No. 47 - 17/01/1999

Paulo Romero Zanconato Pinto

O mercado abre em baixa e parecia que tudo iria continuar na mesma. Provavelmente seria bem pior. O mercado de câmbio abre e não encontra resistências para subir, desafiando a banda recém definida, deixou para traz a marca de 1,32 em poucos minutos. Será que esqueceram do câmbio? Claro que não ! As explicações estavam nos pronunciamentos do governo norte-americano do dia anterior. Seria um desgaste inútil consumir nossas reservas cambiais para sustentar o insustentável.

A bolsa reverte rapidamente a baixa a entra num rápido processo de alta e como não havia circuit break para alta, a Bovespa e a BVRJ dispararam.

Mas, e a BM&F ? Com limites bem definidos de oscilações, (tanto para baixas quanto para altas) a BM&F simplesmente suspendeu os negócios com o Índice Bovespa Futuro quanto atingiu os 15% de alta. Com cerca de 20.840 contratos em aberto (no fechamento de 14/01/99) e tendo sido zerados apenas 1753 contratos nos poucos minutos de mercado aberto (15/01/99), o que passou pela cabeça dos (lançadores) vendidos ? Como compensar as perdas ?

Resposta imediata : Comprar ativos a vista e opções com grande liquidez !

A atuação também foi muito forte nas ADRs em NY.

Outros fatores que contribuíram para a fantástica alta de 33,4%:

• A própria desvalorização câmbial que exigia um equalização dos preços em US$.
• Correção parcial das fortes baixas ocorridas nos pregões anteriores.
• O reequilibro das forças de mercado a tanto tempo ancoradas.
• Votações fluindo bem e privatizações das espelhos da telefonia mantidas.

Na verdade, descontando a correção cambial a alta não foi tão fantástica. O importante é que sejam descontados todos os efeitos externos para a perfeita avaliação do movimento dos preços das ações.

A BM&F já anunciou que para segunda-feira os limites do circuit-break serão alargados visando evitar um novo corner para os vendidos ou comprados em índice futuro. É óbvio que não é possível manter regras diferentes nos critérios das bolsas para estabelecer seus mecanismos de proteção. É claro que devem existir regras que protejam tantos os lançadores quanto so titulares de títulos. O natural seria que a Bovespa utilizasse o mesmo critério de breaks da baixas para as altas. Caso contrário acabaremos por demolir os já combalido mercado acionário brasileiro.

 O Brasil já pode ser considerado como bola na caçapa ? Foi uma pergunta chave para deste final de semana. Depois de uma sexta-feira como a última (15/01/99), que deixou o mercado mundial perplexo com os movimentos dos preços no Brasil, não é de se esperar uma rápida recuperação da credibilidade dos investidores. Tanto as fortes quedas quanto as fortes altas assustam os investidores.

Se já somos bola morta, será que já é hora fazermos as apostas para o próximo jogo ?

Claramente não ! Somos apenas a bola 5 deste jogo de sinuca globalizado. Se já estamos na caçapa, resta esperar que as bolas de maior pontuação caiam, antes de pensarmos no próximo jogo.

No mínimo o Brasil parece já ter recebido uma tacada certeira na direção da caçapa. Resta ao investidor apostar se a bola vai cair ou não.

Sobre as expectativas para segunda-feira (18/01/99)

Vejamos os números de fechamento de 15/01/99:

Ajuste do IBVSP Futuro = 6015

Fechamento do IBVSP a vista = 6746

Defasagem nominal = 12%

Defasagem corrigida = 18%

Cenários para segunda-feira: 18/01/99

1. Futuro abrindo com GAP de alta, recuperando a defasagem e correndo o risco de nova suspensão do negócios.
2. Mercado a vista abre com GAP de baixa e futuro se ajusta com o mercado iniciando um processo de realizações e acumulações para definição de sua tendência.
3. O mercado não abre até conhecer as novas regras para o câmbio.

Sobre as alternativas de investimentos:

Notar que, em função dos motivos que detonaram o processo de alta do dia 15/01/99 os papéis que sofreram maiores valorizações foram os de primeira linha de alta liquidez ou papéis de segunda linha que podem se beneficiar diretamente das desvalorizações cambiais.

Consideramos que as melhores alternativas de investimentos são os papéis de segunda linha de empresas exportadoras, não fortemente endividadas em US$.

No Fórum do Mercado Financeiro podem ser encontradas várias análises e sugestões de compra interessantes que devem ser avaliadas pelos investidores dispostos a grandes emoções e variações patrimoniais.

Não perca também a oportunidade de pedir gratuitamente último exemplar da Revista TIMING ( de 17/01/98) onde poderá encontrar análises técnicas valiosas para este momento de indefinição dos mercados.