Rua Professor
José Joaquim da Costa
A rua prof. José Joaquim da Costa situa-se na
freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, estendendo-se entre o
largo do Patim e o Salão, onde se bifurca nos caminhos de São João e
da Bela Vista. Ao longo do seu trajecto percorre parte do sítio da
igreja e serve de limite entre os sítios da Igreja e Ribeira
Fernanda, situado a leste e de Pico e Salões, situado a oeste. Não
raras vezes, em documentos do século XIX, encontramos este
arruamento referido como caminho de concelho para a Ribeira
Fernanda. Em toda a sua extensão, corresponde a um segmento da
antiga estrada real 25 que ligava o Funchal a São Vicente.
Para além de nela se encontrarem alguns edifícios
públicos, como são a biblioteca, o mercado e a capela de Santa Ana ,
nesta rua poderemos encontrar o hotel Quinta do Estreito, resultante
da transformação da Quinta do Estreito e a Quinta do Salão ou de Pico
e Salões, onde durante alguns anos esteve instalado um anexo da Escola
Básica do 2º e 3º Ciclos.
Está também esta rua associada a importantes
individualidades, nomeadamente a Joaquim José da Silva Vieira, que foi
presidente da Junta Geral, a Francisco Figueira Ferraz, que foi
presidente da Câmara Municipal de Câmara de Lobos, ao médico cirurgião
Dr. João Vicente da Silva, ao Dr. António Evaristo de Ornelas (1º
barão de Ornelas), a Joaquim Figueira da Silva Júnior, que foi
presidente da Câmara Municipal de Câmara de Lobos, a José Figueira da
Silva, seu irmão, que também foi presidente da Câmara Municipal de
Câmara de Lobos, a Francisco Nunes Pereira de Barros, que também foi
presidente da Câmara Municipal de Câmara de Lobos e a D. Júlia de
França Neto, cantora e pianista.
O
seu historial encerra ainda outras importantes particularidades. Com
efeito, nesta rua esteve instalado o antigo Dispensário-Materno
Infantil e a primitiva Estação dos Correios do Estreito. Por outro
lado, patentes são ainda memórias de tempos mais recuados, onde a
propriedade agrícola constituía o mais importante meio de subsistência
e riqueza, individualizando-se a esse propósito, nesta rua, algumas
propriedades como a antiga quinta do Estreito, de que foi proprietário
Francisco Figueira Ferraz, uma antiga propriedade de 1º Barão de
Ornelas, a antiga propriedade do tenente Joaquim Figueira da Silva e a
quinta do Salão, entre outras.
Até 1920, altura em que foi
inaugurada a rua cónego Agostinho Figueira Faria e, consequentemente,
estabelecida a ligação rodoviária entre o centro da freguesia e a hoje
denominada estrada João Gonçalves Zarco, este arruamento constituía a
principal via de acesso ao Estreito de Câmara de Lobos, sendo também
através dele que, na maior parte dos casos, se fazia tanto o
escoamento das suas produções agrícolas, quer para o Funchal, quer
para Câmara de Lobos, como a recepção de produtos provenientes de
outras localidades ([1]).
Ainda que, até aos anos 50, não
permitindo o trânsito automóvel, não só devido à sua acentuada
inclinação, que nalguns pontos atinge os 30 % ou mais e reduzida
largura, como também ao facto de na maior parte do seu trajecto estar
o seu pavimento dotado de escadas, será de assinalar o facto de, a 20
de Setembro de 1914, um aventureiro ter conseguido fazer chegar,
através deste arruamento, o primeiro automóvel ao centro da freguesia,
onde foi recebido em apoteose ([2]).
As
referências mais importantes
Este arruamento, para além de,
noutros tempos, servir algumas das mais importantes propriedades da
freguesia e onde se individualizaram como proprietários, entre outros,
Joaquim José da Silva Vieira ([3]),
Francisco Figueira Ferraz ([4]),
José Fernandes de Azevedo ([5]),
Joaquim Figueira da Silva, Francisco Nunes Pereira de Barros e o
Coronel Manuel de França Dória, encontra-se também associado a
importantes referências históricas da freguesia e a alguns edifícios
públicos, como o mercado municipal do Estreito, a biblioteca municipal
do Estreito, a agência local do Banco Português do Atlântico e o anexo
da Escola Básica dos segundo e terceiro ciclos do Estreito.
