Farolim de Câmara de
Lobos
No
braço de rocha anexo ao cais encontra-se implantado o farolim de Câmara
de Lobos e que se destina fundamentalmente a servir de apoio à
faina piscatória de local.
A
sua construção terá sido solicitada em 1927 por parte da Comissão
Administrativa da Câmara Municipal de Câmara de Lobos. Com efeito,
em ofício dirigido, em 24 de Novembro desse ano, ao Capitão do
Porto do Funchal referia-se: A
Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Câmara de Lobos,
em sessão do dia 4 do corrente deliberou dirigir-se a V. Exa. para,
interpretando o sentir de todos os munícipes, solicitar o valioso
apoio de V. Exa. junto das instâncias superiores, no sentido de ser
efectivado um melhoramento público de inadiável necessidade, há
muito desejado e nunca conseguido.
O
porto de Câmara de Lobos é um dos mais concorridos da Madeira e
aquele onde é mais numerosa a classe piscatória, que dia e noite
se entrega ao seu árduo labor, de modo que quase não há única
hora sem que estejam a entrar e a sair barcos de maior ou menor
calado, fomentando a riqueza pública e concorrendo para avolumar as
contribuições pagas ao erário do Estado. Contudo, não há no
porto desta Vila um único farolim, de sorte que tão grande
movimento durante a noite é feito às escuras, com grave risco para
tantas vidas e haveres. E quando o nevoeiro vem tornar mais cerrada
a escuridão esse risco é também para os vapores de grande calado
que demandam o porto do Funchal, visto que sendo negra toda a costa,
nada há a avisar a navegação estranha do risco que pode correr.
Subsistir
este estado de coisas é simultaneamente, um perigo e uma vergonha,
pois no mundo civilizado não há já, costa marítima por iluminar,
visto todas terem compreendido de há muito que é obrigação
humanitária e imperiosa fornecer aos que trabalham os meios necessários
para assegurar-lhes a existência em vez de os deixarem abandonados
a todos os azares do acaso.
E,
porque muitas vezes, a falta dum melhoramento é mais a consequência
de se não reclamar a tempo e horas, do que propriamente a má
vontade dos que governam, vem esta Comissão Administrativa pedir a
V. Exa. se digne solicitar das Instâncias Superiores a montagem dum
farolim na extremidade da rocha que fica no prolongamento do cais
desta Vila e que, sendo o ponto mais saliente desta costa, é
naturalmente o mais próprio para semelhante instalação.
Na
sequência deste pedido, em Setembro de 1929, foi presente na Junta
Geral, proveniente da Capitania do Porto do Funchal croquis
do projecto para a sua construção [1],
[2].
Numa
oferta de Ricardo Henriques de Freitas, os trabalhos conducentes à
sua colocação tiveram início no decurso do mês de Outubro de
1929 [3],
[4]
e, em finais do mês seguinte realizaram-se as experiências
relativamente ao posicionamento da luz [5],
[6].
Todavia,
em Julho de 1931, o tenente António Mendes Barata ao inspeccioná-lo,
encontrou-o em estado deplorável, pelo que o encarregado terá sido
demitido e o farolim desmontado [7].
Posteriormente
o farolim terá sido reactivado, uma vez que em 1934 ele é alvo de
uma vistoria feita pelo capitão do Porto do Funchal [8].
Contudo,
em finais de 1936 princípios de 1937, é por iniciativa do capitão
do porto Comandante Teixeira Dinis, mandado construir um novo abrigo
para este farolim que, nos primeiros dias de Fevereiro de 1937 já
se encontrava concluído [9],
e que, ao que tudo leva a crer, poderá corresponder ao actual. Esta
novo construção terá sido integral ou parcialmente comparticipada
pela Câmara Municipal de Câmara de Lobos [10].
Em
finais de 1999, o sistema de iluminação viria a ser alterado, por
forma a ficar dotado de maior alcance [11].
Como
curiosidade refira-se que em Outubro de 1928, cerca de um ano antes
da entrada em funcionamento deste farolim, havia sido inaugurada uma
luz petromax (1.200 velas) no largo de Nossa Senhora da Conceição
para os serviços dos barcos de pesca a expensas dos pescadores [12].
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