Ficou demonstrado que não existem ilhas de prosperidade num mundo de economia cada vez mais globalizada. Os reflexos desta segunda onda da Crise Asiática não deixaram dúvidas sobre sua gravidade e extensão.
O mercado acionário dos EUA vinha resistindo aos movimentos de queda no Oriente, com base nas hipóteses de que:
Entretanto existem efeitos macro econômicos que foram estrategicamente esquecidos, num primeiro momento, quando ainda se esperava que tudo pudesse ser resolvido com um rápido socorro do FMI aos países em dificuldade. Consideramos que não podem ser ignoradas algumas conseqüências das fortes desvalorizações das moedas em todo o mundo, mesmo sobre as economias aparentemente mais fortes:
Não se pode esquecer que o mercado de ações não é um simples derivativo do mercado de taxa de juros. Existem muitas variáveis que não estão diretamente ligadas a estabilidade dos juros e que podem influenciar o crescimento e a saúde das empresas no longo prazo, bem como sua competitividade e seus resultados num mundo em crise.
O Brasil, neste cenário, está entre os países que ainda podem sofrer ataques especulativos. Nossa moeda continua sobrevalorizada e as medidas adotadas até agora não podem ser consideradas decisivas para uma reversão de cenário no médio prazo.
Neste primeiro trimestre de 1998, o Brasil vai ter que rolar quase um terço do estoque de R$ 220 bilhões de sua dívida, ou R$ 67,6 bilhões. A dívida brasileira mais que dobrou desde 1995, devido a nossa política de juros e cambio, e o prazo médio dos títulos encurtou pela metade. Essa concentração de vencimentos deve dificultar a redução mais abrupta das taxas de juros. Os efeitos para a economia serão sentidos em breve. A manutenção das atuais taxas astronômicas de juros pode aumentar a inadimplência interna, reduzindo a liquidez do mercado.
Não existem saídas para este cenário que não passem por alguma medida que envolva o cambio. Os demais agentes internacionais estão conscientes da fragilidade brasileira e vão atuar no momento oportuno, para resguardar seus investimentos, o que provavelmente vai voltar a abalar nossas reservas cambiais.
A curva de desvalorização
do Real frente ao Dólar continua inalterada, o que sinaliza
que o governo brasileiro ainda não se dispôs a reconhecer
este ponto fraco, e insiste em considera-lo como o ponto mais
forte de sua política econômica.
Conforme foi previsto no relatório anterior (No.23 de 15/12/97) o mercado brasileiro realmente reagiu um pouco, mas não conseguiu romper o nível de 10700 pontos para o IBVSP, que indicamos como um possível sinal da reversão de tendência de baixa.
O pequeno volume dos últimos dias do ano confirmaram que tudo não passava de uma alta festiva. Com o retorno à grave realidade em que estamos mergulhados, a reação baixista foi rápida e com volume considerável .
Com a divulgação dos resultados obtidos em 1997 e as baixas expectativas de crescimento para 1998, os preços de vários papeis voltaram aos níveis mais conservadores.
Acreditamos que após alguma assimilação da queda, com possíveis pull-backs, os suaves canais de alta serão interrompidos para a formação de uma terceira onda de baixa.
Entre algumas de nossas projeções
para o curto prazo (1 a 6 meses) temos os seguintes objetivos
de baixa para os principais papeis e índices do mercado:
IBVSP: 6500
TEL4 : 85,00
TLS4 : 185,00
PET4 : 170,00
ELE6 : 35,00
VAL4 : 16,50
Apesar de aparentemente pessimistas, estas projeções estão considerando a continuidade da tendência de baixa, principalmente porque o mercado americano praticamente não iniciou seu movimento de baixa.
Recomendamos que apenas os investidores de grande porte, com objetivos de longo prazo, mantenham algumas de suas posições compradas. Aconselhamos aos pequenos e médios investidores que permaneçam fora do mercado.
Os setores mais indicados para um posicionamento de longo prazo continuam sendo, em nossa opinião, os relacionados aos setores agrícola, construção civil e de serviços.