Com efeito,
logo no início da rua, junto ao largo do Patim, num edifício, hoje
substituído por outro e, onde a 2 de Abril de 1984, o Banco Português
do Atlântico inaugurou uma sua agência, viveu Joaquim José da Silva
Vieira, figura de grande prestígio, não só no Estreito como na
Madeira. A ele se devem algumas intervenções em melhoramentos
realizados na freguesia e algumas iniciativas inovadoras que hoje, não
tendo qualquer valor, na altura eram tidas como de grande impacto. Com
efeito, por ocasião da segunda grande guerra, na ausência de meios de
informação adequadas e perante a grande curiosidade da população em
saber a sua evolução, Joaquim José da Silva Vieira, possuindo uma
telefonia, artigo de luxo para a época e possuindo um gerador capaz de
produzir a energia eléctrica necessária ao seu funcionamento - não
esqueçamos que a electricidade só chega ao Estreito a 14 de Dezembro
de 1956 - não se poupou a esforços para fazer o som chegar até ao
largo do Patim, através da instalação de um altifalante, e onde as
pessoas se concentravam para saber da guerra.
Aliás, alguns
anos antes, a 31 de Dezembro de 1928, utilizando a energia eléctrica
produzida pelo gerador que alimentava as máquinas de uma serragem e
moinho que possuía, já havia colocado ao dispor da população alguma
das tecnologias que usufruía, ao instalar no terraço da sua
propriedade, sobranceira à hoje rua professor José Joaquim da Costa,
um candeeiro, beneficiando desta forma as pessoas que por ali
transitavam à noite.
Numa altura em
que os lagares constituíam quase que a única técnica para a extracção
do mosto das uvas, Joaquim José da Silva Vieira é um dos pioneiros na
introdução no Estreito, das tecnologias modernas para esse efeito,
inaugurando a 13 de Setembro de 1928, uma máquina de espremer uvas, da
marca "Colin", na altura dotada de uma capacidade para cerca de duas
toneladas por hora e que terá sido muito provavelmente instalada sob a
casa da sua residência, na rua José Joaquim da Costa. Com efeito, até
aos anos 70 neste local esteve instalada uma máquina de espremer uvas
e que se supõe poder ter sido, se não a mesma, pelo menos uma sua
sucessora, chegando as uvas directamente até ela, através de uma
janela existente ao nível do pavimento da rua.
Um outro
pioneiro nas novas tecnologias para espremer uvas, uma vez que em 1928
existia na localidade uma outra máquina, terá sido Francisco Figueira
Ferraz e que, a terá, muito provavelmente, instalado no rés-do-chão de
um prédio cuja construção havia iniciado por volta de 1925, no largo
do Patim e que mais tarde viria
a resultar num armazém de vinhos da firma "Veiga França".
Francisco Figueira Ferraz, para
além de, durante um curto intervalo de tempo, ter sido presidente da
Câmara Municipal de Câmara de Lobos ([6]),
tem também o seu nome ligado, não só a algumas iniciativas visando um
maior desenvolvimento da freguesia, como também a várias propriedades,
entre elas à quinta do Estreito, que ladeava numa extensão
significativa uma das margens da rua prof. José Joaquim da Costa.
A quinta do
Estreito

Com uma área de
terreno agrícola, de cerca de 50 mil metros quadrados a quinta do
Estreito, possuía uma imponente casa de residência, cuja construção
terá ocorrido nos primeiros anos do século XX, facto que poderá ser
atestado pela presença do registo da data de 1914, no pavimento do
acesso principal. Para além da casa de residência, na propriedade
existiam outras edificações, onde se destaca uma onde durante vários
anos esteve instalada uma mercearia e outra que terá servido de
moinho.
No decurso dos
anos 80 serviu esta quinta de sede para a realização de vários
certames das festas das vindimas.
Actualmente,
apesar de preservada a casa de residência, toda a quinta, foi a partir
de 1997 alvo de importantes obras, transformando a sua área num
complexo habitacional e turístico.
A biblioteca
municipal

Entre aquela
que foi a residência de Joaquim José da Silva Vieira e a Quinta do
Estreito, situa-se a biblioteca municipal do Estreito, inaugurada a 14
de Novembro de 1982, pelo Dr. Alberto João Jardim.
Ocupa esta biblioteca o segundo
piso de um velho prédio, que durante vários anos, talvez a partir dos
anos 20 até 1982, serviu de escola primária pública, popularmente
conhecida por escola do prof. Costa, isto porque, enquanto professor
no Estreito, foi aí que José Joaquim da Costa, leccionou
[7].
