insistindo na necessidade de ocupação de todo o
edifício e não de um só piso como estava previsto.
Contudo, novas eleições
surgem e novos corpos gerentes assumem, em 26 de Maio de 1987, os destinos
do G.D.E.. Uma vez mais se empenham na concretização do velho
sonho mas a sina já estava traçada e terminam o seu mandato
sem que mais um passo em termos reais fosse dado. O mesmo se viria a verificar
com os seus sucessores, eleitos no dia 17 de Junho de 1988.
Entretanto o Grupo Desportivo
do Estreito, após o crescimento verificado na época de 1986/87
ia consolidando as suas estruturas e aquilo que havia sido ao longo dos
anos considerado como que um sonho, um desejo sempre ultrapassável
por este ou aquele remedeio, foi a pouco e pouco ganhando estatutos de
necessidade, e tanto maior quanto mais anos passavam.
Em 1989 essa necessidade
reflecte-se, mesmo, na criação de um cargo dentro da direcção
e cujo objectivo seria o de acelerar e conduzir todo o processo de construção
da sede do Grupo Desportivo do Estreito.
Contudo, a cedência
do local, por parte da Câmara, ao Grupo Desportivo do Estreito para
aí construir a sua sede social levantaria algumas dúvidas
sobre a legalidade de tal acto, por poder ser susceptível de colocar
em causa o objectivo da primitiva transmissão de propriedade, uma
vez que se quebravam as condições e finalidade a que tinha
obedecido essa cedência. Para além disso, o facto de haver
uma pequena área de terreno circundante ao matadouro necessária
à implantação da sede do Grupo Desportivo do Estreito
e propriedade de José Isidoro Gonçalves de Faria, viria a
tornar o problema da construção da sede do clube ainda mais
complexa. No entanto, e porque nunca havia sido realizada qualquer escritura
relativamente à cedência do terreno à Câmara,
mas sim uma declaração de cedência, o problema seria
ultrapassado por uma nova doação do terreno em causa, por
parte de José Isidoro Gonçalves Faria, desta vez ao Grupo
Desportivo do Estreito, anulando-se por mútuo acordo, por não
cumprir os objectivos inicialmente traçados, a primitiva cedência
à Câmara Municipal de Câmara de Lobos. O acto público
e solene de cedência do terreno teve lugar no dia 18 de Janeiro de
1993, nas instalações da Junta de Freguesia .
Na posse de todo o terreno,
o Grupo Desportivo do Estreito dá início às obras
de construção da sua sede, que viria a ser inaugurada a 22
de Junho de 1994.
Em Março de 1995,
são instalados neste edifício, por contrato de arrendamento
de parte das suas instalações, os serviços locais
da Direcção Regional de Segurança Social, cujo acesso
se faz exclusivamente através da Rua D. Jacinta de Ornelas Pereira.
Curtumes e mercearia
No local onde hoje se
encontra implantada sede da Panificadora Moderna de Câmara de Lobos,
primitivamente existiu uma pequena edificação de dois pisos
construída, em finais dos anos 20 princípios dos anos 30,
por José Fernandes Dantas, em cujo piso inferior instalou uma pequena
industria de curtume de coiros, introduzindo para o efeito, pela primeira
vez na Madeira, uma nova técnica trazida desde os Estados Unidos
da América, onde havia estado emigrado. Posteriormente, no piso
superior, instalaria uma mercearia, que vira a ser explorada por um indivíduo
de nome Apolinário.
Em princípios dos
anos 40, José Isidoro Gonçalves Faria, adquiriu a José
Fernandes Dantas não só esse prédio, como os terrenos
circundantes, acabando também depois, por adquirir, a Dora Silvina
Pereira, o terreno onde mais tarde viria a ser implantado o matadouro municipal
do Estreito.
A primitiva padaria
do Damasqueiro
A 26 de Março de
1945, José Isidoro Gonçalves Faria solicita a transferência
do alvará da padaria que possuía no sítio da Lourencinha
e primitivamente pertencente a José Nunes Figueira , para
o prédio que havia adquirido no Damasqueiro. Por essa altura, a
freguesia do Estreito apenas teria duas padarias, uma no sítio do
Cabo do Podão e outra no sítio de Pico e Salões. Detentor
da licença de transferência do alvará, desde a Lourencinha
para o Damasqueiro, em Outubro de 1945 solicita autorização
à Câmara para construir a respectiva padaria, implantando-a
ao lado da primitiva edificação e sem que, a sua construção
ultrapassasse, em altura, o nível da estrada.
Dois anos mais tarde,
em 1947, José Isidoro Gonçalves de Faria faz um outro requerimento
solicitando autorização para construir um armazém
sobre o edifício da padaria que havia construído .
No dia 7 de Julho de 1947, procederia à inauguração oficial, não só da sua
padaria, como de estabelecimento de atacados, acto abrilhantado por
uma orquestra regional e para o qual seriam convidadas várias
entidades do Funchal.
