O FUTURO DAS PRIVATIZAÇÕES
A pouco mais de um ano atrás não se cogitava que as estrelas do processo de privatização brasileiro estariam, em 1998, praticamente com as mesmas cotações e ainda com tantas incertezas quanto ao seu preço mínimo e data de venda.
Vivendo agora um ano conturbado com crises o governo se encontra diante de um dilema: Vender, de qualquer forma e a qualquer preço as "jóias do tesouro" e garantir o capital para financiar os projetos de reeleições estaduais e federal, tentando ao mesmo tempo fortalecer suas defesas para resistir aos tempos de "vacas magras" ou, aguardar o desenrolar dos acontecimentos, contado com uma solução rápida para a crise mundial e tentar conseguir preços mais justos para as cobiçadas empresas estatais.
As grandes perdas para a economia mundial com a crise na Ásia e os custos que dai poderão decorrer, tornarão os investidores mais cautelosos, reduzindo a oferta de capitais.
A tendência é que os níveis de investimentos destinados às economias emergentes sejam reavaliados e se tornem muito mais seletivos e restritos no decorrer dos próximos 2 anos.
Os efeitos mais danosos de todos esses processos de desvalorizações cambiais sobre o comércio internacional ainda estão por vir. A perda de mercados consumidores e a redução das projeções de crescimento e de lucros podem diminuir o interesse nas privatizações brasileiras pelos investidores externos.
O nosso governo, provavelmente ciente destes problemas, procura acelerar as privatizações antes que a situação econômica mundial se agrave. No último dia 16 o ministro das comunicações, Sérgio Motta, que já está de volta, determinou a holding Telebrás que feche até dia 19/01/98 o seu balanço relativo ao ano de 1997, antecipando a divulgação dos resultados. Espera-se que a Telebrás distribua algo em torno de R$1,87 por lote de mil ações aos acionistas.
O setor elétrico continua também na linha de frente das privatizações e, apesar disto, permanece com seu valor de mercado bem abaixo do provável preço de venda. Isto certamente sinaliza as dúvidas que o mercado ainda tem sobre o futuro destas estatais e de sua holding.
O banco alemão Deutsche Morgan Grenfell fez sua própria avaliação de cada uma das três holdings de telefonia fixa que deverão surgir a partir da fusão das 26 subsidiárias da Telebrás. Os valores, com um ágil médio de 60% em relação as cotações de mercado vêm surpreendendo os investidores europeus e americanos para quem o trabalho está sendo divulgado. Os preços projetados são para as três novas holdings foram:
Diante das ainda não aprovadas
reformas constitucionais, das modestas projeções
de crescimento para a nossa economia este ano, dos nossos persistentes
déficits comerciais e defazagem cambial, a única
motivação para os corajosos investidores, que continuam
apostando em posições compradas, são as privatizações
que continuam acenado ao longe.
AVALIAÇÃO E RECOMENDAÇÕES
Consideramos importante para a próxima semana observar o comportamento do Índice Dow Jones Industrial (DJIA) do mercado americano. Um fechamento acima dos 7800 pontos e posteriormente o rompimento dos 7950 pontos voltará a trazer algum otimismo ao mercado mundial, independente do comportamento dos mercados asiáticos.
Para o IBVSP consideramos importante o rompimento da resistência a 10200 pontos ainda esta semana. Neste caso poderemos ver uma recuperação até os 11000 pontos. Por outro lado o rompimento do suporte do IBVSP a 8900 pontos pode representar o início de um expressivo movimento de baixa.
Apesar dos risco de fortes oscilações
consideramos que os seguintes papeis podem servir de refúgio
temporário para pequenas porções de capital:
BANESPA - BES4 (Compra entre R$50 e
R$55) - Os resultados acumulados nos balanços, recentemente
divulgados, poderão resultar em dividendos superiores a
R$10,00 para os acionistas. Seu patrimônio líquido
está estimado em torno de R$ 3 bilhões.
ARTEX - ART4 (Compra entre R$ 0,12 e
R$ 0,15 ) - A empresa está passando por dificuldades e
seu controlador, o Banco Garantia, parte para mais uma tentativa
de venda do seu controle acionário. O risco é alto
e o papel pode subir até R$0,30 num primeiro movimento
em de sucesso na sua negociação.
CHAPECÓ - CHA4 (Compra abaixo
de R$0,08) - Recentemente vendida, pode apresentar bons resultados
com a ampliação de suas exportações
no setor avícola. Primeiro objetivo de alta é R$0,15.
ACESITA - ACE3/ACE4 (Compra) - A Acesita
deve dar início a operação de compra de ações
de sua emissão no próximo mês. A expectativa
da diretoria da siderúrgica é de que o BNDES dê
uma resposta positiva á carta consulta ainda este mês.
Segundo o diretor de relações com mercado da empresa,
a Acesita poderá adquirir, no máximo 4,5% das ações
em circulação no mercado da empresa. O faturamento
da Acesita em 98 deve ficar em R$ 750 milhões, cerca de
10% acima do apurado em 97, quando a empresa registrou uma receita
bruta de R$ 684,6 milhões. O executivo garantiu ainda que
este ano seria um período para ampliação
da participação da Acesita nos mercados de outros
países da América do Sul. A idéia central
é passar a exportar 40% da produção, destinando
os 60% restantes para o mercado interno. Atualmente a Acesita
coloca no mercado brasileiro 80% de sua produção
anual, exportando apenas os 20% restantes.
TELESP - TLS4 (Compra) - Indicamos como
a melhor alternativa para investimentos no setor de telecomunicações.
ELETROBRAS - ELE3/ELE6 (Compra) - No longo prazo pode ser uma ótima opção.
FIM.