Num dos compartimentos do piso
inferior, cedido por deliberação camarária de 31 de Outubro de 1985,
ao Grupo Desportivo do Estreito, encontra-se instalada a primeira sede
desta colectividade desportiva, no mesmo local, onde primitivamente
fora uma fábrica de manteiga, depois talho e mais recentemente
telescola, actividade esta porque também havia passado o piso superior
antes da sua adaptação a biblioteca. Ainda relativamente à escola do
prof. Costa, refira-se que, no início dos anos 60, ou seja, entre 1961
e 1963, para além de servir como estabelecimento de ensino, foi
utilizada para a realização de peças de teatro, numa iniciativa de um
grupo de jovens, apoiados pelo cura de então, em exercício na
paróquia.
Ocupando, uma parte substancial do
largo situado à frente deste edifício, existia um velho prédio, que
também, em tempos, fora propriedade de Francisco Figueira Ferraz e
onde, na cave esteve instalado um moinho, no rés-do-chão um seu
escritório, transformado mais tarde em oficina de picheleiro e no
primeiro andar, uma barbearia.
Em 1982, numa altura em que, já se
encontrava bastante degradado e em que só já funcionava a oficina de
pichelaria, a Câmara acabaria por adquirir o imóvel, indemnizando
simultaneamente o proprietário da oficina ([8]).
Esta era uma medida necessária,
afim de permitir
um maior espaço para descongestionamento do movimento
do mercado situado no outro lado desta mesma rua e, por esta altura, a
ser alvo de obras de ampliação.
O mercado do
Estreito

Com efeito, o mercado municipal do
Estreito de Câmara de Lobos situa-se na rua prof. José Joaquim da
Costa, a cerca de duas dezenas de metros do largo do Patim. Os planos
da Câmara Municipal de Câmara de Lobos para a construção de um
mercado, praça de peixe, talho e matadouro ([9]),
ainda que possam ser muito mais antigos, e acreditamos que o sejam,
surgem de forma explicita em 1945, a quando da elaboração de um
relatório sobre as obras de maior necessidade para o concelho de
Câmara de Lobos, altura em que também é formulado ao capitão Eng. Leal
da Silva, o convite para a elaboração do respectivo projecto ([10]).
A 31 de Dezembro de 1945 é presente
à sessão da CMCL, o projecto para a construção de um talho e mercado
do peixe a construir no Estreito, sendo deliberado enviar ao
Governador do Distrito para aprovação e concessão da necessária
comparticipação do Estado ([11]).
Contudo, a obra não só não é feita
nesta altura, como, durante vários anos é votada ao esquecimento. Em
Janeiro de 1955, em resposta a uma circular emanada pela Direcção de
Urbanização do Funchal ([12])
e em Agosto do mesmo ano, em resposta a um outro ofício da mesma
proveniência, onde se indagava sobre as obras que a Câmara desejaria
ver realizadas no ano seguinte ([13]),
a Câmara informa que se tornava necessária a construção de um mercado
do peixe na freguesia do Estreito ([14]).
Contudo, uma vez mais o processo
destinado à construção de um mercado do Estreito arrastar-se-ia
durante mais alguns anos. A 9 de Setembro de 1959, a Câmara delibera
encarregar o eng. Fernando Ribeiro Pereira de elaborar o anteprojecto
de uma praça de peixe e talho, na freguesia do Estreito ([15]),
que a 13 de Julho de 1960, é presente em sessão camarária. O processo
entretanto segue os seus tramites legais e, na sessão camarária de 12
de Abril de 1961, é presente um ofício da Inspecção de Saúde
acompanhando uma cópia do parecer emitido pelo conselho Superior de
Higiene sobre o anteprojecto de Construção do Mercado do Estreito,
onde são sugeridas algumas alterações.
Na sessão camarária de 25 de
Outubro de 1961, é finalmente solicitado ao autor do anteprojecto a
elaboração do projecto definitivo.
No entanto, uma vez mais a sua
concretização seria adiada, não por falta de meios financeiros ou do
incentivo das instâncias que superiormente apoiavam a obra ([16]),
mas porque não havia sido possível chegar a acordo com o proprietário
do terreno ([17]),
um dos descendentes de José Fernandes de Azevedo, onde tinha sido
localizada a construção. Sendo assim, a abertura do concurso destinado
à sua construção viria a ser sucessivamente adiado ([18]).
Entretanto, na sessão camarária de
26 de Fevereiro de 1964 é presente e aprovado o projecto definitivo de
construção do mercado do Estreito elaborado já de acordo com as
indicações da Comissão Superior de Higiene e Assistência Social.
Perante o impasse nas negociações
para a aquisição dos terrenos necessários à implantação do mercado, a
Câmara decide solicitar a declaração de utilidade pública urgente para
a sua expropriação, o que acontece a 11 de Março de 1964 ([19]).
