Rua do Pico da Torre
Arruamento
pertencente à freguesia de Câmara de Lobos e que se estende desde a
estrada João Gonçalves Zarco, no lugar da Laja, até ao Pico da Torre.
Primitivamente conhecido por caminho do Pico da Torre, passa por
deliberação camarária de 18 de Maio de 1995, a ostentar o nome de Rua
do Pico da Torre. Nas proximidades do seu cruzamento com a estrada
João Gonçalves Zarco, tem ligações com o caminho do Pico, que tem
origem na Rua do Espírito Santo, com a Rua João de Nóbrega Noronha e
com a Rua do Alto da Torre.
Apesar de ser
uma pretensão antiga, dada importância turística do Pico da Torre e ao
facto do seu acesso ser feita através de uma íngreme e estreita
vereda, só a 22 de Julho de 1953 é que o projecto, programa de
concurso e caderno de encargos deste arruamento foi aprovado, estando
na altura, a obra orçada em 136 mil escudos.
A 9 de Setembro de 1953 tem lugar o concurso para adjudicação da
primeira fase da obra englobando os trabalhos de terraplanagem e obras
de arte, numa extensão de 798 metros e com uma base de licitação de
92.944$00.
Foi seu adjudicatário Luís Fernandes da Silva, natural de Câmara de
Lobos, pelo valor de 89.540$00, celebrando-se a respectiva escritura a
23 de Julho de 1954.
O início das
obras de abertura
Em 14 de Julho de 1954 estavam já a maioria dos proprietários dos
terrenos a expropriar de acordo com os preços constantes dos
respectivo mapa de expropriações, pelo que a Câmara deliberou
autorizar os correspondentes pagamentos afim de ser dado imediato
início das obras.
Na sessão camarária de 14 de Outubro de 1954 é presente a primeira
liquidação referente a esta obra, o que é indicador de que os
trabalhos se terão iniciado pouco tempo depois da celebração da
respectiva escritura de adjudicação.
Na sessão camarária de 14 de Dezembro de 1955 é autorizada a
liquidação final da primeira fase da obra, o que quererá significar
que a terraplanagem terá terminado em finais de Novembro, princípios
de Dezembro de 1955.
Entretanto, ainda no decurso dos trabalhos relativos à primeira fase,
preparava-se já a segunda. Com efeito, na sessão camarária de 13 de
Abril de 1955 a Câmara era informada da comparticipação por parte do
Estado, no valor de 74.400$00 relativamente à sua pavimentação, cujo
projecto, vem a ser presente na sessão camarária de 25 de Maio de
1955, onde é aprovado e as respectivas obras incluídas no plano do ano
seguinte, ou seja de 1956.
Ainda que não estivesse prevista no plano de 1955 e, por consequência
sem dotação orçamental, a Câmara delibera a 9 de Novembro de 1955
arrematar as obras de pavimentação deste arruamento, fixando o dia 14
de Dezembro para o respectivo concurso, com a alegação de que seria
necessário ganhar tempo, uma vez que era de prever o não aparecimento
de candidatos no primeiro concurso.
Tal como previam os responsáveis camarários este primeiro concurso
ficaria livre, pelo que nova arrematação é agendada para o dia 25 de
Janeiro de 1956, sendo de 100.699$20 a base de licitação. Foi seu
adjudicatário Manuel Figueira pela quantia de 90 mil escudos, tendo a
respectiva escritura sido celebrada a 27 de Fevereiro desse ano.
A obra ter-se-á prolongado até finais do primeiro trimestre de 1957,
uma vez que a liquidação final só é autorizada a 10 de Abril desse
ano.
O alargamento
da rua
Ainda que destinada ao trânsito automóvel, a sua largura não permitia
a circulação nos dois sentidos nem a de autocarros de passageiros,
factor impeditivo de acesso a automóveis de turismo.
Este facto viria a obrigar a que importantes obras de alargamento e
pavimentação tivessem, posteriormente de ser efectuadas.
Na sessão camarária de 29 de Agosto de 1991 é aprovado o respectivo
programa de concurso e caderno de encargos e na sua sessão camarária
de 14 de Novembro de 1991 a obra de alargamento deste caminho é
adjudicada a José Avelino Pinto.
A sua inauguração teve lugar a 14 de Maio de 1993 e na sessão
camarária de 18 de Maio de 1995 é deliberado atribuir a este
arruamento a denominação de Rua do Pico da Torre.
