Brazilian Stock Market Report

Relatório do Mercado Acionário Brasileiro

No. 16 - 17/08/1997

Paulo Romero Zanconato Pinto

SEÇÕES DESTA EDIÇÃO


CURSO DE BOLSA: EXERCÍCIO DE OPÇÕES

Nesta segunda-feira, 18/08/97, ocorrerá o próximo exercício de opções na bolsas brasileiras. Conforme explicamos anteriormente (Relatório 11) o lançamento deste tipo de contrato é regulado pelas bolsas que também define a data para o exercício dos direitos adquiridos pelos titulares na forma de opções de compra (calls) e venda (puts).

As bolsas brasileiras estabeleceram que a cada terceira segunda-feira dos meses de número par ocorrerá um exercício de opções.

O exercício geralmente se encerra no período do pregão da manhã (até as 12:30 hs).

Geralmente nestas datas são observados grandes volumes de negociações pois o exercício dos contratos de compra e venda promovem uma grande troca de ações entre os titulares e lançadores.

Existem entretanto alguns exercícios onde nenhum ou poucos direitos são exercidos. Isto ocorre porque os titulares dos direitos tem a possibilidade de comprar ou vender a ação contratada por um preço melhor do que o preço de exercício da opção. Neste caso o mercado diz que os diretos "viraram pó" ou seja passaram a ter um valor igual a zero.

Existe também outro tipo de exercício onde o número de opções de compra lançadas supera o número de ações em poder dos lançadores. São as chamadas opções descobertas. Neste caso, se o mercado estiver em determinados níveis que permitam o exercício de todas as opções ocorre o chamado "corner dos lançadores". Geralmente esta situação provoca uma explosão nos preços da ação em questão.

O exercício de opções pode assumir uma importância maior ou menor sobre a tendência do mercado dependendo dos tipos de estratégias montadas pelos grandes investidores. Quando o volume negociado no mercado se reduz demasiadamente. os grandes investidores podem aproveitar para promover grandes oscilações nas ações de forma a lucrar com suas posições alavancadas em opções.

A grande queda ocorrida nesta sexta-feira tanto na bolsa de NY e quanto nas bolsas brasileiras foram explicadas como sendo efeito de grandes posições formadas em opções e índices futuros.

Nas vésperas dos exercícios ocorrem as maiores oscilações nos preços da opções que podem apresentar variações astronômicas de alta (> 1000%) ou quedas próximas a 100%.

Isto nos leva a concluir que nunca devemos tomar posições vendidas em opções às vésperas de seu exercício pois isto pode significar um prejuízo irrecuperável.

Da mesma forma não devemos tomar posições compradas exageradamente alavancada pois podemos ter toda a posição reduzida a zero.

Pretendemos futuramente continuar este comentários sobre o mercado de opções e assim tentar, aos poucos, transmitir aos nossos leitores todos os riscos e possibilidade deste fantástico mercado de derivativos.


CORREIO - PERGUNTAS E REPOSTAS

Qual é a definição de volatilidade ?

O modelo de Black&Sholes que permite a avaliação de preços de opções possui como parâmetro a chamada volatilidade. A principio ela pode ser calculada simplesmente a partir

do desvio padrão de um preço ao longo de um período de tempo. Existem entretanto uma enorme variedade de metodologias e definições do que seria a volatilidade de um ativo. Existem as chamadas volatilidades implicitas das opções, a volatilidade futura, volatilidade histórica, volatilidade projetada, etc… Ela também é utilizada nas metodologias de cálculo de risco x retorno. Existe formulações que consideram as oscilações intraday tanto em tempo continuo quanto descontinuo.

O que é na prática, comprar ou vender volatilidade?

Quando esperamos grandes variações de preços numa certa direção (forte alta ou forte queda) mas não podemos prever com certeza qual a direção, então montamos uma trava com opções que nos oferece ganho caso o mercado siga qualquer uma destas tendências.

Esta operação é chamada de compra de volatilidade. Assim se o mercado oscilar acima de um certo percentual, seja ele positivo ou negativo, a operação oferece ganho caso contrário oferece prejuízo.

Ex.: Trava com 3 calls (opções de compra)

Venda OPC (165) + Compra 2 x OPC (160) + Venda OPC (155)

Esta Trava é uma operação de compra de volatilidade.

Se no vencimento da ação estiver entre 155 e 165 esta operação oferece prejuízo.

Abaixo de 155 ou acima de 165 a operação oferece lucro.

A outra ponta desta operação acredita que o mercado não vai sofrer fortes variações e por isso seria mais vantajoso vender volatilidade.

Existem um outra infinidade de tipos de travas que permitem este tipo de operação com a volatilidade.

No Brasil este tipo de operação ainda não é muito utilizado devido a:

Tendo apenas arranhado o assunto, espero que tenha pelo menos sido simples e claro nesta primeira abordagem sobre o assunto.



Qual a sua opinião sobre montar uma operação de compra ações combinada com a venda de opções para o próximo exercício ?

Pessoalmente eu não gosto deste tipo de operação para os períodos de baixa. Os principais motivos que me levam a não indicar o financiamento de "ação com opção" como estratégia de investimento são:

Existem ainda outros fatores que devemos levar em conta no caso da Telebras:

O tipo de operação que está sendo proposto é adequado somente para grandes investidores (acima de R$10.000.000) que em geral precisam de um tempo maior para montar suas posições compradas e por isso utilizam este tipo de hedge como estratégia. Eventualmente estes investidores vendem uma quantidade tal de opções que lhes permitam criar o chamado hedge perfeito (variação zero da posição para uma queda ou alta da ação).

Os demais investidores, quando já estão posicionados em um determinado ativo. devem lançar opções para proteger sua posição somente quando:

  1. Acreditam numa queda percentualmente pequena e de curta duração (1 a 15 dias ).
  2. A volatilidade implícita da opção está bem acima da volatilidade histórica e também acima da volatilidade futura projetada para a ação.
  3. A liquidez e o spread dos preços na opção é melhor que o da ação

Caso contrário, a melhor alternativa é vender a própria ação o que oferece 100% de segurança e desmobiliza o capital.

Quando estamos a princípio fora do mercado não indico este tipo de estratégia.

Na verdade esta operação é tática e não estratégica pois só deve ser adotada como correção ou medida temporária de proteção para que o objetivo estratégico seja atingido.


Qual a sua opinião sobre a venda das ações da Petrobras pelo governo ?

A tendência natural do preço de um ativo, quando este é vendido, em grandes proporções, é de cair. Basta que o governo defina a data do leilão das ações e o seu preço de venda que o mercado se definirá.




RECOMENDAÇÕES

CURTÍSSIMO PRAZO: (DE 1 A 4 SEMANAS)

CURTO PRAZO: (DE 1 A 3 MESES)

MÉDIO PRAZO: (DE 3 A 12 MESES)


FIM

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