Este pedido camarário acabaria por
merecer parecer favorável em Junho de 1964 ([20])
e logo de seguida viriam a ser iniciados os tramites legais destinados
à avaliação dos respectivos terrenos ([21],
[22]).
Resolvido o problema inerente à
expropriação ([23]),
a obra é colocada em concurso ([24])
e adjudicada, a 24 de Fevereiro de 1965, a Cipriano da Cruz, pela
quantia de 217.500$00 ([25]).
Iniciados pouco tempo depois, os trabalhos de construção terão ficado
concluídos em finais de 1967, princípios de 1968 ([26]).
Dotado de instalações sanitárias e
de dois pequenos espaços destinados, um à comercialização de peixe e
outro a um talho, este mercado, de forma alguma satisfazia
as necessidades da freguesia. Na realidade para além da exiguidade das
instalações, não permitia a comercialização de fruta e produtos
hortícolas, que continuavam a ser comercializados na margem dos
principais arruamentos da freguesia. Aliás, cedo os vendedores de
peixe, também deixaram, por falta de condições, de utilizar o espaço
que lhes havia sido reservado no mercado, situação que fez com que no
pós-25 de Abril de 1974, este fosse precariamente cedido a uma
cooperativa de consumo que se havia constituído, denominada de "Colivre".
Em 1977, a Câmara Municipal
consciente da falta de condições do edifício do mercado, decide
efectuar, a sua ampliação e, a 3 de Novembro de 1977, delibera
adquirir, por expropriação os terrenos necessários para o efeito.
Ainda que, em Julho de 1978, o respectivo projecto já se encontrasse
elaborado ([27]),
só a 4 de Fevereiro de 1982 é aprovado o programa de concurso e
caderno de encargos destinados à construção do mercado do Estreito ([28]).
A 14 de Novembro de 1982, apesar de
já se encontrar havia algum tempo em funcionamento, as obras de
ampliação são solenemente inauguradas ([29]).
A sede da
Junta de Freguesia

No lado esquerdo do cruzamento da
rua José Joaquim da Costa com a rua da Achada, ergue-se um velho
prédio, que noutros tempos foi propriedade de José Fernandes de
Azevedo ([30]),
como de resto, acontecia com quase toda a localidade conhecida por
Achada e cujo piso superior serviu de sede à escola primária feminina
da Igreja, ao Centro Cultural e Recreativo do Estreito, à Junta de
Freguesia do Estreito, à Casa do Povo do Estreito e ainda de
instalação do primeiro estabelecimento de ensino pré-primário criado
na freguesia do Estreito ([31]).
A estação de
Correios

No lado direito
do cruzamento da rua Prof. José Joaquim da Costa com a rua da Achada
ergue-se um outro prédio, construído por José Fernandes Júnior, em
finais dos anos 50 princípios dos anos 60, cujo passado está associado
à primeira Estação dos Correios e ao Dispensário Materno-Infantil do
Estreito.
Com efeito, a
primeira Estação de Correios instalada na freguesia do Estreito de
Câmara de Lobos, situou-se na rua José Joaquim da Costa. Foi
inaugurada a 4 de Julho de 1965 e veio pôr fim a um longo período de
funcionamento das caixas postais ou dos postos de correio,
habitualmente funcionando em estabelecimentos comerciais, em que o seu
proprietário era também o responsável pelos respectivos serviços.
Em 1929, na
altura em que o primeiro telefone público foi inaugurado, o posto dos
correios estava instalado no Transvaal, um estabelecimento de
mercearia, situado na rua capitão Armando Pinto Correia e pertencente
a Manuel Faustino de Jesus.
Posteriormente
este posto foi transferido para um outro estabelecimento comercial,
situado no Largo do Patim, onde permaneceu até à inauguração, em 1965,
da primeira estação de correios.
Contudo, o
crescimento e desenvolvimento da freguesia, tornaria estas
instalações desadaptadas às necessidades, levando os Correios a
adquirirem o terreno necessário à construção das novas instalações,
situadas na rua Capitão Armando Pinto Correia, tendo a respectiva
inauguração ocorrido no dia 2 de Julho de 1988.
O
Dispensário Materno-Infantil

O dispensário
materno infantil do Estreito terá sido criado, a 9 de Outubro de 1959,
no âmbito das actividades assistenciais da Fundação D. Jacinta de
Ornelas Pereira. Ficou este dispensário instalado na primeira sede da
Fundação D. Jacinta de Ornelas Pereira, localizada no beco do Ferraz,
num prédio na altura pertencente a José da Costa, a quem a Fundação
havia tomado de arrendamento a 1 de Abril de 1959.
