Brazilian Stock Market Report
Relatório do Mercado
Acionário Brasileiro
No. 20 - 02/11/1997
Paulo Romero Zanconato Pinto
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- PROJEÇÕES TÉCNICAS
- RECOMENDAÇÕES
CRASH !
Surpresa ? Talvez o momento e a intensidade
mas, certamente previsto por muitos analistas e economistas, este
movimento aconteceria inevitavelmente. Tendo sido sinalizado com
uma boa antecedência, com a Crise no México e, mais
recentemente com a Crise da Tailândia.
O mundo poderá passar por uma
crise recessiva que poderá durar de 1 a 2 anos como resultado
dos movimentos iniciados no dia 23/10/97 com a Crise em Hong Kong.
Agora, com a crise instalada, tendo
sido tomadas algumas medidas emergenciais para conter a especulação,
existem pelo menos duas linhas de análise sobre o futuro
do Brasil e do seu mercado de ações neste contexto:
Uma linha mais pessimista avalia
que:
- O Brasil é a bola da vez.
- O movimento de queda apenas se iniciou.
Completamos pouco mais de uma semana em crise para concluirmos
que ela já acabou. Nas crises anteriores as bolsas levaram
entre 3 meses e 1 ano para voltar a subir e se recuperar.
- Os movimentos especulativos podem,
na verdade, ter causas estruturais.
- As conseqüências de novas
quedas nos mercados americanos e europeus, que ainda tem muita
gordura para queimar, poderiam ser catastróficas para bolsas
sem personalidade como as brasileiras.
- Os juros altos são insustentáveis
por mais de 60 dias e, neste prazo, o cenário brasileiro
provavelmente não sofrerá nenhuma alteração
significativa que justifique uma retomada de investimentos externos
em nossas bolsas.
- Se os juros subirem mais, provocarão
uma forte fuga do capital doméstico das bolsas.
- Os custos de uma política
de juros altos são, financeira e politicamente, muito altos
para o Brasil no curto e médio prazo.
- O aparente descaso do congresso
em relação as reformas administrativa e fiscal podem
prejudicar futuros investimentos no pais.
- Os aumentos da recessão e
do desemprego, decorrentes dos juros altos, poderiam reduzir as
chances de reeleição de FHC.
- Uma desvalorização
de pelo menos 20% no Real seria fundamental para conter uma nova
onda especulativa sobre a moeda e melhorar a competitividade do
Brasil ajudando nossa balança comercial mas, trazendo algumas
seqüelas para o plano Real.
- As atuais reservas cambiais brasileiras
poderão ser seriamente abaladas em função
de uma fuga de cerca de $5Bi a $10Bi de capitais especulativos
nos próximos dias.
- Os baixos valores de mercado das
empresas estatais tornariam inviáveis as privatizações
marcadas para o próximo ano, o que prejudicaria em muito
os planos do atual governo.
Outra linha mais otimista avalia
que:
- Nossas reservas cambiais são
muito elevadas (cerca de $60Bi), o que garante uma forte proteção
contra especuladores.
- A economia brasileira é mais
controlada, do ponto de vista cambial, que as economias asiáticas,
tendo assim, o nosso governo, melhores condições
para conter a especulação.
- Se a alta dos juros, com a manutenção
do cambio (modelo adotando por Hong Kong), for sustentável,
poderá conter os ataques especulativos e voltar a atrair
investimentos para o Brasil.
- A alta expressiva dos juros ajudará
a conter o consumo, a inflação e as importações,
melhorando nossa balança comercial e confiança em
investimentos de longo prazo, não especulativos, no Brasil.
- A crise na Ásia poderá
se prolongar por mais de 1 ano, o que deslocaria parte dos investimentos
diretos mundiais para a America Latina e o Brasil.
- O Brasil é a melhor opção
de investimentos no momento, devido ao baixo preço de suas
empresas e ao grande programa de privatizações em
curso.
- Com o início das divulgações
de lucros e balanços das principais empresas brasileiras
o mercado acionário brasileiro poderá ter um novo
fôlego e recuperar parte dos prejuízos desta última
semana.
- A aceleração do processo
de privatização combinada com uma possível
mobilização do congresso para a uma rápida
votação das reformas constitucionais trarão
novamente a confiança necessária para o Brasil.
- As expectativas positivas com as
privatizações e uma possível mobilização
nacional em defesa da economia do pais poderão permitir,
com a progressiva redução dos juros, que o Brasil
reme contra a maré e se torne o melhor abrigo para o capital
internacional em busca de um pais em crescimento.
PROJEÇÕES TÉCNICAS:
Em função do comportamento
das bolsas brasileiras, e da crise que se instalou no mercado,
muitas empresas chegaram bem próximas de seus valores mínimos
históricos. Apesar de termos recebido algumas sugestões
de ações para análise, consideramos que,
em função da vertiginosa queda desta última
semana, outros papeis se destacaram em importância para
avaliações.