A panificadora Moderna
Em finais da década
de 50 princípios da de 60, a padaria de José Isidoro Gonçalves
Faria, bem como todo o prédio onde ela se encontrava implantada
e da qual também fazia parte uma importante área de terreno,
passa para a posse de uma sociedade denominada de Isidoro, Abreus e Caires
Lda., e a 27 de Março de 1963 é integrada no património
da Panificadora Moderna de Câmara de Lobos, nesse dia constituída
, e que reunia todas as padarias do concelho de Câmara de Lobos.
As padarias do concelho,
em 1963
Desta sociedade faziam
parte a padaria de Manuel André de Nóbrega, situada no sítio
do Espírito Santo e mais conhecida por padaria do Zeferino
; a padaria de José Maria Barradas, também conhecida por
padaria do pruzica , com sede na ponte dos Frades; a padaria de Manuel
de Sousa, com sede na hoje denominada rua dos Lamaceiros, em Câmara
de Lobos ; a padaria de Manuel Mendes e Irmão Lda. com sede
no lugar do Estreitinho, Cabo do Podão e conhecida por padaria dos
Vicentes ou por padaria do pinga sono, numa alusão ao apelido de
José Figueira da Silva, seu primitivo proprietário; a padaria
de António Pestana Henriques e depois de seu filho Francisco Pestana
Henriques, com sede no Garachico ; a padaria de Manuel Gonçalves
Júnior, com sede na freguesia da Quinta Grande ; a padaria
de José Rodrigues de Freitas, com sede no sítio da Caldeira
; a padaria de Luís Fernandes, com sede na Terra Chã
; a padaria de Fernando Esteves Gomes Faria, com sede no sítio do
Rancho; a padaria de Isidoro, Abreus e Caires Lda. com sede no lugar do
Damasqueiro, sítio da Igreja no Estreito de Câmara de Lobos
e ainda a padaria de Manuel Joaquim Pinto, conhecida por padaria Serra
Morena . A esta sociedade viria a pertencer uma outra denominada
de Oliveira, Pita, Cristovão e Nunes Lda., que apesar de não
possuir, na altura qualquer alvará, encontrava-se na situação
de arrendatário da padaria do Garachico.
A sede da Panificadora
Moderna
Depois da criação
da sociedade panificadora moderna de Câmara de Lobos, esta escolhe
a padaria do Damasqueiro para concentrar todo o fabrico de pão,
até então disperso por várias padarias
e para o efeito, faz construir novas instalações nas traseiras
das então existentes, que viriam a entrar em funcionamento no dia
2 de Janeiro de 1965.
Por volta de 1993 tem
lugar uma nova ampliação das instalações que
passam a apresentar a configuração actual.
A Levadinha
O Damasqueiro é
atravessado por uma velha levada de rega, pertencente a vários heréus,
denominada de Levadinha e que tem origem a poucas dezenas de metros dali,
no leito da ribeira da Quinta de Santo António, junto da ponte conhecida
como do Sr. Gregório.
Ainda que não se saiba a expensas de quem foi construída nem o ano da sua
construção, sabe-se que em 1863 ela já existia e já nessa altura era
tida como muito antiga.
A casa de João
António Pereira
No lugar do Damasqueiro,
mais precisamente no cruzamento da rua Fundação D. Jacinta
de Ornelas Pereira com a rua Cónego Agostinho Figueira Faria, encontra-se
aquela que foi a casa de residência de João António
Pereira, conhecido popularmente pelo espada preta. Era natural de Santa
Maria Maior e faleceu no dia 12 de Dezembro de 1933, na freguesia do Estreito
de Câmara de Lobos, onde residia e onde fora durante vários
anos professor do ensino primário . Foi casado com Luísa Cândida
Rodrigues Pereira, de quem houve Dora Silvina Pereira, Irene Alice Pereira
Figueira César, Alda Firmina Pereira Dantas e Clemente Avelino Pereira
que foi chefe de polícia, tendo nos anos 30 desempenhado um grande
papel no combate à quadrilha dos Ceroulas Brancas.
Para além da sua
actividade docente o Prof. João António Pereira terá
assinado algumas poesias, publicadas na imprensa sob o pseudónimo
de Paulo Aris e escrito, na altura, algumas peças de teatro que
depois eram colocadas em cena por jovens da freguesia.
Residindo inicialmente
no sítio da Quinta de Santo António, onde também dava
aulas de ensino primário como professor oficial o Prof. João
António Pereira viria, posteriormente, a adquirir um terreno no
Damasqueiro, onde construiria a sua casa de residência.
Em 1944 seria tomado de
arrendamento e em 1950 adquirido por José
Isidoro Gonçalves Faria, que em consequência ficaria, na altura,
detentor dos terrenos que definem actualmente o Damasqueiro.
Na varanda do quintal
desta casa, nos anos 50/60 era hábito, por ocasião dos festejos
do Domingo do Senhor, fazer a bênção do Santíssimo.
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