Posteriormente,
seria o Dispensário transferido para 2º piso do prédio situado na
esquina direita do cruzamento da rua Prof. José Joaquim da Costa, com
a rua da Achada, o mesmo onde no rés-do-chão funcionava a estação dos
correios. Depois voltaria a ser transferido para a actual sede da
Fundação D. Jacinta de Ornelas Pereira, situada na rua Capitão Armando
Pinto Correia, donde por sua vez passou para instalações próprias, na
rua João Augusto de Ornelas e inauguradas a 28 de Abril de 1982.
Bomba de
Gasolina
Anexo ao
edifício que serviu de sede à estação dos Correios e Dispensário
Materno Infantil, situa-se um outro, em cujo rés-do-chão, se encontra
instalado o restaurante “Vereda Tropical”, restaurante esse resultante
da transformação de um outro, denominado de pastelaria São José e
primitivamente pertencente a José Fernandes Júnior.
Junto dele encontra-se uma bomba de
gasolina, cuja instalação remonta a finais de 1961, princípios de
1962. Com efeito, na sessão camarária de 13 de Setembro de 1961 é
presente um requerimento da Sociedade Anónima Concessionária da
Refinação de Petróleos de Portugal - SACOR, solicitando autorização
para instalar dois depósitos subterrâneos e duas bombas auto-medidoras
ao sítio da Igreja, na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, tendo
o pedido sido diferido a título precário ([32]).
Contudo, no mês seguinte, José
Fernandes Júnior solicita que a licença a conceder à Sociedade Anónima
da Refinação de Petróleos em Portugal - SACOR, lhe fosse passada a si,
por ser o proprietário da garagem onde a bomba de gasolina iria ser
instalada ([33]),
o que vem a acontecer.
A casa do
prof. José Joaquim da Costa
Alguns metros, mais abaixo, nesta
rua, nas proximidades da antiga entrada da quinta do Estreito,
situa-se a casa onde viveu o prof. José Joaquim da Costa e que terá
sido construída no decurso de 1955 ([34]).
A casa de
Jordão Ludgero Drumond Barros
Na
zona popularmente conhecida por Jogo da Bola, a rua prof. José Joaquim
da Costa, para além de abandonar o sítio da igreja, que vinha
percorrendo desde o seu início no largo do Patim e entrar no sítio da
Ribeira Fernanda, dá acesso a um velho caminho municipal, denominado
de caminho das Almas, assim conhecido por, no seu trajecto em direcção
ao o Covão, passar junto à capela desta invocação.
No lugar do Jogo da Bola existem
três casas que, pela sua antiguidade e, por terem pertencido a
importantes proprietários merecem referência especial: a casa de
Jordão Ludgero Drumond de Barros
[35],
a casa do 1º Barão de Ornelas e a casa do tenente Joaquim Figueira da
Silva.
Relativamente à casa de Jordão
Ludgero Drumond de Barros, foi um dos seus últimos proprietários
Pascoal Justino Drumond de Barros, solteiro, que a terá herdado de seu
pai, Jordão Ludgero Drumond de Barros, filho de Gregório Naziazeno
Drumond de Barros, falecido em 1891 e provavelmente neto paterno do
tenente José Drumond de Freitas e de Josefa Maria Júlia de Barros,
ambos residentes no sítio da Ribeira Fernanda.
Neste mesmo sítio da Ribeira
Fernanda e provavelmente também nesta mesma casa, dados os laços de
familiaridade poderá, ter vivido o alferes Gregório Naziazeno de
Barros, filho do Capitão João de Barros Bezerra ([36])
e de Perpétua Maria Drumond, falecido solteiro a 25 de Março de 1870 e
tendo feito testamento em favor de sua sobrinha Josefa Maria Júlia de
Barros, também solteira e filha do tenente José Drumond de Barros.
Casa do
Barão de Ornelas
A
uma distância de cerca de três dezenas de metros, mais abaixo, uma
entrada, que ainda faz lembrar um passado áureo de uma quinta, dá
acesso a uma residência, que apesar de ao longo dos anos ter sido
ampliada e alterada, pertenceu ao barão de Ornelas. Ainda que não haja
certezas sobre a forma como o barão de Ornelas, terá chegado à sua
posse, é de admitir que esta propriedade bem como outras, na freguesia
do Estreito, lhe tenham sido doadas por seu tio, irmão de sua mãe, o
médico-cirurgião Dr. João Vicente da Silva.