As
referencias mais importantes
Esta rua, tem a particularidade de, através do hoje denominado
restaurante Polar, ter sido o segundo local, onde depois das Vides na
freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, a espetada passou a fazer
parte da ementa dos restaurantes madeirenses.
Contudo, neste arruamento, a referência mais importante é sem dúvida o
Pico da Torre, local donde se desfruta uma magnífica panorâmica sobre
a baía e Ilhéu de Câmara de Lobos.
Neste local foi construído, ficando concluído em finais de Setembro
princípios de Outubro de 1997 um miradouro, concretizando-se desta
forma, uma pretensão camarária que vinha já pelo menos desde 1941.
Coincidindo um pouco com a conclusão desta obra teve lugar no Pico da
Torre, de 11 a 18 de Outubro de 1997 uma parte das actividades da I
Semana da Pedra, onde vários escultores num atelier improvisado, sobre
o olhar atento do público deram forma a alguns trabalhos escultóricos,
tendo a pedra de cantaria como única matéria prima.
Possui ainda este local um Cruzeiro da Independência, inaugurado e
benzido a 14 de Setembro de 1941.
No tempo perdeu-se a intenção formulada a 8 de Maio de 1957 pelo Padre
António Pinto da Silva no sentido de aí construir uma capela, que
deveria ficar integrada no património paroquial.
Este Pico da Torre esteve ainda associado à existência de uma defesa
militar, donde advém também uma das suas antigas denominações de Pico
do Forte, bem como a vários projectos de urbanização, todos eles até
ao momento sem qualquer concretização.
Os projectos
de urbanização
A encomenda daquele que julgamos ter sido primeiro estudo data de
1960, tendo a opção da Câmara recaído sobre arquitecto paisagístico
Nereus Fernandes. Na sua sessão de 26 de Julho de 1961, na presença
desse estudo, a Câmara delibera encarregar o seu autor de elaborar o
respectivo projecto.
Apesar de constar do plano de actividades da Câmara para 1962 e de uma
comissão de emigrantes camaralobenses, radicados na Venezuela, ter
chegado a angariar meios para construir uma casa de chá e uma torre
com relógio prevista no estudo, o projecto nunca chegou a avançar.
A elaboração do segundo ante-projecto foi dado por deliberação
camarária de 23 de Maio de 1973, ao arquitecto Luís Pinheiro, que o
terá concluído a 8 de Novembro do mesmo ano. O terceiro ante-projecto
seria dado ao Arquitecto Agostinho Xavier Andrade, na sequência de um
concurso formulado por deliberação camarária de 9 de Março de 1989 e
para o qual foram também convidados outros dois arquitectos.
Relativamente ao ante-projecto de Agostinho Xavier Andrade ele seria
publicamente apresentado no dia da inauguração do alargamento da rua
do Pico da Torre, a 14 de Maio de 1993 e viria a estar na origem de um
concurso, deliberado em 18 de Setembro de 1997, para concessão do
direito de superfície destinado à concepção, construção e exploração
da infra-estrutura turística nele prevista. Contudo, uma vez mais, ao
que parece, o Pico da Torre permanecerá, em termos de
infra-estruturas, reduzido ao cruzeiro da independência e ao miradouro
recentemente construído, uma vez que apesar de colocado a concurso, em
Dezembro de 1997, o projecto não terá atraído investidores, facto
provavelmente associado ao elevado custo da sua execução.
A sede da
Banda Municipal
Ainda que sem acesso directo com a rua do Pico da Torre, no
cruzamento desta rua com a estrada João Gonçalves Zarco encontra-se
situada a sede da Banda Municipal de Câmara de Lobos.
Inicialmente em regime de aluguer, a celebração, no dia 11 de Dezembro
de 1991, de um protocolo entre o Governo Regional e a Banda Municipal
de Câmara de Lobos através do qual o Governo lhe concedeu o
quantitativo de 15 mil contos amortizável em 15 anos, permitiu que a
banda adquirisse o imóvel que ocupava desde a década de 30.
No edifício, onde está instalada a sede da Banda Municipal, existe um
oratório contendo uma pintura de Nicolau Ferreira datada de 1781.
Bibliografia:
FREITAS, M Pedro. Pico da Torre. Jornal da Madeira, 4 de Janeiro de
1998.
SAINZ-TRUEVA, José. Presença de Nicolau Ferreira, um pintor madeirense
do séc. XVIII, na vila de Câmara de Lobos. Girão-Revista de Temas
Culturais do Concelho de Câmara de Lobos, n.º 5, 2.º Semestre de 1990,
201-203.
Jornal da Madeira, 8 de Fevereiro de 1970.
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