No. 42 - 16/08/1998

Paulo Romero Zanconato Pinto

São justamente durante os períodos de baixa que fica mais fácil reconhecer alguns dos mecanismos que regem as decisões dos agentes e investidores do mercado acionário.

Como dizem os chineses, são nos momentos de crise que adquirimos mais conhecimento e experiência que devemos aproveitar para construir um futuro mais seguro.

O mercado acionário mostra que não compramos ou vendemos simplesmente participações em empresas mas sim negociamos as expectativas que os investidores e agentes têm de retorno ou risco nas suas respetivas carteiras.

São também, nestes momentos de baixa de preços das ações, que alguns passam a ser árduos defensores dos investimentos de longo prazo.

É inegável que para os grandes investidores, que possuem fluxos contínuos de capital e estão sempre com disponibilidade para novas compras, este é o momento de aproveitar os baixos preços para aumentar suas posições. No entanto um falso entendimento do termo Investimento de Longo Prazo pode levar aos pequenos e médios investidores a acreditar que, segurando suas posições compradas, poderão garantir lucros no futuro. Na verdade a chance de alavancagem (crescimento rápido) do capital depende fundamentalmente do timing (momento) das compras e das vendas. Decorrente do fato de não possuirem fluxos contínuos de capitais para investimentos e também por estarem a margem das fontes de informação, os pequenos investidores ficam aparentemente condenados ao prejuízo ou aos pequenos ganhos. As alternativas que restam aos pequenos são os fundos de ações e administração de terceiros ou adotar definitivamente a Análise Técnica como ferramenta de decisão e estudar os mecanismos de diagnose da psicologia das massas.

A eterna luta entre a ganância e o medo norteiam as atitudes dos investidores. A diversidade dos tipos de investidores e seus respectivos pesos num determinado mercado são elementos que determinam os movimentos dos preços dos papeis. Outro elemento de fundo psicológico é a memória dos preços que costumam criar barreiras temporárias para os movimentos de queda e posteriormente de alta e são conhecidas com níveis de suporte ou resistência de preços. Estes e outros elementos formam as bases do desenvolvimento da análise técnica.