O Dr. João Vicente da Silva, era
natural da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, onde terá nascido
por volta de 1803, tendo falecido solteiro, no dia 9 de Outubro de
1895, na casa da sua residência ao sítio da Ribeira Fernanda e hoje
tida como do Barão de Ornelas. Era filho do capitão Silvestre Gomes da
Silva e de Antónia da Luz Espírito Santo, naturais da freguesia do
Estreito de Câmara de Lobos. Durante cerca de 40 anos esteve ao
serviço da Câmara Municipal, como contratado para tratar os seus
expostos ([37]).
Por sua morte, o Dr. João Vicente
da Silva, terá instituído seu herdeiro universal, o 1º Barão de
Ornelas, que em termos de familiaridade seria seu sobrinho ([38]),
legando-lhe além de importantes prédios rústicos e urbanos, preciosos
vinhos madeira alguns dos quais datando de 1837 e que em 1930,
estariam armazenados em seis lojas ou adegas nos sítios do Ribeiro
Real, Ribeira Fernanda, Vargem, Igreja e cujas chaves estariam na
posse do seu amigo (amigo do barão de Ornelas) e parente, Francisco
Nunes Pereira de Barros ([39]).
O 1º barão Ornelas, chamava-se
António Evaristo de Ornelas, nasceu na freguesia da Sé, no Funchal, a
2 de Outubro de 1829 e faleceu em Paris, a 24 de Abril de 1904. Era
filho de Evaristo de Ornelas e D. Narcisa Júlia Januário de Ornelas,
naturais da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, em cuja igreja
casaram a 29 de Outubro de 1828. Foi doutor em medicina pela
Universidade de Paris, onde se formou em 1854. Exerceu a sua profissão
em Paris, onde tinha larga clientela e onde nasceram todos os seus
filhos. Foi comendador da Ordem de Cristo, Cavaleiro das Ordens de
Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e de Isabel, a Católica, de
Espanha e sócio-correspondente da Academia Real das Ciências. Foi
cônsul-geral e plenipotenciário de Portugal em Lima ([40]).
Esta propriedade viria
posteriormente a ser adquirida aos herdeiros do Barão de Ornelas, por
Francisco Nunes Pereira de Barros ([41]),
o que terá acontecido,
muito provavelmente depois de 1930.
Passou depois a propriedade para seu filho, Francisco Nunes Pereira de
Barros Júnior, e foi, após a sua morte, vendida a Martinho de Abreu,
que por sua vez, a haveria de lotear e vender em fracções.
Na casa da
residência desta propriedade esteve durante vários anos instalada a
Casa do Povo do Estreito, depois da sua saída no local onde fora
fundada, no sítio da Ribeira da Caixa e a delegação no Estreito da
Direcção Regional de Segurança Social.
A casa do
tenente Joaquim F. da Silva
Nas
proximidades da propriedade que foi do barão de Ornelas encontra-se
uma outra importante propriedade, dotada de uma ampla casa de
residência, cuja primitiva edificação, tal como acontece com uma
magnólia, existente nas suas proximidades poderá rondar os duzentos
anos de existência.
Hoje propriedade de Maria Luisa e
Maria Fernanda Pinto Correia, é de supor que esta tenha pertencido ao
tenente Joaquim Figueira da Silva, nascido por volta de 1787 e
falecido a 20 de Fevereiro de 1863 ([42]).
Por sua morte terá a propriedade transitado para os seus filhos
Joaquim Figueira da Silva Júnior ([43])
e José Figueira da Silva ([44]).
Joaquim Figueira da Silva Júnior
nasceu a 13 de Maio de 1821, baptizando-se no entanto só a 12 de Maio
de 1824. Casou a 19 de Agosto de 1835, na capela das Almas com Maria
Teresa Pinto, de quem teve uma única filha, Luisa Maria Teresa
Figueira de Barros, que a 25 de Agosto de 1851,casa com Francisco
Nunes Pereira de Barros (1819-1902) ([45]).
Deste casamento houve um filho também de nome Francisco Nunes Pereira
de Barros Júnior (1863-1942) ([46]).
José Figueira da Silva, o outro
co-proprietário da propriedade casaria com Vitória Olívia Figueira (Vitorina
Oliveira Jardim Figueira) de quem, entre outros filhos, teria Alice
Georgina Figueira.
Através da união matrimonial de
Alice Georgina Figueira com Francisco Nunes Pereira de Barros Júnior
(1863-1942) verificar-se-ia também uma união patrimonial,
relativamente à casa que havia sido do tenente Joaquim Figueira da
Silva e que havia sido dividida pelos seus dois filhos.
Deste casamento chegariam à idade
adulta três filhos: Francisco Nunes Pereira de Barros, que casaria com
Filomena Izilda Pestana Rodrigues, e que posteriormente viria a ficar
detentor da casa que pertencera ao barão de Ornelas, adquirida, nos
anos 30, por seu pai; Alice Salete de Barros que casaria com o Dr.
