Brazilian Stock Market Report
Relatório do Mercado Acionário Brasileiro
No. 44 - 20/09/1998
Paulo Romero Zanconato Pinto
SEÇÕES DESTA EDIÇÃO
Crise oferece nova oportunidade de ajuste ao Brasil
Fernando Pinto Ferreira
A nova etapa da crise global, iniciada com o anúncio da moratória Russa, colocou em evidência os países da América Latina, principalmente o Brasil, que apresenta os mais frágeis fundamentos macroeconômicos, entre os principais países da região. Apesar dos altos custos que a crise imporá ao país, devido a uma redução ainda maior do nível de atividade econômica, estamos diante de uma oportunidade única para enfrentar o principal desequilíbrio da economia brasileira, que é o déficit do setor público. É uma oportunidade que não pode ser descartada, dado que, dificilmente resistiremos a uma nova crise externa com a fragilidade que nossos fundamentos econômicos apresentam, agravados pela perda de reservas de cerca de US$ 25 bilhões nos últimos dois meses. O clima de pessimismo que se instalou nas últimas semanas criou um ambiente de quase consenso entre os principais setores da sociedade, com relação a urgência de medidas e a necessidade de reformas. Dessa forma, devemos esperar que, com a provável reeleição de FHC, um conjunto agressivo de medidas venha a ser anunciado, com o foco voltado para a redução do déficit público, através de cortes adicionais de gastos e investimentos, juntamente com o envio de novas propostas de reformas, principalmente fiscal/tributária e da previdência. Este conjunto de medidas deverá vir de encontro às expectativas de FMI, G-7 e Tesouro americano, uma vez que não será colocado à disposição da América Latina um "cheque em branco" de bilhões de dólares, apenas como prêmio pelos avanços econômicos apresentados nos últimos anos, mesmo sendo essa uma linha de natureza preventiva, a ser utilizada somente em caso de necessidade.
Como é certo que teremos um novo aperto fiscal, tentamos traçar um dos possíveis cenários para três elementos-chaves da economia, nos próximos meses:
Juros - Ao elevar os juros, o objetivo do governo era o de conter a saída de dólares. Uma vez que isso ocorra, surge a questão: Qual será o melhor caminho daí em diante? Apenas estancar o processo de saída, passando a trabalhar com um volume de reservas menores, mas de melhor qualidade e, portanto, mais estáveis? Ou voltar a atrair capital de curto prazo, aumentando o nosso nível de reservas, porém deixando-as mais suscetível ao humor do investidor estrangeiro? A resposta para esta questão definirá o ritmo de queda dos juros.
Acreditamos que o governo estará mais inclinado a seguir a primeira opção. Dessa forma, sua estratégia seria a de manter as taxas estáveis até o final deste mês, contando com uma melhoria do fluxo cambial, e iniciar uma queda mais agressiva das taxas já na próxima reunião do Copom, que ocorrerá em 07 de outubro, logo após as eleições. O motivo desta agressividade estaria mais ligado ao custo de rolagem da dívida pública, do que ao nível de atividade econômica, uma vez que é até desejável um desaquecimento da economia neste momento.
Câmbio - México em 94, Tailândia, Coréia e Indonésia em 97 e Rússia em 98. Esses são exemplos de países que optaram por promover desvalorizações "controladas" ou ampliar a banda de flutuação de suas moedas. Contudo, nenhum deles conseguiu deter a continuidade das quedas: -54% no Peso mexicano, -31% no Baht Tailandês, -28% no Won coreano, -80% na Rúpia da Indonésia e -60% no Rublo Russo. O resultado foi um total descontrole econômico, com forte recessão e recrudescimento da inflação. Isto já é suficiente para que acreditemos na manutenção da atual política cambial, de desvalorizações mensais em torno de 0,6% ao mês. Um possível alargamento na banda de flutuação do Real só poderá ser considerado após a redução do déficit público.
