Igreja Paroquial de São Tiago

É a sede da paróquia de São
Tiago, paróquia que em termos geográficos e populacionais
corresponde à freguesia do Jardim da Serra
[1]. Foi aliás a criação
da paróquia que despoletou o sentimento que levaria à criação da
freguesia.
Inicialmente instalada na capela
de Nossa Senhora da Consolação, situada no sítio do Foro, a sede da
paróquia viria depois a ser transferida para o sítio das
Corticeiras, onde ficou instalada num armazém para o efeito
adaptado, acabando posteriormente por ser transferida para
instalações próprias, ainda que provisórias, construídas também no
sítio das Corticeiras, em terrenos doados à paróquias,
em 1967 por dois habitantes locais, José Francisco Gouveia e Manuel
dos Santos, na altura emigrados na Venezuela.
De há
muito é aspiração grande de todos os paroquianos iniciar as obras
para a construção do novo templo. Punha-se no entanto o problema de
encontrar um terreno apropriado, bem localizado, de modo que a
igreja viesse a servir o melhor possível toda a população.
Existia
um local para onde os olhares de muitos se dirigiam, parecendo ter
as condições que se requeriam. Mas não havia ainda dinheiro para
comprar o terreno e por isso nunca fora dado o passo decisivo.
Acontece
que dois filhos do Estreito de Câmara de Lobos, nascidos na zona que
pertence à nova paróquia, residentes em Venezuela, vieram de visita
à sua terra e à sua família.
No dia 1
de Novembro quiseram eles custear a tradicional festa em honra de S.
Tiago, orago da pequenina capela do sitio do Foro servindo
provisoriamente de sede de paróquia.
Mas o
entusiasmo da sua fé não ficou limitado à festa de que foram
festeiros.
Reconhecendo a urgência da nova igreja procuraram o seu pároco,
reverendo Pe. João de Jesus Freitas, para lhe comunicarem a sua
vontade de oferecer o terreno para a sua construção
[...].
A
generosa oferta dos Srs. José Francisco Gouveia e Manuel dos Santos,
oferta de 1700 metros quadrados de terras, que eles compraram para
entregar à paróquia, é digna de todo
o relevo
[2].
Contudo,
a transferência da sede da paróquia desde a capela de Nossa Senhora
da Consolação, onde primitivamente havia ficado, para essa
localização, não foi pacífica.
Com
efeito, a população integrante da nova paróquia, cedo se dividiria
na opinião sobre a localização da sede paroquial, recaindo a opção
de uns, aqueles que viviam nas proximidades da capela de Nossa
Senhora da Consolação, na transformação desta capela em sede
paroquial e outros, residentes em zonas mais distantes, na
construção de um novo templo com uma localização mais central,
relativamente ao agregado populacional. Entre os adeptos de uma e
outra opção, não faltariam acusações e ódios, tendo até surgido na
imprensa acusações de que, a transferência da sede paroquial para as
Corticeiras teria subjacente interesses comerciais.
A este
propósito o Dr. António Vitorino de Castro Jorge escreveria:
Nasceu
esta paróquia com a divisão das antigas paróquias, pelo Senhor D.
David de Sousa, então Bispo do Funchal. Fica situada a Norte da
freguesia do Estreito, e lá existia uma
Capela, Com a
invocação de Nossa Senhora da Consolação.
Capela
particular, pertença do prédio que possuía a Senhora Luísa Augusta
Correia, vendido em 1912 aos caseiros do mesmo prédio.
Portanto, como dizia, Capela particular que a diocese chamou sua,
estragando-a e construindo uma Igreja ao gosto do pároco, e sem
interesse arquitectónico o que devia ter sido proibido.
Criou-se
assim a nova paróquia de S. Tiago, que devia chamar-se paróquia de
Nossa Senhora da Consolação, por várias
razões[...].
Criou-se
a nova paróquia. Aumentou-se a Capela. Não há ainda 3 anos que o
povo tem a sua Nova Igreja, cujos arranjos custaram à volta de 500
contos e vão começar as obras da Nova Igreja que nasceu não porque a
actual não chegasse para o Serviço religioso local, mas por razões
de ordem comercial. Reuniram-se uns tantos indivíduos, compraram um
pedaço de terra para a Nova Igreja e outros pedaços à volta para
construírem tabernas.
Por este
andar, não admira que a Ilha fique coberta duma rede de Igrejas, que
será única no Mundo, onde a fé e cada vez menor. Pretende-se pois
com a nova Igreja criar novos estabelecimentos comerciais, de venda
de bebidas alcoólicas, em outro sitio onde ainda não há tabernas,
mas que se vão construir, dando lugar a outros tantos antros do
vício e perdição.
Como
resultado desta política de bairro, andam os ânimos exaltados, tendo
já desaparecido a imagem de S. Tiago guardada por alguém que
entendeu não permitir a sua transferência para outro local, que não
seja a Capela onde sempre esteve.
Fanatismo? Talvez! Mas se o há deve-se a quem tem educado ou dado
educação religiosa a este povo, não somos nós os culpados.
Razão
para a construção da nova Igreja não conhecemos a não ser a abertura
de novas tabernas [...]
[3].
Independentemente das vozes
contrárias a igreja foi construída, não com a dignidade e
dimensão que a comunidade católica local merecia, mas de acordo
com as suas possibilidades financeiras, e consequentemente com
um carácter provisório. Com o passar dos anos, acentuou-se a
necessidade de construção de um novo templo.
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