João Augusto Figueira César, e que ficaria detentora da quinta de São
João ([47])
e Maria da Graça Figueira de Barros, que casaria com Ernesto Alves
Pinto Correia ([48]),
e a quem a propriedade da Ribeira Fernanda que pertencera ao tenente
Joaquim Figueira da Silva, haveria de ser transmitida. Por sua morte,
passaria a propriedade para a posse de suas filhas, Maria Fernanda e
Maria Luisa Pinto Correia, suas actuais proprietárias.
Capela de
Santa Ana
Descendo mais
algumas dezenas de metros, a rua Prof. José Joaquim da Costa encontra
a Azinhaga do Padre José Figueira de Ornelas e depois a capela de
Santa Ana.
Situada no
sítio da Ribeira Fernanda, a capela da evocação de Santa Ana, foi,
segundo o Elucidário Madeirense, mandada construir por um tal
morgado Cardoso.
Pela data
gravada na pia de água benta, admite-se que a primitiva capela possa
ter sido construída no ano de 1768, anexa a uma casa solarenga.
Em meados do
século XX, foi esta capela, na altura em estado avançado de ruínas tal
como o solar, adquirida por João Justino dos Santos, filho de João dos
Santos e de Maria Adelaide, emigrante na Venezuela, que a mandou
reconstruir sem que houvesse, no entanto o cuidado de manter o seu
traçado original. Da primitiva capela, existem apenas os degraus do
altar e a pia de água benta, bem como uma tela representando Santa Ana
a ensinar a sua filha, Nossa Senhora, quando pequenina e que teria
sido retirada e transferida havia vários anos para a igreja de Nossa
Senhora da Graça.
As obras de
reconstrução da capela terminaram a 7 de Agosto de 1963 e, no dia 3 de
Dezembro do mesmo ano foi benzida pelo padre José Porfírio Rodrigues,
pároco da paróquia de Nossa Senhora da Graça do Estreito de Câmara de
Lobos.
O culto seria
contudo só inaugurado a 27 de Agosto de 1964, onde foi celebrada a
primeira missa. A 25 de Julho do ano seguinte, celebrar-se-ia a
primeira festa em honra do seu orago.
Actualmente a
capela pertence à igreja paroquial de Nossa Senhora da Graça do
Estreito de Câmara de Lobos, na sequência de uma doação feita pelos
herdeiros de João Justino dos Santos.
A quinta do
Salão
À capela de
Santa Ana, segue-se, em termos de referência, na rua Prof. José
Joaquim da Costa, a quinta do Salão ou de Pico e Salões que terá
chegado à posse da família França Dória, até há pouco tempo sua
proprietária, através de um percurso que começa em 1835.
Com efeito,
sendo pertença de Juliana Leonor da Cunha,
por sua morte, verificada a 11 de Julho de 1835, passa a quinta do
salão para a posse de D. Carolina Engrácia da Cunha Telo, casada, no
Funchal a 13 de Maio de 1824, com Jaime de França Neto.
Deste casamento houve três filhos:
D. Júlia de França Neto (1825-1903)([49])
e que foi quem viria posteriormente a herdar a quinta do Salão; João
de Atouguia de França Neto, nascido em 1825 e Carolina de França Neto,
nascida em 1835.
Por morte de Júlia França Neto, a
quinta seria legada a sua sobrinha Eugénia de França Neto Dória, filha
de João de Atouguia de França Neto e mulher do coronel Manuel de
França Dória.
Por morte de Eugénia de (Berenguer
de Atouguia) França Neto Dória, falecida posteriormente a seu marido,
passa a propriedade da quinta para a posse de seu filho, Manuel de
França Dória, médico, casado com Maria Mafalda Matos Drumond de
Noronha da Câmara Dória, ele posteriormente falecido em 1979 e ela
falecida a 4 de Abril de 1997.
Neste momento
ao que nos é dado saber, a quinta do Salão terá sido vendida ou alvo
de contrato de promessa de compra-venda, transacção que poderá ter
tido lugar no decurso do mês de Fevereiro do corrente ano.
O anexo da
Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos
Em finais de 1974, a casa da quinta
do Salão seria alugada para instalação de um anexo da, então
denominada, Escola Preparatória de Gil Eanes, cuja sede na altura se
encontrava instalada na quinta do Dr. Artur Soares Henriques no sítio
das Preces, freguesia de Câmara de Lobos. Tendo entrado em
funcionamento no dia 8 de Janeiro de 1975
[50]Hoje
esta casa continua ao serviço do ensino, sob a denominação de anexo da
Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos do Estreito de Câmara de Lobos, que
foi a sucessora da antiga Escola Preparatória de Gil Eanes,
transferida em finais de 1978, para a freguesia do Estreito de Câmara
de Lobos.