No quadro abaixo encontram-se alguns
papeis que, de acordo com a nossa análise, estão
subavaliados, com suas respectivas projeções de
alta nos diferentes prazos e os respectivos stop-loss no caso
de persistência da tendência de queda. Para aqueles
que não estão habituados com este tipo de projeção
cabe uma explicação. Se, eventualmente, um papel
indicado para compra vier a cair, qual seria o nível de
queda que nos levaria a reconsiderar a previsão, ou admitir
o erro, e vende-lo mesmo com um eventual prejuízo ? É
justamente este ponto que denominamos STOP.
Informamos também como parâmetro
de escolha, o RISCO, que corresponderia a perda máxima
(%) que o papel pode oferecer no período de um ano.
Para fins destas projeções
consideramos apenas o LONGO PRAZO (1 a 4 anos) já que,
as grandes incertezas que ainda rondam o mercado de ações,
torna-se praticamente impossível prever os movimentos de
curto prazo.
É importante ressaltar que praticamente
todos os indicadores de médio prazo ainda estão
indicando VENDA. Entretanto, muitos papeis de empresas consideradas
saudáveis e lucrativas estão cotados a níveis
extremamente baixos, tendo atingido níveis de suporte onde
consideramos bastante seguro algum posicionamento de longo prazo.
Em função da rápida
e generalizada queda ocorrida nos principais ativos negociados
em bolsas, consideramos que o momento não é mais
propício para vendas e, por isso, destacamos novamente,
somente indicações de compra.
Cabe ressaltar que não aconselhamos
ainda fortes compras de nenhum ativo e consideramos que a proporção
mais indicada para as aplicações seriam de 80% em
renda fixa e 20% em renda variável.
Os papeis a seguir estão relacionados
em ordem alfabética.
Empresa
| COD
IBVSP
| STOP
R$
| COMPRA
R$
| PROJ
R$
| RISCO
%
|
ACESITA |
ACE3 | 1,20
| 1,50
| 2,50
| 30
|
ARACRUZ |
ARC6 | 1,50
| 1,60
| 2,20
| 50
|
BANCO DO BRASIL
| BB4 | 7,00
| 7,50
| 14,00
| 60
|
BB Recibos
| BB6,7 |
2,00
| 2,15
| 10,00
| 50
|
BANCO ITAÚ
| ITA4 | 325
| 400
| 700
| 45
|
BRADESCO |
BBD4 | 6,50
| 7,00
| 12,00
| 45
|
CEMIG |
CMI4 | 30
| 38
| 60
| 50
|
CESP | CES3
| 50
| 56
| 85
| 50
|
CHAPECO |
CHA4 | 0,08
| 0,09
| 0,30
| 50
|
C.FERRO LIGAS
| CPF4 | 0,03
| 0,04
| 0,45
| 50
|
COELBA |
CEE3 | 58
| 60
| 100
| 30
|
CONFAB |
CNF4 | 1,60
| 1,80
| 3,00
| 50
|
CSN | CSN3
| 26
| 30
| 40
| 50
|
C.S.TUBARÃO
| CST6 | 12
| 13
| 20
| 40
|
ERICSON |
ERI4 | 23
| 30
| 60,00
| 40
|
FOSFERTIL |
FFT4 | 3,80
| 4,00
| 6,00
| 50
|
GERDAU |
COG4 | 14
| 15
| 30
| 40
|
INEPAR |
INE4 | 1,20
| 1,50
| 3,00
| 50
|
ITAUSA |
ITS4 | 0,60
| 0,64
| 1,10
| 50
|
LIGHT |
LIG3 | 250
| 300
| 500
| 50
|
PIRELI CABOS
| PIR4 | 3,00
| 3,50
| 8,00
| 40
|
SUZANO |
SUZ4 | 2,00
| 2,10
| 6,00
| 30
|
TELEBRAS REC
| TEL5 | 75
| 80
| 180
| 50
|
USIMINAS |
USI4 | 7,0
| 7,5
| 15,00
| 40
|
VALE DO RIO DOCE
| VAL4 | 18
| 19
| 28
| 50
|
Pode-se observar que na tabela acima
não constam os principais papeis dos setores de telecomunicações
e elétrico que estão na linha de frente do programa
de privatizações. Isto se deve ao fato de consideramos
este papeis ainda com risco elevado e com espaço para quedas.
Por isso preferimos recomendar um posicionamento alternativo conforme
explicaremos na seção seguinte de RECOMENDAÇÕES.
RECOMENDAÇÕES:
Em função das altas taxas
de juros e das incertezas do mercado acionário consideramos
que o investidor deveriam buscar uma carteira com as seguintes
características:
Composição:
- 80% em CDBs pré ou Fundos
de Renda Fixa com 30 ou 60 dias de prazo.
- 15% em ações de empresas
saudáveis e baratas (sugestões da seção
anterior).
- 5% em opções de compra
de ações de empresas dos setores de telecomunicações
e elétrico, que ofereçam liquidez, e que permitam
limitar os prejuízos, no caso de continuidade da queda, ou
funcionem como "hedge", para não perder uma eventual alta.
Os setores menos prejudicados com a
crise serão: o bancário, de serviços e agrícola.
FIM.
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