Ao fazer a escolha por não desvalorizar, o governo também estará optando por uma maior retração econômica. Isto porque, uma menor demanda interna diminui a procura por produtos importados, ao mesmo tempo em que aumenta o excedente de produção a ser exportado, melhorando o resultado da balança comercial e, consequentemente, do déficit em transações correntes, hoje na casa de 3,9% do PIB. A ação do governo pela melhora da balança comercial deverá ocorrer através de ações em duas frentes: uma com efeitos de médio/longo e outra com efeitos de curto prazo.
No médio/longo prazo, a melhora da balança ocorreria pelos seguintes motivos
1) A manutenção da política cambial trará ganhos de competitividade ao longo do tempo. Principalmente em relação às moedas de Argentina, EUA e Europa Ocidental (em função da implantação do Euro), para onde seguem 63% de nossas exportações.
1) O crescimento da produção interna de petróleo permitirá a redução do volume de importação deste produto, atualmente na casa de US$ 6 bilhões/ano.
2) Grandes investimentos feitos por empresas estrangeiras transformarão o Brasil em base de produção e posterior exportação. O melhor exemplo é o da indústria automobilística.
3) Também a médio prazo, a continuidade da adoção de medidas de estímulo às exportações deve surtir efeito.
No curto prazo, as possibilidades de atuação do governo para melhorar os resultados da balança comercial são claras: restrições e desincentivo às importações, principalmente com medidas de âmbito administrativo (não fere acordos internacionais), e uma razoável retração econômica.
Atividade Econômica - A redução da atividade econômica já está dada pelo novo choque monetário. Acreditamos que, mesmo com uma redução rápida das taxas, o efeito desaquecedor já está incorporado à economia, devendo perdurar pelo menos até o fim do 1o. semestre de 99, pelos seguintes fatores:
Se o custo da retração econômica for suficiente para que possamos estabelecer base mais sólidas para o crescimento, através da correção de nossos desequilíbrios, terá sido um esforço valido. Um necessário passo atrás, para que possamos voltar a avançar.
Negociando as novas Teles
Conforme comunicado da Telebrás do dia 14/09/98, no próximo dia 21 estarão sendo creditadas aos seus acionistas as ações de emissão das 12 novas companhias resultantes da cisão deliberada na Assembléia Geral Extraordinária realizada no dia 22/05/98. Tendo em vista a importância das modificações que serão introduzidas, a BOVESPA e a CBLC divulgam os procedimentos que deverão ser observados no processo.
1) Negociação
A BOVESPA dará início, a partir do dia 21 de setembro, à negociação individualizada das 12 companhias, e as ações de emissão da Telebrás passarão a ser negociadas ex-cisão.
Nessa data, serão iniciados os negócios com as ações ON e PN, no posto 5 do pregão Viva-Voz, cotadas por lote de mil e com lote-padrão de negociação de 100 mil ações conforme abaixo:
Empresa |
Nome de Pregão |
Código |
Embratel Participações S.A. |
EMBRATEL PAR |
EBTP |
Tele Celular Sul Participações S.A. |
TELE CL SUL |
TCSL |
Tele Centro Oeste Celular Participações S.A. |
TELE CTR OES |
TCOC |
Tele Centro Sul Participações S.A. |
TELE CTR SUL |
TCSP |
Tele Leste Celular Participações S.A. |
TELE LEST CL |
TLCP |
Tele Nordeste Celular Participações S.A. |
TELE NORD CL |
TNEP |
Tele Norte Celular Participações S.A. |
TELE NORT CL |
TNCP |
Tele Norte Leste Participações S.A. |
TELE NORT LE |
TNLP |
Tele Sudeste Celular Participações S.A. |
TELE SUDESTE |
TSEP |
Telemig Celular Participações S.A. |
TELEMIG PART |
TMCP |
Telesp Celular Participações S.A. |
TELESP CL PA |
TSPP |
Telesp Participações S.A. |
TELESP PART |
TLPP |
A partir do dia 21 de setembro também terá início a negociação do Recibo Representativo de Carteira de Telebrás, cujo nome de pregão será TELEBR RCTB (código de negociação RCTB 30 e 40), sendo cessadas as negociações com TELB 30 e 40. Os RCTBs serão negociados no posto 5 do pregão Viva Voz, cotados por lote de mil e lote-padrão de 100 mil.