Homenagem ao
prof. José J. da Costa
Conhecido
primeiramente por caminho de concelho para a Ribeira Fernanda e,
depois por caminho do jogo da Bola ou caminho do Salão, isto por
associação pelos locais por onde passava, o segmento da antiga estrada
real 25, hoje ostentando o nome de rua
prof. José Joaquim da Costa,
passou a ser assim denominada desde 16 de Outubro de 1987, altura em
que foram inauguradas as respectivas placas toponímicas.
Ainda que neste
momento, se desconheça a data exacta da deliberação que atribuiu o
nome do prof. José Joaquim da Costa a este arruamento, onde em vida
possuía residência, a proposta dirigida à Câmara Municipal, propondo
esta homenagem partiu da iniciativa da Assembleia Municipal do
concelho de Câmara de Lobos, reunida a 29 de Abril de 1983, como forma
de reconhecimento pelo seu trabalho como professor e deputado.
Na sessão camarária de 27 de Setembro de 1961 é presente um
requerimento de José Pereira pedindo que fosse passado em seu nome
a renda da casa onde funciona a escola masculina da Igreja, na
freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, por ter comprado a
citada casa a José da Costa.
Livro de Vereações da CMCL, acta da reunião de 24 de Agosto de
1955.
Livro de Vereações da CMCL, acta de 19 de Janeiro de 1955.
De acordo com a Acta da CMCL de 9 de Outubro de 1963, tratava-se
de João de Azevedo Nunes.
Livro de Vereações da CMCL, acta da reunião de 28 de Agosto de
1963.
Na sessão camarária de 9 de Julho de 1964 foi presente um ofício
da Direcção de Urbanização informando que a declaração de
utilidade pública e urgência da expropriação da parcela de terreno
necessária à obra de construção do mercado do Estreito, vinha
publicada no Diário do Governo 149, II Série de 26 de Junho do
corrente.
Livro de vereações da CMCL. Acta de 9 de Julho de 1964.
Livro de vereações da CMCL. Acta de 11 de Agosto de 1964.
Só ao terceiro concurso realizado a 24 de Fevereiro de 1965 é que
a obra foi adjudicada. Nos concursos anteriores, realizados a 23
de Dezembro de 1964 e 27 de Janeiro de 1965, não tinham aparecido
concorrentes.
14 de Dezembro de 1966 foi presente um ofício da Direcção de Obras
Públicas remetendo a sétima liquidação da obra de construção do
Mercado do Estreito. Na reunião da CMCL de 26 de Abril de 1967 foi
deliberado aprovar trabalhos a mais e a menos relativos à obra de
construção do mercado do Estreito. Na reunião da CMCL de 26 de
Junho de 1968 encontra-se já em funcionamento o mercado do
Estreito.
Na sessão de 20 de Julho de 1978 foi presente um ofício da
circunscrição de Urbanização do Funchal enviando três exemplares
do projecto de ampliação do mercado do Estreito de Câmara de Lobos
e informando que a mesma obra não figura no plano de compromissos
da Direcção-Geral do Equipamento Regional e Urbanismo em vigor.
Na sua edição de 16 de Novembro de 1982, o Diário de Notícias dá
conta da inauguração ocorrida no Domingo anterior, ou seja no dia
14 de Novembro de 1982, do mercado do Estreito de Câmara de Lobos.
Na altura da inauguração este mercado, alvo de obras de ampliação,
já estava em pleno funcionamento havia algum tempo, tendo a Câmara
gasto 14 mil contos nas obras de asfaltagem dos arruamentos de
acesso e na sua ampliação.
Livro de Vereações da CMCL. Acta da reunião de 13 de Setembro de
1961.
Livro de Vereações da CMCL. Acta da reunião de 25 de Outubro de
1961.
De acordo com O Direito, de 24 de Novembro de 1879, por
essa altura o concelho de Câmara de Lobos só possuía um médico,
sitiado na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos. Era o
Cirurgião Dr. João Vicente da Silva. Na sessão camarária de
26 de Fevereiro de 1896 dá-se conta de que a Câmara não tinha
médico municipal e, por isso pedia-se a criação de um lugar de
facultativo no partido médico de Câmara de Lobos. Segundo a
proposta apresentada, o Dr. João Vicente da Silva na altura já
falecido havia sido contratado 40 anos antes, para tratar
unicamente dos expostos.
Ver Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Neto (Júlia de
França). Vol. 18, pág. 639.
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