Para efeito de oferta firme, os parâmetros para apregoação de RCTB serão os mesmos adotados para a Telebrás.
A partir do dia 21 de setembro, estará autorizada a negociação de opções e termo sobre RCTB e sobre as novas companhias.
2) Índice Bovespa e IBX
Lembramos que a partir de 21 de setembro e em caráter transitório, as ações TELB 3 e 4 serão substituídas por RCTB 30 e 40, respectivamente, tanto no IBOVESPA como no IBX. As normas referentes aos tratamentos a serem adotados nos índices já foram divulgados através do Ofício Circular 196/98-SG, de 30/06/98.
3) Mercado De Derivativos E Empréstimo De Ações
Todas as posições de opções de TELB 3 e 30 e de TELB 4 e 40 em aberto, após o pregão do dia 18 de setembro, serão automaticamente convertidas para, respectivamente, posições sobre RCTB 30 e 40. Portanto, no dia 21 de setembro as posições estarão convertidas antes da abertura do pregão.
Obs.: É importante observar que, a partir do dia 21 de setembro, o exercício das antigas séries de opções TELB 3 e 30 e TELB 4 e 40 deverá ser feito com RCTB 30 e 40 e liquidado da mesma forma.
Todas as posições a termo de TELB 3 e 30 e de TELB 4 e 40, após o pregão do dia 18 de setembro, serão automaticamente convertidas, respectivamente, em posições de RCTB 30 e 40. Portanto, no dia 21 de setembro, as posições estarão convertidas antes da abertura do pregão.
Obs.: A partir do 21 de setembro, as posições a termo que forem liquidadas antecipadamente ou por diferença deverão ocorrer com RCTB 30 e 40.
Todas as posições de empréstimo de ações de TELB 3 e 30 e de TELB 4 e 40, após o pregão do dia 18 de setembro, serão automaticamente convertidas em RCTB 30 e 40. Portanto, quando ocorrer o vencimento do contrato, deverão ser liquidadas em RCTBs.
4)Garantias
As ações TELB 3 e 4 e TELB 30 e 40 depositadas nas carteiras de cobertura (2701-4 de opções e 2601-8 de termo) e na carteira de garantia (2301-9), após o pregão do dia 18 de setembro, serão automaticamente convertidas em RCTB 30 e 40.
A partir do 21 de setembro o RCTB e as 12 novas empresas passam a integrar a relação de ativos aceitos como garantias.
5) Custódia
No processamento noturno do dia 22 para 23 de setembro, as ações TELB 3 e 4 depositadas na Custódia BOVESPA/CBLC serão convertidas automaticamente em 12 novas companhias mais a Telebrás ex-cisão. Além disso, as TELB 30 e 40 serão convertidas em RCTB 30 e 40.
Para facilitar a transição os investidores que quiserem continuar negociando em bloco as companhias resultantes da cisão deverão, até o dia 22 de setembro, converter, na custódia, as respectivas TELB 3 e 4 em TELB 30 e 40. Assim, os detentores de TELB 30 e 40 terão suas posições automaticamente convertidas para RCTB 30 e 40, respectivamente, no processamento noturno do dia 22 para 23 de setembro.
Do dia 23 de setembro em diante, os detentores de ações das empresas cindidas poderão constituir RCTBs a qualquer momento, por meio do Serviço de Custódia BOVESPA/CBLC (vide ofício 118/98 de 08/04/98).
Somente até o dia 24 de setembro poderão ser depositados os bloqueios (OT1 - Sistema Escritural Banco Real) efetuados até o dia 18 de setembro de ações TELB 3 e 4 com direito ao recebimento das ações das 12 novas companhias mais Telebrás ex-cisão.
6) Demonstrativos Financeiros
Encontram-se à disposição do mercado as Informações Trimestrais (ITR), Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFP) e Informações Anuais (IAN), que podem ser acessadas pelo sistema SAF/IAN ou pela Internet, na home page da CVM. (
http://www.cvm.gov.br)Recomendações
FIM.